Citação

terça-feira, 25 de dezembro de 2012









"Eu caminho vivo no meu sonho estrelado."
 
Victor Hugo
 
 
 
Ao som de: "Paradise" (Coldplay)

Viagens no Scriptorium (Paul Auster)

domingo, 16 de dezembro de 2012

Se pudesse escolher, muito provavelmente cederia. Cederia por ti. Cederia em me tornar nessa boneca fabricada numa loja onde explodem tantas quanto eu e, nas tuas mãos, sou a história feita por ti. Sim, se pudesse escolher, seria esse ser sem alma. Sim, seria. Pois não daria qualquer trabalho, não exigiria nada que não fosse receber esse teu amor ganancioso, levado pela raiva que um dia plantei na tua, outrora, alma genuína.
Tudo isto não passa de um jogo de trocas. De um "toma lá, dá cá". De uma série de perguntas e respostas, de caminhos, de partidas e chegadas a quem dá e a quem não dá. E a resposta, severa, sobretudo, a quem não deu e por isso, cedeu a perder a alma para sempre.
Aqui neste quarto, não sou mais do que a obra por ti criada, na consequência daquilo em que te tornei.
E neste jogo, nesta crueldade de dados, por muito alto que se atirem, ninguém sai vencedor.
 
 
Ao som de: ... um magnífico silêncio.

Chama Devoradora (John Steinbeck)

domingo, 2 de dezembro de 2012

Até onde poderá ir a aceitação de uma mentira?
Poderemos nós aceitar uma mentira por livre vontade? Por vontade do coração? Sim? Pelo coração? Por esse aí que dizem ser o sentimento mais corajoso, o amor, que leva e traz tempestades, que aterroriza, que suaviza, que amendronta, mas protege. Sabe-se lá que mais! Mas que tudo faz... por algo. Sim?
Que tudo faz.
A aceitação de uma mentira, cortante, dilacerante, mas tudo faz. Essa chama devoradora tudo faz e tudo transforma.
Perspectivas. Meras perspectivas. Porque tudo faz. Sim?
Até onde poderá ir a aceitação de uma mentira?
Até onde ele quiser. Até onde ele suportar.
 
 
 
 
 
Voltei ao meu amor literário. Ao meu autor de eleição e, sem surpresa, recomendo com ambas as mãos. Um livro pequeno, capaz de semear as mais profundas dúvidas no espírito.
Quem nunca leu Steinbeck, não pode dormir sossegado.
 
Ao som de: Michael Nyman


O Fruto Proibido (Rita Mae Brown)

sábado, 1 de dezembro de 2012

 

A essência que se pode retirar deste livro resume-se a uma das palavras que mais estimo: liberdade. Uma palavra que soa a notas de piano. Ora suaves. Ora fortes. Ora tranquilas. Ao sabor de quem as move na ponta dos dedos.
Há em Molly um desespero em tornar a vida mais aberta, menos egoísta e mesquinha. E há quem diga, ou diria, que Molly não passará de uma infeliz adolescente sonhadora.
Mas ela continou por essa estrada fora, convicta das suas escolhas, das suas orientações, sejam elas sexuais, sejam elas formadas meramente por um coração tenro... de quem se apaixonou pela vida na sua forma mais bela: sem preconceitos e sem medos.
 
Um livro que retrata fundamentalmente o preconceito relacionado com a orientação sexual. Na minha opinião, a personagem de Molly encerra em si temas ainda mais profundos. Uma busca em torno de si mesma. Sem medo das portas vizinhas.
 
Um livro lido num acaso. Um livro que agora recomendo.
 
 
Ao som de: We All Complete (Rachel Portman)
 

O Ar Que Tu Respiras (Melissa P.)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Há muito ar lá fora. E aqui dentro, também. Mas nesse ar, não te encontro. Procuro, respiro. Uma tentativa rídicula, obscura de te respirar, de me entranhar nesse oxigénio já lançado ao ar, mas que entrou em ti, percorreu cada pensamento, conheceu um canto qualquer dessa alma estranha, que eu tanto desconheço, e na mesma medida, anseio perdidamente.
Nessa loucura, vou-me perdendo. Vou enlouquencendo numa fuga com cheiro de algodão doce, e promessas de quem apenas as faz nas encruzilhadas com cheiro a Diabo.
Adormeço num comboio iludido dos meus desejos, dos meus sonhos do teu ar. Sonhos de ar.
Sim, sonhos de ar. Onde tu estás, em cada parte. E onde cada parte é ausente.
O comboio parte comigo, nessa tentativa de uma fuga tão esperada, que deixa, deixa, deixa para trás um ar tóxico demais.
Adorava dizer-te o que fazeres com esse ar tão mágico, que respiras.
 
Ao som de: Somebody That I Used to Know (Gotye)
 
 
www.wook.pt: "Um bilhete só de ida", pede ela ao empregado da agência de viagens. Melissa é uma jovem em fuga. Da terra que lhe deu a vida e que agora lha quer roubar. De uma família terna e desumana. De um homem que deixou cair a máscara. De um jogo que lhe era impossível vencer. Para um futuro que promete acolhê-la sem fazer demasiadas perguntas, chamá-la pelo seu nome. Nos primeiros tempos Melissa parece ter conseguido fechar a sete chaves o demónio que havia dentro de si e que dominava as suas palavras, os seus gestos, os seus pensamentos, desde menina. Mas rapidamente se dá conta de ter vencido apenas uma de muitas batalhas contra a sua metade obscura. A guerra será longa. Em pouco tempo, uma simples suspeita transforma-se numa obsessão de ciúme auto-destruidor que corre o risco de destruir tudo aquilo por que combateu tão duramente.
Este é um romance visceral e romântico, onírico e sensual, impiedoso e tocante, em que fronteira entre a realidade e a fantasia se alarga, página após página.



