O Romance Gótico (Virginia Woolf)

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Centrando-se no trabalho de Edith Birkhead, pioneira na arte do romance gótico, Virginia Woolf, no seu modo acutilante que já não nos estranha, mostra alguns dos seus  pontos de vista sobre as particularidades do género literário em questão.
 
A autora promove uma reflexão sobre o romance gótico e, sobretudo, o ponto alto que lhe permite ser apreciado. Na opinião de Virginia, nada há de novo ou interessante desde os seus primórdios, em 1764 com a conhecida obra «Castle of Ortranto» de Horace Walpole, considerado o primeiro romance gótico alguma vez escrito.
 
De forma sucinta, para Virginia Woolf, descrever um cadáver, uma assombração talvez, o vampiro ou outros, não escapa a uma espécie de neblina forçada, de quem sabe e não quer ver ou de quem quer ver, mesmo sabendo. Há uma ideia generalizada, neste ensaio, de uma presunção à partida, bem como a dificuldade e mestria necessárias, na escrita de um romance gótico. Quase morto às nascença.
 
Produzir o efeito de terror no leitor parece-lhe quase infundado, baseando-se numa crença que lhe justifica o que diz:
 
"São os nossos fantasmas interiores que nos fazem estremecer, e não os cadáveres de barões em decomposição ou as actividades subterrâneas de vampiros."
 
Serão os nossos fantasmas interiores os responsáveis pela tendência de procurar emoções fortes sem o perigo iminente, num pressuposto cobarde de não conseguirmos olhar para dentro?
 
Um ensaio de uma mulher que, como sempre, nos transcende, nos obriga a refletir para lá do óbvio, do aparentemente normal. Como só Virginia nos faz crer, na vida há sempre essa ponta solta a relembrar os fantasmas que nos assistem, e que nos ultrapassam, face às tentativas diárias de lhes escapar.
 
 
Um livro essencial.
Boas leituras,

1 comentário:

Beatriz disse...

Olá, Denise!

Comprei-o recentemente.
Beijinho

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