Serpentina (Mário Zambujal)

domingo, 29 de novembro de 2015



Em fases menos abonadas de tempo, a frescura e o humor de Mário Zambujal são uma escolha imediata. Nunca desilude, e eu não me canso de o repetir.
Na procura da bela sem senão, esta é a história de Bruno Bracelim, homem pouco forte, muito dado a achaques, desde tenra idade. Mas independentemente disso, estamos perante homem vivaço, que gosta de boas histórias, pois delas vive, vivendo a igual surpresa de, num dia para o outro, se ver enredado dentro de uma, qual filme de aventura!
Entre mulheres sedutoras com pé pesado em estradas que se fazem velozes, sacos de dinheiro que se não deixam encontrar, pessoas que afinal de conhecidas nada tinham, pasme-se o leitor, o pobre do Bruno Bracelim verá a sua vida virada de um avesso difícil de engomar.
Mas a cobiça, essa, em homem que se diz tão direito, faz-se sentir nas horas melhores àqueles em que tal pensamento seria tão impróprio como campainha gritante em horas tardias.
Pois é. Bruno Bracelim também se entusiasma com supostas belas sem senão e o saco de dinheiro que ameaça a sua futilidade, aqui e ali. Volte a pasmar-se, caro leitor, pois a vida mostrar-lhe-á que nas buscas mais infundadas, se encontra tudo menos aquilo que se procura.
A tal beleza, estava ali, afinal. E, aqui entre nós, tudo indica que Bruno Bracelim nunca se vai cansar de para ela olhar. Já alguém assim, um dia, definiu essa tamanha, e tão simples, beleza.
 
Zambujal, fantástico como sempre.
Boas leituras!

O Tempo entre Costuras (Maria Dueñas)

quinta-feira, 26 de novembro de 2015



Esta é a história de Sira, uma modista que cai nas malhas de uma paixão assolapada e que, tal como qualquer outra, não olha a meios para esta não se lhe escapar. Cedo, porém, descobrirá os amargos de boca de quem ama fruto proibido, fugidio e azedo, que a abandona em terra desconhecida...

Estão assim criadas as condições para um romance cheio de emoção e muito glamour, sobre Sira Quiroga, que pensando ela ter a sua vida costurada à medida certa do esperado, vê tudo mudar quando se apaixona arrebatadoramente e larga tudo, até o mundo da costura, que sempre a definira.
«O Tempo entre Costuras» é um romance sobre a Espanha, a Guerra Civil e a II Guerra Mundial. E muito mais. Com este contexto histórico estamos, de facto, perante um livro rico nesse sentido e com pano para mangas no que a enredo diz respeito.
De uma página a outra, o leitor irá deparar-se com cenas de verdadeiro suspense, que o farão correr apressado na pressa de chegar ao fim dessa jornada atribulada de Sira. E esta não é mais que uma mulher perdida num país que não conhece, que lá se perde por um amor que não ficou, reerguendo-se depois de um sofrimento que considerou ser incapaz de superar.
Entre essas desventuras, muitas outras personagens cruzarão o seu caminho, entre linhas e costuras, que de calmo, pouco terá. Sira, no entanto, revelará uma força de caráter de quem sabe permanecer fiel a si mesma.
 
Confesso que este livro não me fascinou como julguei ser possível. Apesar de se tratar de uma história bonita, com uma escrita fluida, muito acessível, que se lê de uma assentada, ... não sei.
É uma história bonita sim, mas não sei...
Faltou qualquer coisa e eu não sei dizer o quê.
 
São coisas!
 
Boas leituras.

Adventure Of A Lifetime

quarta-feira, 25 de novembro de 2015


Now I feel my heart beating
I feel my heart underneath my skin
And I feel my heart beating
Oh you make me feel
Like I'm alive again
Alive again

Oh you make me feel
Like I'm alive again
 
 
Recomendações para um dia feliz: começar com a música certa!
Muitas leituras. E bons pensamentos.

Sejam rudes!

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Dean Winchester | Supernatural
 
"A dança é uma tentativa muito rude de penetrar no ritmo da vida."
(Bernard Shaw)
 
Boa semana! 

Os encontros d' agora

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

 
Acabou-se o mistério.
As coisas más da tecnologia. A rir-me insanamente!!!

TAG - Hábitos de Leitura

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Imagem retirada CORBIS

A convite da querida Kel, do blogue A Rapariga dos Livros, estou aqui para responder à Tag sobre «Hábitos de Leitura». Vamos lá então.
 
 
1 – Tens um lugar específico na casa para ler?
Não. Tenho vários cantos, desde o sofá, ao escritório ou perto da lareira, todos eles muito apetecíveis.



2 – Marcador ou Pedaço de Papel?
Marcadores, por norma. E todos maricas.