"Não te mexas" (Margaret Mazzantini)

domingo, 11 de novembro de 2012



Este livro, apesar do sublinhado de "bestseller" (para mim, infeliz) não deixou de me impressionar muito. E bem. A escrita, apesar de simples, contém metáforas muito lindas, que encantam de vez enquando.
A história, essa, começa por um horror estranho e acaba numa ternura igualmente estranha. Possível? Quando se fala em amor, penso que nunca imaginamos uma história iniciar com uma violação. Mas é assim que acontece na história de Margaret Mazzantini.
O que me deixa a pensar mais sobre as várias questões de emoções, amores e desamores é o seguinte: sonhamos com a perfeição, com o amor encantado, onde nele tudo respira uma limpeza feita de sonho e quando se alcança, entramos num elevador sempre, sempre a subir.
Esqueçam lá isso.
O amor é um tudo inesperado. E por vezes, é exactamente o haver muitas gavetas arrumadas, essa limpeza feita de sonho, que nos empurra numa procura de lugares mais incapazes: e afinal, um lugar mais forte, o único e esquecido lugar capaz de nos fazer feliz.
Com todas as consequências que daí advêm.

Gostei. Recomendo.
Para os mais preguiçosos, vejam o filme. No entanto, vi o trailer e em nada me prendeu como o livro.
 
Ao som de: K's Choice "Believe"
 
 
www.wook.pt:Escrito na primeira pessoa, Não te Mexas é um pungente monólogo de um homem, um cirurgião, falando com a sua filha de quinze anos. Depois de um acidente de mota, ela é levada para o mesmo hospital onde o pai trabalha. Agora, numa sala adjacente ao bloco operatório, ele espera enquanto um amigo a opera ao cérebro. Ela está gravemente ferida e pode morrer. Enquanto espera, petrificado pelo terror e pela dor, ele começa um diálogo interior com a filha, revelando o seu segredo mais íntimo. Subitamente, o respeitado profissional, o tépido marido de uma brilhante e lindíssima jornalista, o distraído pai de uma adolescente como tantas outras, é forçado a por a nu, perante a filha e ele próprio, uma verdade há muito omitida. Há muitos anos, o cirurgião violou uma mulher, uma imigrante miserável que vivia numa das zonas mais degradadas da cidade. A partir deste episódio, desenvolve-se a mais estranha das histórias de amor, porque ele apaixona-se perdidamente por esta mulher pobre, nada atraente, sem educação, e passa a viver a sua "vida verdadeira" com ela. Até que um trágico acontecimento vem mudar tudo.


Ornatos Violeta. O meu Adeus.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Não é um livro. Não tem folhas. Oh! Talvez tenha. É claro que tem, porque as letras das canções desta banda são, simplesmente, qualquer coisa.
Com base nessa magia que durante anos me acompanhou, estou aqui a idolatrar uma das bandas portuguesas que melhor habita os meus ouvidos. Com anos de melodias, repletos de histórias.
Foi tão bom para mim, como foi para ti?


Ao fim de uma banda. Fica o registo do meu lamento.

"Dá-me a tua mão e vamos ser alguém, a vida é feita para nós!"
 
Ao som de: Ornatos Violeta "O.M.E.M"

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quarta-feira, 10 de outubro de 2012











"O amor-próprio é um balão cheio de vento, do qual saem tempestades quando o picam."
(Voltaire)





 
Muitas. Muitas saudades deste meu canto.
:)

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sexta-feira, 5 de outubro de 2012










"A dúvida é o princípio da sabedoria."
Aristóteles
 
 
 
E tudo isto me transforma numa dúvida feliz.
 
Ao som de: Fun "Some Nights"
Música linda.

A Dádiva (Toni Morrison)

sábado, 29 de setembro de 2012

Por muito que pense na trajectória deste livro, a única coisa que me faz parar para pensar é, de facto, na tristeza e tormenta que reina em todas as personagens. Há um cinzento muito substancial em todas elas. É um cinzento, ao contrário do que se possa pensar, realmente poderoso.
Acredito que é o sofrimento a chave do poder, não a felicidade. A felicidade é fumo, faz esquecer as coisas mais importantes, torna tudo um pouco fugaz...
O sofrimento, esse, é pesado e permite ganhar a força da vontade. A vontade da liberdade, de nos libertarmos desse fardo, de voltarmos a ser leves, um dia. Quem sabe?
 
Apesar de, inicialmente, a leitura deste livro ser profundamente confusa, vale sem dúvida, continuar até à última página. Recomendo.
 
 
Sinopse em www.wook.pt: Da autoria da primeira mulher negra a ser distinguida com o Prémio Nobel da Literatura (1993), A Dádiva é um romance extraordinário que se passa na América do Norte de finais do século XVII. Profundas divisões sociais e religiosas, opressões e preconceitos exacerbados propiciam o cenário ideal para a implantação da escravatura e do ódio racial. Jacob Vaark é um comerciante anglo-holandês que apesar de se manter à parte do negócio dos escravos, que então dá os primeiros passos, acaba por aceitar uma menina negra, Florens, como pagamento de uma dívida de um fazendeiro de Maryland. Nesta parábola do nascimento traumático dos Estados Unidos, Morrison revela-nos o que se esconde sob a superfície de qualquer tipo de sujeição, incluindo a da paixão, e o quanto essa falta de liberdade é nociva para a alma.
 

Onze Minutos (Paulo Coelho)

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

 
 
Não aprecio o trabalho de Paulo Coelho. Já li vários dos seus livros para que possa dizer, abertamente, que não aprecio. No entanto, hoje há esta emergência em dissertar sobre as relações, afectos, seja lá o que isso for. Acerca disso, este livro contém algo de interessante, devo confessar. 
O grande propósito do mundo resume-se a onze minutos que a Maria não se importa de vender.
A questão aqui não são as prostitutas que, muito honestamente, respeito. Apenas prestam um serviço e recebem por ele. O que não respeito, ora desculpem lá, são as prostitutas de borla disfarçadas com grandes trajes, vocacionadas a estragar o que de bom há em quatro paredes.
Há valores perdidos em todos os lugares, em gavetas decoradas a pó, em armários forrados a segredos doentios. Uma miséria.
Todos querem ser felizes. Uma felicidade unilateral. Uma felicidade de onze minutos. Onde apenas um ganha, e muitos outros perdem.
Depois falam, também, em amor. Com a boca suja, ou com hálito de cebola...
Sem contexto. Sem lugar. Sem direito.
 
