Bons

quinta-feira, 26 de julho de 2018

 
As coisas mais importantes são ditas em poucas palavras.
Feliz dia dos Avós.
 
 
Seja feliz,


Victoria (Knut Hamsun)

quarta-feira, 25 de julho de 2018


 
Knut Hamsun nasceu em 1859 em Gudbrandsdalen (Noruega) e foi vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 1920. Sempre isolado, com parcas relações com outras crianças, Hamsun viu nos livros o seu refúgio, lendo muito e desde cedo.
 
O livro «Victoria», cujo nome remete para a sua primeira filha, fruto do seu casamento com Bergljot Gopfertin, conta-nos a história de um amor impossível e todas as amarguras que essa mesma impossibilidade impõe a Johannes e a Victoria.
 
Johannes é filho de um moleiro. É reservado, muito tímido, virado para si mesmo e para os seus poemas. Victoria é a menina rica, contudo, a família vive momentos de grave fragilidade económica. Na sequência da pobreza iminente, a jovem terá de casar com Otto.

O início desta história, aquando a infância de ambos, é um levantar de cortina de uma realidade que se manterá bem acesa, já eles adultos:  enquanto Johannes conduz a jovem Victoria e os outros rapazes num passeio, incluindo Otto, sentimos desde logo a diferença de tratamento entre os rapazes. Otto deseja-o afastado. Victoria, desde logo, deseja-o perto.
 
É um amor que nasce e cresce na medida dos anos, intensificando-se. Um amor que se instalou, sem pedir, numa época em que a inocência o torna mais destemido para, mais tarde, com o peso da idade, se sentir a vergonha, o embaraço e a constatação de que exige ser escondido.
 
São as circunstâncias familiares e sociais que lhes dão essa certeza penosa. O avançar dos anos transforma Johannes num conceituado escritor e Victoria vive a sua vida entregue às vontades de um pai orgulhoso. Otto é visto por aquele como a solução dos problemas da família, traduzindo-se no casamento que a jovem teme, mas aceita.
 
Já se disse que as melhores histórias de amor são aquelas que nunca chegam a acontecer ou, ainda, que as melhores histórias de amor são aquelas que têm um fim. Depois de conhecer este casal, o leitor certamente refletirá sobre isso mesmo, essa impossibilidade de amar, os sentimentos bipolares que emergem em cada um, ora um entusiasmo febril, ora um abatimento descarado.
 
A narrativa surpreende pelos rasgos criativos do próprio Johannes. São muitas as vezes em que o leitor para e pensa no que está ali. Será a realidade plasmada ou uma das suas histórias criadas? Esse aspeto abre portas escancaradas ao leitor, que imagina, que supõe e que também ele deseja que alguma daquelas histórias possa ser feliz, possa ir finalmente de encontro a um casal que rebenta de amores.

Não será assim. O final de «Victoria» é trágico, deixando o leitor à deriva entre aquilo que poderia ter sido, aquilo que não foi, e o que ficará para sempre. Independentemente de nunca ter visto a luz do dia, o amor a Johannes ficará para sempre, assim como aquela carta que lhe perpetuará uma certeza dolorosa, de quem nada pode fazer para alterar um destino de saudade e resignação.



 
 
Nesta estreia com o autor, fica a vontade e a certeza de ler e conhecer mais.
Sem sombra de dúvida.
 
 
Seja feliz,

Só para mulheres

segunda-feira, 23 de julho de 2018

 Aqueles enigmas que só as mulheres entendem. E se compadecem.
 
 
Boa semana,

A invenção do amor (José Ovejero)

domingo, 22 de julho de 2018


O que levará uma pessoa a optar, deliberadamente, por viver a vida de uma outra pessoa? O que fará com que decida viver uma vida que não a sua?
 
Após a leitura de «A invenção do amor», do espanhol José Ovejero, vencedor do Prémio Alfaguara do ano de 2013, são essas as questões vivas, pulsantes, que me acompanham. O que levará, então, uma pessoa a esquecer-se de si mesma para, de um momento para o outro, assumir uma nova identidade?
 
Porque é disto que nos fala José Ovejero. «A invenção do amor» conta-nos a história de Samuel, homem que acaba de completar 40 anos, uma idade psicologicamente difícil de se integrar, seja pela vida construída até então, que não satisfaz, seja pelos sonhos tardios, fora da suposta validade.
É nesse mar de dúvidas, anseios, mas também de alguma resignação, que encontramos Samuel. Um homem que se apaixona na mesma medida em que respira. Mas amar, segundo diz, nunca amou.
 