3 – Consegues parar simplesmente de ler ou tem de ser sempre no final de um capítulo ou a um certo número de páginas?
Gosto de parar em capítulos por uma questão de organização do pensamento e da história, mas se eventualmente estiver a sair de um autocarro, por exemplo, ou no fim da hora do almoço, o fim do capítulo tem de esperar.

 
4 – Comes ou bebes enquanto lês?
Muito raro. Um café...É que a imagem da chávena a estardalhar-se toda pelo livro, não me seduz. (Sou muito desastrada, deixo cair tudo o que me vem parar à mão... e o seguro morreu de velho).

 

5 – Música ou TV enquanto lês?
Nada disso. Silêncio. Sempre.

 

6 – Um livro de cada vez ou vários ao mesmo tempo?
Tenho tendência a ler um de cada vez, mas ultimamente tenho sempre um livro no quarto que leio antes de dormir. E Kel, adivinha qual é? O HARRY POTTER!

 

7 – Ler em casa ou em qualquer lugar?
Esta pergunta faz-se? Um leitor crónico que se preze lê até de cabeça para baixo e seja lá onde for!

 

8 – Ler em voz alta ou silenciosamente?
Silêncio.

 

9 – Lês para a frente e/ou pulas páginas?
Por acaso leio para a frente sim ... uma página de cada vez! (não resisti! risos)

 

10 – Quebrar a lombada ou mantê-la como nova?
Gosto de manter os livros em bom estado, no entanto, as marcas do tempo, bem como a prova de que foi lido também me são muito estimadas. Significa que houve e há vida por ali.

 

11 – Escreves ou fazes anotações nos livros?
Anotações diretas no livro não, mas tenho sempre um caderno ao lado para anotar reflexões que me parecem pertinentes ao entendimento da história.

 

12 – Quem tagueias?
Vou desafiar o Carlos Faria, do GEOCRUSOE, o VOYAGE da Su e a Gabi com o seu Dona-Redonda!
 
Boas leituras!
 

Pigtopia (Kitty Fitzgerald)

domingo, 8 de novembro de 2015


"A Mamã diz que o papá tinha corpo e alma de porco, que era um porco enorme e porcalhão que a emporcalhou à força, e que depois se afastou a trote pelos campos fora quando compreendeu o que se estava a tramar." (p.9)
 
Assim começa «Pigtopia» de Kitty Fitzgerald. Um livro sensível e peculiar, sobre a amizade improvável de um homem de 30 anos, com macrocefalia, e uma adolescente reservada.
Macrocefalia é o termo que carateriza a pessoa com uma cabeça anormalmente grande.
 
Jack Plum vive isolado do mundo, com uma mãe hostil e magoada pelas agruras de uma vida que não desejou e um marido que supostamente desapareceu.
Se para a mãe, esse homem é indigno e motivo de todos os seus males, tendo-lhe dado Jack como filho, feio e defeituoso, para aquele, o seu pai era a lufada de ar fresco e a única fonte de amor que tinha. Foi o pai que igualmente o ensinou a amar os porcos, a criá-los e a aprender os mistérios curiosos desses animais. Uma ligação eterna a um pai que desaparecera sem deixar rasto.
 
Holly Lock é a adolescente reservada. Não se vê refletida nos mesmos desejos das amigas, nem tão pouco nas medidas do corpo que teimam em não acompanhar ritmos previstos.
A Holly prefere a botânica, procurando flores e plantas nos bosques, às escondidas, aumentando esse amor com o poder que só os segredos dão.
 
Também num segredo, a vida de Jack centra-se no amor e criação dos porcos tentando, nesse hábito metódico e quase religioso, estreitar a ausência dos afetos que tanto estima. A ausência de um pai que sempre o amou. É com os porcos que recebe o que tanto precisa e desenvolve capacidades que ninguém acreditaria possíveis.
 
É com essa capacidade que o seu coração certeiro escolhe Holly para ser a sua amiga. Ele sabe que ela é diferente de todos os outros, entenderá e, mais do que isso, se encantará com o Palácio dos porcos. Nasce assim uma amizade memorável.
 
O livro de Kitty Fitzgerald foca de uma maneira muito especial o conceito de amizade entre uma pessoa com uma limitação física que, contudo, é detentora de uma inteligência emocional arrepiante, capaz de o orientar a si e aqueles que decidiu amar.
 
Não gostei do fim, confesso. No entanto, «Pigtomia» é um livro que se destaca precisamente pelo poder da amizade, pela sua capacidade transformadora e pelos sonhos que são partilhados, numa troca certa que permite saber, garantidamente, que nessa partilha, jamais morrerão.
 
Boas leituras.

O Exorcista (William Peter Blatty)

quarta-feira, 4 de novembro de 2015


Se eventualmente vos passar pela cabeça que este livro é previsível, pelo título, tirem desde já essa ideia da cabeça. Este livro é absolutamente qualquer coisa de genial pela forma como é narrado, pela onda de mistério e pela dúvida que se semeia atrás da orelha, de início ao fim.
 