 
 
Já temos o comprimido azul.
Fabriquem um comprimido cor-de-rosa, que revitalize almas em extinção.
 
 
Porque também vivemos uma (triste) crise emocional.
 
 
Sinopse em www.wook.pt: "Era uma vez uma prostituta chamada Maria..."É assim como um conto de fadas para adultos, que começa este novo romance de Paulo Coelho.
É uma abordagem franca e uma profunda sensibilidade que o autor de O Alquimista conta esta história sobre os mistérios do amor e o poder da sexualidade.
Maria, uma mulher oriunda de uma pequena cidade do Brasil, descobre rapidamente o poder que a sua beleza exerce sobre os homens. Desiludida com o amor romântico e desencantada com a paixão, é levada a trabalhar numa boîte na Suiça, onde aprende a viver do sexo e a utiliza-lo para satisfazer os outros. Mas à medida que se vai aperfeiçoando e criando o distanciamento necessário entre si e o seu corpo, sente cada vez mais que está a deixar morrer uma parte importante de si.
A história de Maria é a história de uma mulher que ousa transgredir e desafiar a estrutura de uma vida banal para descobrir o poder redentor da paixão. O erotismo e a sensibilidade de Onze Minutos constituem uma reflexão profunda sobre a história e a natureza da sexualidade e o papel que desempenha na busca do sagrado.


Pastagens do Céu (John Steinbeck)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

 
A única coisa que me apetece dizer neste momento é John Steinbeck é o meu escritor preferido. Ah pois. Eu consigo escolher.
John Steinbeck é o meu escritor preferido.
Quando disse a um Professor que queria ser escritor, este disse-lhe que o seria quando os porcos conseguissem voar. Ei-lo, para mim, o melhor dos melhores.
 
Não acreditem em tudo o que vos dizem.
 
 
 
O Outono chegou. A estação mais linda do ano chegou.
Com ela chegou o início da minha felicidade.
 
Como sempre, às pessoas com espírito.
Hoje estas palavras são inteiramente para ti.
Estejas onde estiveres, eu sei que estás a partilhar tudo comigo.
 
 
 
www.wook.pt: Ao longo de doze histórias interligadas, tendo por cenário um vale fértil da Califórnia, John Steinbeck retrata, de forma deslumbrante, os fracassos e as fragilidades, os sonhos e as ilusões, que por vezes destroem insidiosamente as promessas das «pastagens do céu». Através da descrição de acontecimentos aparentemente irrelevantes que tantas vezes transformam de forma decisiva as vidas das pessoas, Steinbeck lança muitos dos temas que virão a marcar as grandes obras da sua maturidade. Cada uma destas histórias está ligada às restantes pela presença, em todas elas, dos Munroe, uma família cujo comportamento disfuncional e cuja falta de sensibilidade provocam, não raras vez, desastres e até mesmo tragédias. Pastagens do Céu é a crónica dramática de uma decadência, na qual, por culpa de alguns, vão pouco a pouco perecendo a harmonia e as esperanças que durante muito tempo estruturaram a vida de toda uma comunidade.

 

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segunda-feira, 24 de setembro de 2012










"Pode-se ter saudades dos tempos bons mas não se deve fugir ao presente."
 
(Michel de Montaigne)
 
 
 
Com ou sem dúvida? Sem dúvida.
Com ou sem dor? Com dor.
Mas, absolutamente, sem dúvida.
 
 


Ziguezague (Matthew Klein)

domingo, 23 de setembro de 2012



Quando penso na possibilidade, de acordo com o trabalho do Dr. Ho, em fazerem-se cópias de segurança das nossas mentes, das nossas personalidades, pondero sobre a quem gostaria de deixar a minha.
E a resposta mais simples seria: "... penso que a ninguém."
Creio que passamos a vida a fazer figuras de palhaço, sem nada contra este último. Mas passamos, sem dúvida.
Há uma necessidade estranha de heroísmo. Necessidade de timbrar a nossa presença pelo mundo fora, pelo mundo das pessoas que, supostamente, amamos perdidamente.
Enfim. Dou comigo a rir perdidamente. Sem palhaços no armário, sem efeitos secundários. A rir genuinamente dessas desgraças, desses sonhos humanos, incompreensíveis da parte que me toca, e que jamais tocará.
De acordo com essa "troca por troca", eu não daria as minhas cópias de segurança a ninguém. Sendo a construção do amor uma rígida e repetida "troca por troca", que se lixe lá isso...!


Para os egoístas.
 


Um livro a reter. Mais que não seja pela nota de egoísmo estampada em cada página. Pela avareza, pela decepção e sobretudo, pela ... surpresa.
 

Sinopse em www.wook.pt: Timothy van Bender, formado em Yale e dono de uma empresa em Palo Alto, tem uma vida mágica: os negócios correm bem, a mulher, Katherine, é bela e encantadora, e a secretária, Tricia, cumprimenta-o todas as manhãs com um sorriso galanteador. Subitamente, tudo muda. Um dia Timothy acorda e descobre que perdeu vinte e quatro milhões de dólares numa má aposta na bolsa. À beira da bancarrota, recebe uma chamada da mulher, dizendo-lhe adeus, antes de se atirar de um precipício. Nem a polícia local nem Timothy conseguem acreditar o sucedido. Começam os problemas. Enquanto a polícia investiga o empresário, este tenta descobrir os segredos da sua falecida mulher. Porém, quando Tricia lhe bate à porta, afirmando ser a sua mulher, revelando segredos que só Katherine podia saber, Timothy perde-se num labirinto sem saber em quem ou no que acreditar. Terá ele outra oportunidade para ser feliz ou estará enredado numa teia que o levará à morte?