Tudo começa com um estranho telefonema. Já a noite ia avançada quando uma pessoa, do outro lado da linha, lhe comunica que Clara morreu. Por muito que faça uso das suas reminiscências ao longo daqueles segundos, Samuel sabe que não conhece nenhuma Clara. E muito menos, namorara alguém com esse nome.
 
Há momentos na vida que não se explicam. São mais esses os momentos do que aqueles que se conseguem explicar com detalhe. Foi assim que, sem nada prever, Samuel assume-se como o ex-namorado de Clara, falecida após um acidente de aviação.
 
Aceita ser esse Samuel casado, amante de Clara. Após a decisão impensada, o leitor acompanha o resvalar de uma história, toda ela, baseada numa mentira. A aproximação de Carina, irmã de Clara, impulsiona-o a entrar numa mentira cada vez maior. A questão que impera é: porquê?
Será solidão? Medo? Resignação? Desistência? É o quê?

É sobre esse desejo de se reinventar que José Ovejero nos consegue prender até ao fim desta peculiar história. Sentimos que na incapacidade de amar reside, afinal, um desejo de reverter essa tendência. Sentimos que independentemente das resistências impostas a um coração desordeiro, no final, surge sempre a constatação de que o amor impera. Mais que não seja, inventado.
 
 
 Seja feliz,

Os Pobres (Raul Brandão)

terça-feira, 17 de julho de 2018


Leitura Kindle | Projeto Adamastor
 

Raul Germano Brandão nasceu no Porto em 1867. Foi militar (sem nunca ter gostado de o ser), jornalista e escritor. O autor é sobretudo conhecido pelo realismo que imprime nas suas descrições, uma linguagem direta e sem subterfúgios.
 
"Homens de gosto colecionam quadros ou estátuas. O meu amigo coleciona dor."

«Os Pobres», de Raul Brandão, é um daqueles livros equivalentes a um soco no estômago. Certeiro. Sem prever. Direto ao ponto.
Uma das obras mais relevantes deste escritor português, «Os Pobres», obriga-nos a entrar num mundo contornado pela miséria, pela falta, pela fome. Fala-nos da miséria na sua globalidade, material, física, psicológica e, sobretudo, espiritual.
 
É a história de Gebo, mas também de muitas outras pessoas espalhadas por ruas de verdadeira amargura. Gebo não tem trabalho. Tem mulher. Tem Sofia, a sua filha reservada, triste e calada.
A fome e a miséria abraçam-no diariamente, na expectativa de um dia diferente, de conseguir mendigar algum pão para as bocas cansadas que o esperam em casa.
 
Também Raul Brandão faz alusão à poesia, neste que é, sem margem de dúvidas, um hino cortante e profundo da pobreza. A poesia como uma janela, a permitir ver em profundida. Gabiru, o poeta, o filósofo, deambula também ele na procura de respostas à essência de ser homem, de ser gente, de se agarrar à dádiva da natureza, as árvores, o bom que Deus nos deu, e que prontamente renegamos.
 
Sobre esta personagem foi dito:
 
"O poeta dos Pobres não é um romancista. A alma do evocador fluidicamente se desagrega nas almas de sonho que ele evoca. Dir-se-iam espelhos, brancos, verdes ou azuis, planos, côncavos ou convexos, reflectindo todos eles um único semblante, que julgamos distinto, porque aparece deformado."

E numa frase, se descortina a centralidade de toda esta história:

"Viver é sofrer, e tudo vive, tudo sofre."

Raul Brandão, polémico, inquieto e insubmisso, o autor menos lembrado do que deveria, oferece-nos um panorama difícil, mas real, de um conjunto de gentes a representar tantos outros, por essa vida fora. A pobreza, seja ela de pão ou da alma, é narrada de um modo sublime, capaz de nos remexer as entranhas, obrigar-nos a repensar a vida que assumimos como garantida, um epicentro miserável em que todos nós podemos cair um dia. Seja essa fome do pão que falo, seja agora, e mais premente, as dores e pobrezas das almas desajustadas.

"O universo é o sonho dolorido de Deus."
 
Recomendo. Garantidamente.
 