"Que a Vossa poderosa mão expulse este demónio cruel de Regan Teresa MacNeil (...)"

Previsível poderia então parecer por se centrar, apenas e só, num exorcismo. Mas o autor quis ir mais além do que isto. E eis que foi e muito bem.
Tudo começa no seio de uma família destruturada. Uma mãe recentemente divorciada, atriz reconhecida e mãe da pequena Regan, que devido à sua vida atribulada não lhe dedica o tempo que desejaria.
De um momento para o outro, a casa começa a dar sinais de uma vida estranha e inesperada: há sons que não se entendem, móveis que aparentemente mudam de lugar autonomamente, bem como a cama de Regan que se agita antes da pequena adormecer, provocando-lhe um medo intenso que a atira para os braços da mãe todas as noites.
 
Se inicialmente todas as situações aparentemente anormais são vistas e vividas com ceticismo cauteloso, gradualmente, as perceções de todos os envolvidos naquela casa começam a aguçar-se, na mesma medida de um medo que cresce e de um respeito calado pelo oculto.
 
É que Regan já não é Regan. A doce e querida menina deixou a doçura na gaveta e é agora a revelação máxima de rebeldia que não se lhe conhecia. Sharon, a sua tutora, desconhece-lhe os hábitos, bem como os empregados da casa, Willie e Karl, que mudos, olham e não compreendem.
 
É numa das festas organizadas pela mãe que esta decide, quando Regan desce as escadas ofendendo, sem razão aparente, todos os convidados, que está na hora de fazer alguma coisa. É chegado o momento de uma procura desenfreada de médicos que têm, à força toda, de justificar comportamentos bizarros de uma criança de 12 anos, com a boca repleta de obscenidades e o corpo cheio de gestos de uma idade que não condiz...
 
Este livro de William Peter Blatty, escrito em 1971, é soberbo precisamente pelo modo como está narrado, sem cair no ridículo que se poderia esperar de um livro de horror. Vai aos mais pequenos pormenores, deixando o leitor convicto num momento de que a Regan é uma simples menina solitária que deseja chamar a atenção de uma mãe pouco presente para, logo de seguida, se condoer e se zangar com o desgraçado do demónio que a possui.
 
A busca desenfreada de médicos e as respostas sempre inconclusivas abrem assim caminho aos padres que, por sua vez, abririam também um outro caminho: o do esperado exorcismo.
 
É este o ponto central de todo o livro. O verdadeiro significado da possessão, do exorcismo e mais do que tudo isso, o poder da auto-sugestão, tantas vezes invocado pelo autor.
O demónio está mesmo lá?
O que aconteceu, realmente, ao Padre Merrin e ao Padre Karras?
 
Deixo-vos assim. No mar de incerteza que este livro provoca. Até ao fim não vão descobrir se realmente houve possessão ou não.
Haveria, realmente, um demónio que se apoderou do pequeno corpo de Regan?
 
Têm de ler.
Acreditem quando vos digo que a dúvida compensa cada página de um clássico memorável e, sem qualquer dúvida, muito mais assustador que a versão cinematográfica.
Boas leituras!

Tormenta (Julie Cross)

domingo, 1 de novembro de 2015


Se o desejo do leitor é entrar numa aventura sem limites onde passado, presente e futuro se cruzam sem limites concretos, com saltos no tempo, com a capacidade de ir e voltar, mudar perspetivas numa linha ténue do que se passou, e poderá vir a passar, este livro poderá ser uma escolha acertada.
Num ritmo acelerado, o leitor acompanhará a vida extenuante de Jackson, rapaz diferente de todos os outros pela sua capacidade anti natura que o permite saltar horas ou dias para lá do presente, vivendo verdadeiras aventuras. 
 
 
 
Se inicialmente esta capacidade apenas o inquietava, e simultaneamente, fascinava o jovem Jackson, com o passar do tempo, começa por ganhar a real noção da sua condição, bem como aos perigos a que pode estar sujeito.
Perder Holly é um desses perigos a que não quer sujeitar-se. Namorada perfeita, amor que vai crescendo na medida da sua própria idade, Jackson tem a certeza que encontrou a pessoa certa e que, acima de qualquer coisa, tem de a defender das adversidades que se escondem num passado e futuro possíveis de visitar e, sobretudo, revolver e mover peças.
Quando Holly é alvejada num mar de questões que nada respondem, é quando Jackson parte, sem qualquer receio, em busca de respostas numa tentativa cerrada de mover essas mesmas peças, saltando sem parar entre passado, presente e futuro. Mas ninguém disse que seria fácil...
 
Com uma escrita acessível, Julie Cross envolve o leitor e fá-lo saltar para a aventura de um jovem que terá de confrontar uma série de questões para, no fim, lidar com as consequências das suas próprias escolhas e, acima de tudo, saber lidar com elas.
No presente. E no futuro.
 
Um agradecimento especial à Quinta Essência pela oferta.
Boas leituras!

 
 
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