O Quinto Filho (Doris Lessing)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

As mulheres, depois de terem um filho, ganham uma mania estranha: a mania que cresceram. A mania que agora, agora sim, são verdadeiras mulheres. Melhores. Melhores mulheres. Há um certo instinto protector, há algo de estranhamente forte nelas, agora.
É verdade, os estudos também assim o dizem, inclusive, o próprio cérebro se reestrutura para que essa força protectora ganhe forma, das formas mais estranhas possíveis.
É, das formas mais estranhas possíveis. Porque... de facto, por vezes, é estranho a forma como uma mãe protege um filho. Este é mais um livro perturbador onde se sublinha essa protecção maternal, sem sombra de dúvida bela, mas paralelamente, assustadora. Levada a extremos?
Não sei, mas não deixa de ser arrepiante este quinto filho.
Mais arrepiante ainda, a protecção maternal.
E se, no entanto, parecia arrogante ao dizer que as mulheres ganham uma mania estranha ao serem mães, estava longe disso: é arrepiante no sentido em que nada importa, nada conta, nada faz sentido se a segurança de um filho, não mora em si mesma.
Custe o que custar. A quem custar.
 
Não diria que se trata de um livro macabro, mas quase. É perturbante.
 
 
www.wook.pt: Harriet e David Lovatt têm os mesmos anseios - fidelidade, amor, vida familiar e, acima de tudo, um lar. Teimosamente fora das modas dos anos 60, decidem casar e assentar as bases das suas vidas numa casa vitoriana. A princípio, parece o Paraíso. As crianças preenchem-lhes o quotidiano, e os familiares sentam-se à mesa da cozinha no Natal, desfrutando avidamente do calor humano da família Lovatt. Mas é com a quinta gravidez que as coisas começam a alterar-se. O bebé desenvolve-se dentro de Harriet demasiado cedo e com demasiada violência. Após um nascimento difícil, Ben revela-se uma criança estranha e cruel, cuja violência é instintivamente rejeitada pelos irmãos.
Inexoravelmente, a sua presença alienígena vai destruindo o sonho de uma família feliz.
 
 


A Condessa (Rebecca Johns)

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Baseado em factos verídicos, esta é a história da Condessa Húngara Erzsébet Bathóry, que após os horrendos, e macabros, assassinatos das suas criadas, ficou drasticamente conhecida como a "Condessa do Sangue".
Para quem desconhece, o início da leitura compra uma ansiedade ao leitor, que ainda guarda uma esperança sobre a condessa, tal é a certeza imaculada quanto à sua inocência, quanto à legitimidade dos seus actos. Actos baseados em (falta de) amor. Amor correspondido, mas não totalmente, não fielmente, não correctamente. Algo que uma condessa não poderá tolerar.
Este é um relato em que é possível sublinhar a necessidade de poder, a sua ostentação e, simultaneamente, a sua impotência. Tudo e nada ter. O poder da condessa, mesmo incontestável, esse tudo poder, não a resguardou daquilo que mais queria: um amor absoluto, dedicado: um amor belo.
Independemente do poder conquistado desde a infância, pelo esforço que só uma personalidade de ferro o alcança, o amor, esse, não dependia das pratas que brilhavam pela casa, nem tão pouco dos terrenos passados em seu nome. Não dependia de nada, de nada que estivesse ao seu alcance, nas suas mãos.
Mulher de poder, ao ver o seu amor diluir-se e transferir-se para o corpo das criadas, essas miseráveis prostitutas, gordas, de olhos baços ou pele gasta, permitiu-lhe ganhar novamente esse poder inflamado de quem não controla o que mais quer.
Agora, novamente com o poder nas mãos, literalmente nas mãos, ceifou as esperanças de ser amada, mas escreveu a sangue o poder de que sempre acreditou ser feita. Mesmo no final.
 
Uma mente construída de acordo com o seu próprio poder. Uma mente doente.
 
Sem sombra de qualquer dúvida, um livro macabro. Um livro perturbante, que retrata a vida daquela que consideram a primeira assassina em série da história. Recomendo.
 
 
www. wook. pt: A bela condessa Erzsébet Báthory nasceu num berço de ouro da aristocracia húngara. Nada faria prever que acabaria os seus dias encarcerada na torre do seu próprio castelo. O seu crime: os macabros assassínios de dezenas de criadas, na sua maioria jovens raparigas torturadas até à morte por desagradarem à sua impiedosa senhora.
Pouco antes de ser isolada para sempre, Erzsébet conta a apaixonante história da sua vida. Ela foi capaz dos mais cruéis actos de tortura mas também do mais apaixonado e intenso amor. Foi mãe, amante, companheira… uma mulher que teve o mundo a seus pés e se transformou num monstro.
Os seus opositores retrataram-na como uma bruxa sanguinária, um retrato que fez dela a mulher mais odiada da História. Erzsébet inspirou Drácula, inscreveu-se na literatura clássica e contemporânea, deu azo a filmes, séries de TV e até jogos de computador.
 


Gabriela, Cravo e Canela (Jorge Amado)

segunda-feira, 17 de setembro de 2012


É bom imaginar e perceber a magia que determinadas personagens podem semear na vida das pessoas e, sem dúvida, Gabriela, a mulher com cheiro de cravo e cor de canela, é uma dessas personagens intemporais de Jorge Amado.
Adaptada para telenovela, em 1977, gerou-se uma quase (nova) revolução em torno de Gabriela, mulher da natureza, mulher de todos e de ninguém, mulher livre, que gosta de deitar, porque sim, que gosta de homem, porque sim, mas amar... só seu Nacib. Homem bom, moço bonito.
Um espírito livre. Uma mulher por muitos difícil de entender, exactamente por isso, por ser de todos, e não ser de ninguém.
"Não é flor de jarro", dizia João Fulgêncio.
Gabriela é ... simplicidade. Nasceu assim, cresceu assim, e será... sempre assim.
 