Seja feliz,

A ler José Ovejero

segunda-feira, 16 de julho de 2018

"Nunca gostei de álbuns de fotografias: neles, as pessoas têm tendência a parecer mais felizes do que na realidade são, porque só fotografamos as festas, as celebrações, as ocasiões em que estamos com os amigos, as viagens, e até nos momentos em que não estamos de todo felizes, quando nos pomos diante de uma câmara, temos tendência a sorrir, a abraçar o corpo que temos a nosso lado com mais força ou emoção do que na verdade sentimos. Deviam tirar-se fotografias dos momentos tristes, dizer: «Espera, não te mexas» à mulher que chora por nossa culpa ou que nos insulta porque não lhe damos aquilo que acha que tem direito, auto-retratarmo-nos no momento em que estamos a mentir, ou a cerrar os maxilares para não dizermos o que pensamos, ou quando nos sai um gesto de desprezo no qual custaria imenso reconhecer-nos. Suponho que os álbuns ou as coleções de fotografias que guardamos no computador servem de compensação ao trabalho injusto da nossa memória, pois ela, pelo contrário, costuma guardar os momentos dolorosos, os traumas e as frustrações, aquilo em que falhámos, as situações em que não reagimos como era nosso desejo."

José Ovejero in "A Invenção do Amor"
 
 
 
Boa semana,

Ensaios de Amor (Alain de Botton)

sábado, 14 de julho de 2018

"Nada nas nossas vidas causa tanta ansiedade como ser feliz na vida amorosa."
 
Assim começa «Ensaios de Amor», de Alain de Botton: um livro que nos convida a conhecer toda a jornada de uma relação amorosa, desde o início ao (quase esperado) fim.  
O autor, de uma forma muito clara e convicta, reclama-nos uma reflexão cuidada sobre as particularidades das relações amorosas. Questões relacionadas com o merecimento de sermos amados, as dúvidas quanto ao facto de alguém ser capaz de tamanha proeza, o medo da rejeição, a tendência à acomodação, entre outros aspetos, todos eles, de uma enorme relevância.
 
Tudo começa numa viagem de avião, quando o nosso protagonista conhece Chloe. Imediatamente se sente invadido, impressionado pela sua beleza e postura. Irremediavelmente apaixonado.

"Apaixonamo-nos porque desejamos fugir de nós próprios com uma criatura tão ideal quanto somos corruptos."
Este homem começa a sentir, desde logo, o pavor da eventualidade de ser rejeitado. Porém, após uma simpática e cordial conversa, percebe que também Chloe lhe corresponde. Há a esperança de um afeto correspondido, que muita alegria lhe traz, porém, o tempo e a confirmação de um amor correspondido pode, igualmente, surtir um efeito de certo enfado:

"(...) [Montaigne] No amor não existe senão o desejo cego do que nos foge - ideia partilhada pela máxima de Anatole France: «Não é costume amar o que se tem.»
De um modo visivelmente irónico, Alain de Botton faz-nos sentir, sem dó nem piedade, ridículos nessa arte de amar. Ridículos por, aparentemente, desejarmos apenas o que não temos, renegar o que temos de bom porque, se é nosso, muito provavelmente não é bom o suficiente.
As inseguranças de amor, aqui tão bem retratadas, espelham a fragilidade a que muitos casais estão sujeitos, seja por medo, seja por receio, seja por falta de iniciativa. Há, no entanto, uma esperança sempre a pairar: o sentido de humor.

"(...) um ingrediente que (se existisse em abundância) provavelmente salvaria da intolerância tanto os Estados como os casais: o sentido de humor."
É através dos risos partilhados, das piadas privadas, dos comentários às particularidades mais infelizes dos amigos, a capacidade de rir perante os próprios defeitos, em confronto direto com a pessoa que nos aponta, que permite uma lufada de ar fresco entre ambos. Imagine uma espécie de sala de reuniões onde, através do rir de si mesmo, se chegam a decisões (quase) unanimes.

Eis o amor como uma procura constante de felicidade, de paz, de validação. É o perceber as coordenadas de um GPS pouco claro, apenas com a promessa de um destino derradeiro, feliz. Mas será mesmo assim? É a que felicidade, tal como o autor refere, por ser rara, amedronta e paralisa:

"Um dos maiores inconvenientes do amor é que nos faz, pelo menos durante algum tempo, correr o risco de sermos realmente felizes."
É um risco muito elevado, esse, de sermos felizes. Imagine, ser feliz, e depois? E se a felicidade acaba de um dia para o outro? Como sobreviver a essa possibilidade?
Vive-se, pois então, um amor repleto de ansiedade. Uma curva de Gauss que não para de oscilar entre a confirmação de um afeto partilhado, o enfado dessa mesma confirmação para, mais tarde, surgir o pânico de já não sermos apreciados aos olhos do outro.
 
