Miguel Esteves Cardoso disse...

quinta-feira, 29 de junho de 2017

 
Esta insegurança é irritante. Um homem pode ser amado por cem mulheres bonitas e no dia em que uma feia lhe vira a cara desaba-se-lhe a confiança. Acha que as outras cem é que estavam enganadas e que só esta percebeu finalmente que ele não prestava para absolutamente nada. A uma mulher, em contrapartida, basta ser amada uma única vez para achar que os cem homens que a rejeitam são simplesmente parvos que não sabem o que perdem.

Faz sentido.

 

Like air


Breathing dreams like air.
F. Scott Fitzgerald

Fonte: Pinterest


As Oito Montanhas (Paolo Cognetti)

quarta-feira, 28 de junho de 2017

A amizade mais bonita de todas é aquela que pouco ou nada pede. Que existe, assim, simplesmente. A história de Paolo Cognetti, mais do que amizade, fala-nos das fragilidades do ser humano nessa capacidade de amar, dar e ceder.
 
«As Oito Montanhas» retrata a história de amizade de Pietro, menino da cidade, e de Bruno, o menino que sempre viveu nas montanhas. A amizade entre os dois é concebida nas linhas frágeis da infância e que se adensará pelas linhas, agora do tempo, cada vez mais consistentes e seguras de si.
 
Nenhum deles poderia jurar a pés juntos que uma amizade delimitada pelo tempo, perpetuaria pela vida fora. E é aí que me forço a repetir o quanto as amizades mais bonitas são aquelas que pouco ou nada pedem. Estão lá, firmes como um guarda-chuva. Versátil em qualquer estação do ano.
 
Enquanto Pietro, desde jovem, viverá o peso de não ter partilhado o sonho do seu pai, escalando montanhas e amontando aventuras; Bruno viverá cercado dos medos da cidade, das pessoas com quem não lida mas, sobretudo, nesse anseio de quem só encontra paz na solidão de si mesmo.
 
Chegará o momento em que Pietro, fruto da discórdia latente com um pai que parece gravitar e condicionar a vida de uma família inteira, se afasta da montanha e de todas as memórias que aquela lhe ofereceu. Aprenderá, numa jornada solitária, o medo intrínseco de amar. Pietro será um eterno solitário, vagueando pela vida, procurando respostas, precisamente, no lado oposto das questões.
 
Será a morte do pai a trazê-lo de volta à montanha, à vida e a Bruno.
Numa simbiose perfeita que só o tempo sabe tecer, os dois rapazes continuarão, agora, a crescer na solidão da montanha, na construção de uma casa, como sonhou o seu pai, e na compreensão de um tempo que passou, mas (ainda) possível de resgatar.
 
O aclamado livro de Paolo Cognetti vem afirmar a necessidade de voltar aos lugares da infância que nos asseguram uma esperança incólume. Mais que não seja, pelas memórias antes construídas.
 
Um livro maravilhoso, narrado numa espécie de semi-obscuridade em que nem sempre é necessário explicar, tim tim por tim tim, as demandas de um coração desordeiro.

Rebeldia

segunda-feira, 26 de junho de 2017

 
Comece a semana com uma (boa) dose de rebeldia.
Quem diz rebeldia, diz Nutella.
 
 

Para os homens

quinta-feira, 22 de junho de 2017


 
Os homens que se emocionam com as paixões
são capazes de ter mais doçura na vida.
René Descartes
 
 
Simples assim.

Psicologia(s) #11

quarta-feira, 21 de junho de 2017

O meu nome era Eileen (Otessa Moshfegh)

segunda-feira, 19 de junho de 2017

São muitos os clássicos da literatura marcados pelas suas personagens. Muitas vezes, podemos pensar que são, precisamente, as particularidades da personagem que tornam um livro num clássico. Não tem de ser necessariamente assim, mas acredito que muito contribua para tal. Pensemos em  Jane Eyre, Hans Castorp ou em Vitangelo Moscarda para nos relembrarmos da força de uma personagem no curso da sua própria história.
 
Eileen Dunlop é uma dessas personagens inesquecíveis pela sua estranheza, particularidades que não lembram ao Diabo e, acima de qualquer coisa, pela sua atroz necessidade de ser amada, adorada e admirada. Deseja apenas um olhar mais atento sobre a sua pessoa sem, no entanto, enganar o leitor quanto às suas compulsões e manias. Quem ama, ama tudo.
 
Otessa Moshfegh conta-nos a história que precede o desaparecimento de Eileen Dunlop e a vida pautada por uma família ausente, um pai alcoólico (outrora polícia dedicado), uma irmã caprichosa e uma casa que se destrói na mesma medida da sua indiferença.
 
É com igual indiferença que encara o seu trabalho num centro de acolhimento de jovens sinalizados. Apaixona-se tal como respira, numa tendência obsessiva de quem procura algum alento no reflexo do outro. Randy, colega de trabalho, será essa grande paixão, até ao dia em que Rebecca, a psicóloga recentemente contratada, lhe mudará o curso de uma vida que já se adivinhava distorcida.
 
O encantamento em torno daquela mulher seria demarcado pelos seus próprios receios. Rebecca era tudo o que Eileen desejava para si mesma: era sensível, bonita, subtil e caprichosa.
Quando Rebecca lhe cede a atenção que sempre desejou de alguém, começa a percecionar a vida com mais alento, com uma quase felicidade nunca então conhecida.
 