É impossível não amar esta mulher!
 
 
Por muitas adaptações que façam, nada se compara à leitura deste livro que envolve, que abraça e que não permite esquecer.
 
 
Ao som de: Gal Costa "Modinha para Gabriela"
"Eu sou sempre igual, não desejo o mal, amo o natural, etc e tal" ;)
 

As Ondas (Virgínia Woolf)

domingo, 16 de setembro de 2012

Vozes. Seis vozes num diálogo interno, só para si. Numa onda perdida em si mesma. Imagens vagas.
Um desespero. Uma leitura desesperada. Difícil, cujas personagens se escondem em si, numa onda perdida e simultaneamente, na ânsia de encontrar algo capaz de  soltar a alma emaranhada. Emaranhada numa onda incapaz de acabar. Incapaz de retornar ao que foi. Ou retorna?
Ondas. Ondas. Ondas.
 
 
O livro considerado mais alternativo de Virgínia Woolf. Cada personagem tem mérito próprio, tem o seu próprio discurso, seguindo a sua própria onda, como deseja.
 
E como assim deveria ser, sempre. Na vida.
 
 
Lido, também, há uns bons anos.
Bem retido na alma, este livro eu recomendo com ambas as mãos.
 
Obrigada, Joana! ;)
 
Continuo a dedicar todas as minhas palavras às pessoas com espírito. 
 

 
Ao som de: Fun "Some Nights"


Antes de nos encontrarmos (Maggie O'Farrell)

sábado, 15 de setembro de 2012

Hoje sonhei com este livro. Há com cada coisa. Especificamente com este livro.
Já o li há uns anos, em 2009 talvez.
Ela. Uma necessidade urgente de fuga, não interessa para onde, mas essa urgência empurra. Empurra. Empurra.
Ela vai, e continua a fugir por uma estrada sem fim, apenas com a urgência nas pernas e o peso que só os segredos conseguem conceder.
Ele. Uma ansiedade no coração, amarras às quais jamais se quis comprometer.
Um caminho desconhecido. Um encontro. Uma mudança. O medo de tecer novos segredos. Depois se de encontrarem.
 
 
Ainda guardo as nítidas imagens deste livro. Como um filme a passar. Como as paisagens a passar enquanto andamos de carro. Há tonalidades cinzentas que guardo deste livro. Uma mensagem curiosa que ficou. Segredos que ficam, porque o são. Têm de ficar na alma. Ou com alguém, que (ainda) não se encontrou.
 
 
 
 
Ao som de: Hurts "Stay"
 
 
Sinopse www.wook.pt:  Stella e Jake estão separados por milhares de quilómetros; ela vive em Londres, e ele em Hong Kong. Nada sabem acerca da existência um do outro, mas, um dia, no mesmo instante, ambos vão viver experiências que os levarão a deixar tudo para trás e, sem o saberem, a encurtar a distância geográfica e emocional que os separa, ao encontro um do outro e de si mesmos. Começa assim uma narrativa em que, pouco a pouco, nos são desvendadas duas histórias, que percorrem várias gerações, sobre identidades desenraizadas, os laços que nos unem e o apelo inconsciente do passado e dos seus segredos.
 


Liberdade (Jonathan Franzen)

quinta-feira, 13 de setembro de 2012



No presente caso, vou deixar de lado as minhas conhecidas divagações aquando do livro fechado. Vou cingir-me às quase 700 páginas de Franzen. E daí, não. Não sei se sou capaz de tamanha provação! :)
Este é um livro envolto em muitas críticas, sobretudo, pela malograda frase "O Grande Romancista do Ano" (Time).
A verdade é que estamos perante um grande livro. As questões de catalogação quanto ao grande, médio ou pequeno romancista do ano, isso já não me cabe a mim referir. A questão verdadeiramente interessante para mim é, sem dúvida, o conteúdo das (quase) 700 páginas, essas sim, grandes e dotadas de conteúdo que ficam impregnadas na mente, e na alma, após o término da leitura. Depois de Ler(-te). O que para mim é o sinónimo dos grandes livros.
Somos uma cambada de tolos. É essa a ideia central com que fico ao acabar de Ler(-te).
Liberdade: Condição do ser que pode agir livremente, isto é, consoante as leis da natureza (queda livre), da sua fantasia, da sua vontade (decisão livre). (Dicionário da Língua Portuguesa).
Somos conduzidos por três personagens principais que são tudo menos aquilo que dizem ser, sob uma cortina política que o autor faz questão de sublinhar a carvão.
A ideia de todo este enrendo é que passamos a vida a procurar o caminho nos sapatos dos outros, a melhor paisagem é a da janela da casa vizinha, a suposta felicidade vive sempre ao lado. Procuramos essa tal liberdade fora da nossa casa, cada vez mais decadente à força dos dias, onde os ideais se dissipam cada vez mais, onde tudo se torna cada vez mais cinzento, e onde nada parece fazer sentido, a não ser para lá das portas dessa mesma casa, tão ideal aos olhos dos vizinhos. Ou suspeita. Boa demais.
Um dia, porém, a força dos ideais rebenta. As amarras da moralidade já não são assim tão fortes, e parte-se, com uma coragem baça, a caminho dessa cobiçada liberdade, cheia de promessas com regressões a tempos antigos, onde viviam os melhores momentos, as certezas de felicidades não agarradas.
Somos uma cambada de tolos. A experiência de regressar a esse sonho de liberdade, afinal, só lhes faz ter a certeza de que a felicidade, de que a sensação de plenitude já a conheciam antes. Que a sempre tiveram. Era preciso perder, para saborear, agora.
A questão, no entanto, é que após a perda, o regresso nunca jamais será o mesmo. Nem sentido da mesma forma. E a liberdade essa, bem, nunca será alcançada.
Eternamente almejada.
 