"Alguma vez se pode aplicar a linguagem dos direitos ao amor, obrigar uma pessoa a amar por dever?" 
Eis a questão que mortifica. O outro, um dia, sem sabermos porquê, deixa de ver o que inicialmente o prendeu a nós. Há todo um luto urgente, uma série de acrobacias emocionais, a fatalidade do fim, a vida como nunca mais será.
Resta-nos a questão de como poderemos, então, sobreviver ao amor? O autor arrasta a cortina, subtilmente, para nos fazer crer que a solução reside num novo amor. Simples assim, aparentemente.

Alain de Botton, em «Ensaios de Amor», é sublime na forma como nos vende o nascimento e morte de uma relação amorosa. Imprime-nos a ilusão, a expectativa, a alegria, o encantamento, a desilusão e o derradeiro confronto de duas pessoas que se amaram mas que, fruto de um conjunto de inibições pessoais e sociais, não souberam dar-lhe a continuidade dos dias. São coisas.
 
 
Um livro que promete fazê-lo refletir na globalidade das relações amorosas, as suas particularidades e dificuldades. Em traços gerais, uma reflexão sobre esse que é, indubitavelmente, o maior desejo de todos nós: sermos verdadeiramente, e incondicionalmente, amados.
 
 
Para ler. Para reler. Para pensar.
Recomendo sem reservas.
 


Seja feliz,

Recomendações de Verão V

sexta-feira, 13 de julho de 2018


Três recomendações da época vitoriana para corações amargurados pela nostalgia, pelo passado, pela vida em si mesma.
Assim nos despedimos de um conjunto de recomendações literárias, esperando que uma ou outra faça, para si, toda a diferença.

 Seja feliz!

Recomendações de Verão IV

quinta-feira, 12 de julho de 2018

 
Hoje pensamos nos corações quentes e assolapados. Seja verão ou inverno, viva sempre com muita paixão. E, já agora, sentido de humor.
Henry Miller garante-lhe umas boas gargalhadas, Anais Nin vai deixá-lo perplexo e curioso. A história de Fanny Hill, se ainda não conhece, aposto que jamais a esquecerá.
Amanhã há mais!
 
 
Seja feliz,

Recomendações de Verão III

quarta-feira, 11 de julho de 2018


Para corações leves. Para corações livres. Para amores de verão, cervejas e amendoins. Para apaixonados. Para fugitivos. Para os que vivem do pôr-do-sol. Para os eternos errantes, eis as minhas recomendações.
Amanhã há mais!

Recomendações de Verão II

terça-feira, 10 de julho de 2018

 
Há que pensar, também, nas pessoas que detestam o Verão.
Se é daquelas pessoas rezingonas com o calor a mais, é o ar que não se pode, é o suor que não acaba, tenha calma: também há livros para si.
Estes são alguns dos livros a garantir-lhe o mais tenebroso inverno. Falo-lhe de livros densos, pesados, que o farão rogar por mantas e cobertores, tal é o gelo de reflexões a que se verá submetido. Depois não diga que não avisei.
Amanhã há mais!
 

As três vidas (João Tordo)


Foi com «Três Vidas» que João Tordo venceu o Prémio Literário José Saramago, escrito em 2008.
Nesta história seremos conduzidos por um narrador participante, mas omisso, a quem nunca lhe conheceremos o nome.
Tudo começa quando, na sua família, a desgraça se abate. O seu pai morre, a mãe cada vez mais depressiva, a irmã adolescente ainda a estudar, levam-no à procura urgente de um emprego. Será, precisamente, nessa procura de emprego que conhecerá a personagem basilar de toda esta história: Milhouse Pascal. Quem é este homem? O que faz realmente? Caro leitor, nunca o saberemos na plenitude.
 
O jovem é rapidamente recrutado para um emprego simples, rotineiro, de organização de determinados ficheiros. São ficheiros repletos de segredos, de pessoas com elevado estatuto social, polémicas envolvidas e uma sombra silenciosa em torno de todos eles. Será essa sombra que induzirá no jovem a curiosidade, o desejo em saber mais, o desejo cada vez mais profundo de saber, realmente, quem é aquele homem já entrado na idade, no entanto, com vitalidade capaz de invejar os mais novos, brilho aceso no olhar, metódico e leitor voraz.
 