Jonathan Franzen, através das vidas cinzentas de Patty, Walter e Richard retrata não só a decadência familiar, mas também o cenário político dos Estados Unidos da América, cruzando de forma muito consistente os sentimentos, valores e ideais num enredo incapaz de largar.
 
Recomendo vivamente.
 
Ao som de: John Mayer "Shadow Days"
 
Sinopse de www.wook.pt. No seu primeiro romance depois de Correcções, Jonathan Franzen dá-nos um épico contemporâneo do amor e do casamento. Liberdade capta, cómica e tragicamente, as tentações e os fardos da liberdade: a excitação da luxúria adolescente, os compromissos abalados da meia-idade, as vagas da expansão suburbana, o enorme peso do império. Ao seguir os erros e alegrias dos personagens de Liberdade, enquanto lutam para aprender a viver num mundo cada vez mais confuso, Franzen produziu um retrato inesquecível e profundamente comovente dos nossos tempos. Patty e Walter Berglund foram sempre os precursores na velha St. Paul - os aburguesados, os pais interactivos, os avant-garde da geração de alimentos biológicos. Patty era o tipo ideal de vizinha, que nos podia dizer onde reciclar as pilhas e como conseguir que a polícia local fizesse mesmo o seu trabalho. Era uma mãe invejavelmente perfeita, e a mulher dos sonhos do seu marido Walter. Juntamente com ele - advogado ambientalista, ciclista e utilizador de transportes públicos, homem de família dedicado -, Patty estava a fazer a sua pequena parte para construir um mundo melhor.
 

Ethan Frome (Edith Wharton)

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

 

Dizem que as mulheres são dotadas de um sexto sentido capaz de derrubar paredes. Acredito que quando os assuntos do coração emergem, esse sexto sentido ganha mais cor, mais vivacidade, mais textura, mais garra. Salta do peito, transforma-se na sua força, sente-se nas mãos, queima no peito e salta para fora da razão, incapaz de ver e sentir qualquer moralidade. O certo passa a morar numa porta ao lado, uma porta muito distante.
Assim acontece em «Ethan Frome». Poder-se-ia dizer que a sensível e aparentemente indiferente mulher, não seria dotada desse enfeitiçado sexto sentido.
Um corpo feito de fraqueza, doença, fragilidade. No entanto, o amor tem uma componente de atenção ao detalhe do roubo, capaz de apagar qualquer sinal de inferioridade e acusar, assim, o que lhe é de direito.
Há uma perturbação permanente na leitura deste livro. O amor é aqui retratado como uma fatalidade do destino, como algo terrivelmente ameaçador, sob diversos ângulos: o desejo de se ser feliz é contornado pelas responsabilidades de uma vida que Ethan Frome nunca desejou, mas a que sempre se viu confrontado.
No único momento em que pretende largar-se das amarras de uma responsabilidade imposta, procurando pela primeira (e última) vez um trago de felicidade, um destino cruel assegura-lhe a estadia vitalícia daquele lugar gélido, não se devendo apenas à neve constante. Um lugar gélido das três almas que habitarão para sempre aquela casa.
E depois, bem, depois resta-nos pensar na Srª Frome e no seu sexto sentido apurado: também ela vítima do amor, aparentemente indiferente. Poderia ela imaginar que as suas intenções, esquecidas de moralidade, a prenderiam para sempre?

Recomendo.
 
Sinopse Publicações Europa-América: O cenário para esta história é a localidade de Starkfield, onde, malgrado o azul-fortíssimo dos céus, a desolação do frio e da neve parece instalar-se nos corações dos que aí habitam. Acorrentado à quinta onde vive, a princípio pelos pais, criaturas fracas e impotente, e depois por Zeena, a esposa, criatura rabugenta e hipocondríaca, Ethan Frome vai conseguindo o suficiente para sobreviver. É então que a prima de Zeena, a encantadora Mattie Silver, se lhes junta para trabalhar na quinta. O clima incrivelmente tenso em que os três mergulham arrasta consigo consequências devastadoras.


Amor e Amizade (Jane Austen)

domingo, 9 de setembro de 2012

Se dou comigo a questionar-me sobre as inúmeras grandezas do tempo, esqueço-me de mim, agora, e adormeço nos seus recantos mais confortáveis. Se essas suas capacidades são tão gigantescas, como em mim faço crer, então, é possível retroceder e encontrar outras pessoas, fragmentos de nós mesmos, e surpreender a triste alma - de uma surpresa tamanha - com quem fomos, e com quem somos, hoje.
 
Querida J.,
Como é possível amar tanto uma pessoa e essa mesma pessoa nem sequer pressentir a nossa presença, no seu mundo? Continuo crente de uma mudança nos afortunados olhos desse teu primo, quem sabe, um dia, e tudo poderá mudar nesta minha vida aflita, desde o dia em que, juntas, o pude ver pela primeira vez. Ainda te lembras desse dia, querida amiga? Já eu, nem me digno a colocar tal questão, pois todo o meu ser se alterou, e minha alma encolheu, desde esse dia!
Aguardo, com o desespero da saudade e da amizade que te tenho, as tuas novidades. O amor pelo M. cresce a cada dia, presumo?
Escreve-me!
 
Adieu,
D.C.
 
Outubro, 1999
 
 
 
A leitura deste primeiro livro da Jane Austen, escrito aos 15 anos,  repleto de amor e amizade sob forma de preciosas cartas, não me deixou alternativa a fazer-te uma enorme dedicatória.
 
Cartas: a melhor tradução para amor e amizade. Para todo o sempre.
 