Será, também, a literatura, o primeiro fio a aproximar os dois homens. Através dos livros, Pascal anseia desenvolver no jovem rapaz, a vontade de se descobrir, a curiosidade saudável, o autoquestionamento necessário.
 
Se inicialmente os livros lhe causaram uma certa apreensão e resistência, com o passar do tempo, tornaram-se numa fiel companhia, de quem tem demónios por dissolver:
 
"Ainda hoje não sei o que penso da literatura, não tenho opinião formada (...). No meu caso, a literatura foi um bálsamo, um plano de fuga, presente nas alturas de maior necessidade."
Num dia como tantos outros, de trabalho metódico e cansativo, este jovem será confrontado com os três netos de Milhouse Pascal. A paixão por Camila nasce sem afrontas. Ela sonha ser funâmbula e, como nos sonhos, também ele se sente numa corda bamba quando os olhos se lhe encostam, quando o diálogo nasce, sedento de um pouco mais, todos os dias.

Será este o cenário criado para nos contar, da forma bonita e engenhosa a que João Tordo já nos habituou, a vida de um homem perdido em si mesmo e que, incapaz de olhar para dentro, vive as vidas de quem lhe surgiu inesperadamente. Serão os segredos dos outros, os sonhos dos outros, a vida dos outros, a contemplar-lhe um objetivo, ainda que nebuloso e estranho, uma espécie de caminho.
 
"Porque eu era, na verdade, o único que tinha ficado para trás; o único que, para escapar ao que o futuro guardava, me ausentava da vida."

Entre segredos, hipnoses e mortes sombrias, este rapaz vai apaixonar-se, vai abandonar a família em prol de uma realidade que desconhece, mas que tanto o seduz. É um virar de página de quem nunca gostara do que, até então, tinha escrito para si mesmo. Uma primeira, segunda, terceira vida:

"(...) não posso continuar a convencer-me de que esta é, exclusivamente, a história de Milhouse Pascal - é também a minha história, a de alguém que, do fundo do seu anonimato, deseja deixar um testemunho e uma expiação."

Num ritmo, por vezes, alucinante, o leitor caminhará com este homem nessa corda bamba: entre aventuras e desventuras, nascerá um homem, agora maduro, cujos segredos lhe imprimem a condição de uma vida amargurada, de quem não se resolve por muito que os dias avancem. Uma vida, entre tantas, a carecer do perdão necessário ao recomeço tão ansiado.

Pela originalidade, pela particularidade de todas as personagens, pela forma desesperada de quem tanto se procura para lá de si mesmo, «Três Vidas» é um livro exímio para aqueles que não arriscam, presos a tantas vidas, nenhuma a sua.  



Com o apoio,
 


Boas leituras,

Recomendações de Verão

segunda-feira, 9 de julho de 2018


Esta será uma semana de recomendações de leitura para o seu Verão.
John Updike figura como um dos meus autores de eleição: conheça o Coelho e as suas aventuras inesquecíveis nesta que é, para mim, uma das melhores tetralogias de sempre.
«Seda», de Alessandro Baricco, é um livro obrigatório para quem deseja ler o amor na primeira pessoa, não fosse o amor essa incógnita, que nos entra pelo coração adentro sem falsas modéstias.
Viaje até à Irlanda com William Trevor e conheça um bairro repleto de olhos vivos e seguidores de um peculiar amor de verão.
Amanhã há mais!

A ler Alain de Button

terça-feira, 3 de julho de 2018

"De uma maneira geral, há um momento marxista na maioria das relações, aquele em que a reciprocidade do amor se torna óbvia. A forma como ele é resolvido depende do equilíbrio entre amor-próprio e ódio-próprio. Se o ódio-próprio ganha a primeira mão, aquele que recebeu o amor declara (dando uma desculpa qualquer) que o ser amado não é suficientemente bom (o que significa que é imprestável). Mas se o amor-próprio for o vencedor, os dois parceiros podem considerar que o facto de o amor ser correspondido significa não a inferioridade do ser amado, mas que ambos se tornaram dignos de ser amados."

Alain de Button in «Ensaios de Amor» | p.56
 A gostar muito desta leitura.
 
 
Seja feliz,

Exmo. Senhor Verão

segunda-feira, 2 de julho de 2018


Compareça nos próximos tempos e deixe-se ficar.
Obrigada.


CopyRight © | Theme Designed By Hello Manhattan