 
 
A ti, Joana! :)
 
Ao som de: "Try, Try, Try" (The Smashing Pumpkins)
 
 
 
 
 
Sinopse www.wook.pt: O primeiro livro da célebre autora inglesa. Escrito quando Jane Austen tinha apenas 15 anos, Amor e Amizade é o retrato do universo que a rodeia, mais precisamente, da adolescência, dos amores e desamores.
Dividido em duas novelas epistolares e em cinco contos em forma de carta, um dos principais méritos desta obra é os paralelismos com a actualidade.
Jovens preocupadas exclusivamente com coisas de jovens (iguais às jovens de hoje), monstros de hipocrisia enquanto fazem de tudo para serem boas, amuam, acusam, perdoam, choram, escarnecem, desmaiam, gritam de prazer ou de ultraje, seduzem e rejeitam, são bondosas e cruéis, intuitivas e, contudo, obtusas.
Hoje em dia, usam os telemóveis para viverem a excitação do momento, há dois séculos escreviam cartas. Melhor do que ninguém, Jane Austen observou essa realidade e transformou-a no livro que marcou o início da sua carreia.

 
 

Madame Butterfly (John Luther Long)

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Um clássico da literatura, expandido para o teatro e criando, ainda, a intemporal ópera produzida por Giacomo Puccini, este é um livro a reter no coração. Cho Cho San entranha-se no coração, seja essa a nossa vontade, ou não.
Corpo e mente são mantidos a sonhos e ternura. Dimensões de sonhos, ternura e amor incapazes de definir, quantificar, imaginar. Tudo é tão possível nesse mundo de Madame Butterfly, as suas certezas são tão inabaláveis – como só o seu verdadeiro amor pode ser – que por momentos, a empatia pela sua ingenuidade ganha uma forma obrigatória. A dor iminente, de olhos contornados a dosagens menores de sonho, é incapaz de não querer abraçar, para sempre, esta Butterfly, esta Madame, cujos olhos são asas que voam para longe de qualquer cruel realidade.
Um dia, porém, esse mesmos olhos prudentes, a realidade pesada, obrigarão os sonhos de Madame Butterfly a voar no sentido contrário da sua felicidade e aí, a esperança traduzida no sorriso esmagador de um sonho há muito construído, jamais terá a mesma força. Ganha antes a força inversa, num cortante desfecho de quem julga saber amar na plenitude.
 
Um clássico tocante.
 
 
Sinopse www.wook.pt: Madame Butterfly é uma das mais trágicas e comoventes histórias de todos os tempos, um paradigma do amor à beira da loucura e da morte.
 


O Amor (Marguerite Duras)

quarta-feira, 5 de setembro de 2012


 
A leitura deste pequeno livro permite-nos chegar à velha certeza do amor: a sua incerteza. Complexo? Sim, duplamente complexo. Árduo, injusto, pesado… enfim, o que se poderá dizer do sentimento mais almejado e paralelamente mais malogrado?
É sem dúvida uma leitura sem chão, de sentimentos dispersos, mas não por isso mais leves. Eu diria, exactamente por isso, mais pesados… mais carregados de um medo impossível de definir. Medo de perda. Medo do finito. Medo de um relógio de pilhas no seu término.
Uma praia cuja água há muito não reflecte nada de novo…
 
 
Sinopse em www.wook.pt: Marguerite Duras é um dos mais significativos nomes da literatura francesa e tem colaborado estreitamente com o cinema. Títulos como «Hiroshima, Meu Amor», «Moderato Cantabile» ou «O Amante» são bem conhecidos do público português. «O Amor» é um dos textos mais enigmáticos e fascinantes das obras de Marguerite Duras.
 
 
 


O Menino que Sonhava Chegar à Lua (Sally Nicholls)

sábado, 18 de agosto de 2012



"O mais importante na vida é termos objectivos, temos de ter sempre algum objectivo para trabalharmos nele. Sempre!"

Esta citação não é deste livro. É tua.
Hoje, finalmente, consegui interiorizá-la em teu nome. Um nome cheio de vida, cheio de sonhos, e sem medos, mesmo no fim.


A uma saudade que só tu sabes criar. Amo-te, daqui até ao Céu, e à Lua :)
Ao som de: Coldplay "Paradise"


Sinopse www.wook.pt: Há histórias com um final triste que são encaradas de uma forma positiva. Tudo depende do ponto de vista. Esta é a mensagem central do livro de estreia de Sally Nicholls que venceu o prémio da Waterstones Children’s Book Award 2008, um galardão votado por livreiros de mais de 300 lojas no Reino Unido, Irlanda e Europa com o propósito de fazer "aparecer o talento escondido na literatura para crianças". E apesar deste livro ter sido categorizado como uma leitura juvenil, atravessa algumas faixas etarias dirigindo-se igualmente ao segmento adulto, à semelhança de outros livros como o Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry ou de O Estranho Caso do Cão Morto, de Mark Haddon. O Menino Que Sonhava Chegar à Lua conta a história de Sam, um rapaz de onze anos que está a morrer com leucemia, e que sabe que vai morrer e que morrer é um facto da vida. Sam adora coleccionar factos. Quer saber tudo sobre OVNIS e filmes de terror e naves espaciais e fantasmas e cientistas, e quer saber o que se sente quando se beija uma rapariga. E como tem leucemia quer saber tudo sobre a morte. Um relato apaixonante, sensível e profundo de um pequeno rapaz que procura respostas a perguntas que ninguém quer responder.


Catarina ou o Sabor da Maçã (António Alçada Baptista)

quinta-feira, 2 de agosto de 2012



Sempre foram os livros que me escolheram, e não o contrário.
Parece existir uma hora perfeita, um tempo exacto para a leitura coincidir com o estado da alma. Assim foi, também, agora, ao «Ler(-te)».
Poderia continuar  a estacionar o pensamento na razão de certas pessoas terem tanto na mente, e no coração, e mesmo assim não terem a capacidade de serem felizes. É que sempre que estaciono aí o meu cérebro, a vontade de rir adensa ... amplia por todo o corpo, agita cada partícula da alma e a resposta resume-se a um nada pequeno, a um abismo de proporções gritantes.
É que ... enfim.
... a razão é mesmo essa.
A felicidade está apenas ao alcance de quem não pensa.

Ao som de: Bon Iver "I Can't Make You Love Me"


Sinopse www.wook.pt: Nesta interessante análise dos comportamentos humanos que informa toda a trama novelesca, o narrador desdobra-se em observador, distanciando-se do vivido, e em participante, envolvendo-se, para melhor compreender. Assim nos dá a conhecer Catarina, doce e adorável mulher que no entanto abriga em si uma perigosa atracção pelo abismo. A leitura deste romance é sempre renovado pelo prazer de saborear a prosa de Alçada e, simultaneamente, experiência de inquietação, o que, de resto, caracteriza toda a obra do autor.
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Villette (Charlotte Brontë)

segunda-feira, 30 de julho de 2012



Mais um livro que me fascina. Sim, apesar de lido, continua a fascinar, e continuará. O meu coração é fresco, e não quente, mas porque continua a bater além das memórias antigas, bate e renasce nessa frescura de tudo viver, mais uma vez. Um novo conceito de quente? Porque não? Porque não aquilo que eu quiser? Tudo aquilo que eu quiser, hoje. Porque sim.
Este é um daqueles livros que sublinha a condição de mulher invísivel, que tenta ganhar cor para lá das paredes da submissão, sonhos contornados de emancipação.
Mulheres subjugadas por uma condição social. Uma mulher desenhada a traços cinzentos, assustada pelo cor-de-rosa de um vestido de gala. Uma mulher que tenta, ora olhar, ora desviar esse mesmo olhar. Um jogo de emoções contidas, orgulho puxado a ferros, amores contidos, também eles a ferros. Rasgam o peito! Dilaceram! Calam bocas com desejos de promessas ainda não conhecidas. Uma ambiguidade doce.
No meio de tudo isto, no meio de todo este romance, «Villette», destaca inúmeras emoções, mas de todas, a amizade que cimenta esse amor descoberto numa teia tão fina, intrigou-me. Uma intriga feliz. Haverá alicerce mais seguro para suportar lágrimas e sorrisos de um sentimento tão exigente na arte de manejar?
Questiono-me, porém, noutro aspecto. Amizade nua. Sim. Há tendência ao medo de amar. Na amizade, contudo, há tendência à nudez. A uma nudez de sentimento, a uma ilusão de protecção contra a luz que fere os olhos, contra aquilo que não queremos ver. A uma nudez de perigo. A uma nudez de alicerce.
Este é um romance que acaba em aberto. O leitor tem o poder de imaginar, tem sempre. Neste, porém, Charlotte faz questão de aludir à nossa imaginação. Sem conseguir explicar, talvez sim, talvez não, só consigo imaginar na nudez da amizade.
A nudez da amizade. A crença que depositamos em alguém. O poder que lhe atribuimos. O chão que nos tira e a queda. A derradeira queda que nos faz estalar o coração numa dor intensa. Sem palavras que a abracem.

Dias sem chão.
Dias feitos de escuridão. De surpresa. E ficas tu, solidão.
Amiga.


Ao som de: The Gift "Primavera"




A Cor Púrpura (Alice Walker)

sábado, 14 de julho de 2012

Eis um livro que marcou, que agita corações, e que assim continua, desde 1983. No ano passado agitou o meu, e ainda hoje recordo os inícios das cartas de Cellie com o seu dedicado "Querido Deus", e com as suas escassas palavras aprendidas. Entre mãos cheias de inocência perdida, sonhos desfeitos, ou nunca conhecidos, vamos conhecendo a história de uma mulher que não se conhece como tal. Antes como uma folha entregue ao sabor do vento, ao sabor das vontades de cada um, que vão colando no seu coração, as suas próprias emoções, todas elas feitas de uma violência com textura.
À medida da força dessas mesmas emoções, e da entrada de novas pessoas na vida de Cellie, também ela começa por conhecer e dar voz ao coração que a define. Emoções, desejos, sonhos começam a florescer nesse coração triste, mas tão vivo, capaz de transbordar.
Um livro soberbo. Soberbo.





A Idade da Inocência (Edith Wharton)

domingo, 8 de julho de 2012

Por muito que pense em arranjar palavras bonitas para descrever este livro, apenas consigo dizer, pensar ou senti-lo como a mais linda declaração de amor. Patético? Talvez. Verdade? Absolutamente.
Uma declaração de amor surda, apenas feita por olhares cheios. Um olhar resignado pela opressão social daquela época.
Mesmo assim..., poderá um amor ser mais verdadeiro, mais puro, e mais real, quando nada toca, quando nada pede, quando nada diz, e quando somente o olhar é livre de se poder expressar?
Dramático? Talvez. Sentido? Absolutamente.



Ao som de: Imogen Heap "Missing You"




Memórias de Papel (Maria Teresa Loureiro)

terça-feira, 3 de julho de 2012

Imagina o mundo sem palavras? Eu tento. E só consigo imaginá-lo assim, se estiveres nele, com a ausência do teu corpo a fazer desenhos nos lençois da cama, a marcar a tua presença silenciosa pela casa. Mas presente. Assim consigo. Um mutismo possível.
Voltaria atrás, arrumaria cada palavra num pequeno saco velho, e nunca, jamais teria cuspido palavras em ti, jamais, jamais!
Que ruína.
"A culpa disto é das palavras."
As palavras levaram o meu coração, quando decidiram sair de mim, e no mesmo momento, te levaram também.


Dá-me uma fatia do teu mutismo feliz. 


Sinopse www.wook.pt: Que fazer com as palavras que nos entristecem? Conseguiremos suprimi-las do nosso pensamento ou o melhor será deixá-las para trás, pelo simples acto de não as utilizarmos no nosso dia-a-dia? Helena começou a zangar-se com as palavras no dia em que fez cinco anos. A partir desse momento, as palavras foram ficando guardadas na sua memória e, como num jogo de sombras chinesas, trocaram-lhe as voltas até ao fim. 
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