É com base nessa amizade que a vida de Eileen conhecerá a viragem que, de certa forma, tanto esperou. As desilusões somam-se na vida de uma rapariga sombria, mas que nem assim, a faz desistir de sonhar por um amanhã diferente.

Ao leitor caberá a tarefa de compreender. Não se deixe convencer pelas manias de uma jovem receosa e insegura. Por mais descabidas que possam ser as atitudes de Eileen, no fundo, o apelo de quem reclama uma atenção nunca tida prevalece, culminando num desaparecimento esperado mas cujos contornos nem ela os poderia imaginar.

Conheça a história de Eileen. Mais do que uma jovem desamparada, o leitor perceberá o quanto o desejo de amor nos pode transformar, imprimindo a necessidade de nos reinventarmos em cenários que acabam, forçosamente, por nos transformar para sempre.


Com o apoio (bem haja!):

Os segredos que nunca nos contaram (Albert Espinosa)

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Hoje venho falar-vos de um livro diferente. Diferente na apresentação e, sobretudo, no seu propósito.
Albert Espinosa, além de um autor bestseller, é também ator, diretor, argumentista e engenheiro industrial. Em «Os Segredos que nunca nos contaram» vem partilhar com os leitores a sua experiência pessoal de superação, particularmente, após a morte do seu pai.
 
Mais do que um livro, o autor acredita que a leitura do mesmo será feita mediante a experiência pessoal de cada um. É, portanto, necessária a inspiração única do leitor para que, no fim, todas as mensagens e inspirações façam sentido e cheguem ao destino certo.
 
Dividido em três partes, seremos conduzidos a uma espécie de autoanálise (inspiradora) através de segredos contados e que nos prometem felicidade, além de (outros) importantes segredos para se viver neste mundo e, por último, poderá conhecer e descobrir o que é isso de «tesouras suaves».
 
O mais cético leitor estará, certamente, a torcer o nariz neste momento. Atrevo-me e vou dizer que, como tantos outros, não deixa de ser um atira-bolas. Não sabe o que isso é? Então leia e, mais tarde, atreva-se a contradizer-me.
 
Baseado nas grandes premissas que deveriam constituir a vida, o autor apela a uma maior concentração de si para si e de si para os outros. No final de contas, o mais importante caberá na palma da sua mão e nas memórias construídas por dias, aparentemente, fugazes.
 
Aqui entre nós, de fugazes nada têm.
Atreva-se a viver.
Atreva-se a desfrutar.
Atreva-se a ser feliz.
 
 
"A vida é aquilo que passa, enquanto fazemos planos."
John Lennon
 
Sempre grata:
 
 
 
 

Feelings

quarta-feira, 14 de junho de 2017


Muitas vezes as coisas que nos tocam mais são
aquelas que na altura em que estão a acontecer nem nos apercebemos.
António Lobo Antunes

Certezas

segunda-feira, 12 de junho de 2017


Numa noite de Inverno, sentados no sofá, o menino (na altura, com dois anos) corta o silêncio, dizendo:
"Eu sou um homem!"


Contos de Assis #2

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Em «Uma Senhora», Machado de Assis conta-nos a história de D. Camila, reconhecida em qualquer lugar pela beleza, inconfundível, que lhe pertence.
Os dias, semanas e meses que vão passando assumem-se numa afronta traduzida pelos seus primeiros cabelos brancos. O tempo passa e a beleza, essa, compromete-se entre um passado seguro e um futuro que se desconhece. Precisamente pelo desconhecimento, torna-se sombrio e temido.
Ao longo deste pequeno conto, Machado de Assis, no seu estilo inconfundível, sublinha essa necessidade de nos sentirmos belos aos olhos do mundo, através de uma beleza que é garantida pela firmeza das peles, pelo brilho dos olhos, por cabelos negros e sedosos.
D. Camila vive, assim, nesse confronto com a idade, o crescimento da sua própria filha e a vida que acontece, sem dó nem piedade.
Foi Franz Kafka a defender que quem possui a faculdade de ver a beleza, não envelhece.
Machado de Assis, com esta senhora, exalta essa máxima. Afinal, é possível ver uma beleza que, à partida, nada nem ninguém a garantia. São as somas das mais diferentes belezas de uma mulher que, independentemente do tempo que corre, lhe garantem esse brilho irrevogável. Eterno.
 
 
_ _ _
 
Com o apoio:
 
 
 

Ao som de: José Gonzalez



Sidonie Colette disse

quarta-feira, 7 de junho de 2017




Eu quero

segunda-feira, 5 de junho de 2017


"Pronto. Eu quero."
"E queres o quê?"
"Quero que ele seja
o meu namorado!"


Verbalizar é meio caminho andado para tudo.
O amor é a coisa mais maravilhosa do mundo.
Na infância, na adolescência, onde quer que o ponham.

Desaparecidos (Caroline Eriksson)

domingo, 4 de junho de 2017


«Desaparecidos» é o primeiro thriller de suspense da autora Caroline Eriksson. Os seus primeiros livros foram baseados em casos reais de assassinatos na Suécia.
 
A história de «Desaparecidos» poderia também, e infelizmente, basear-se numa história real. Esta começa quando uma mulher, Greta, percebe que o seu marido, Alex, e a sua filha, Smilla, desapareceram na ilha no meio do lago Maran.
 
Os pilares da história estão arquitetados mas, agora, esqueça tudo o que eu lhe disse porque a Greta não tem marido nem filha. Surpreendido? Claro que sim.
 
Impostora. Lunática. Vadia. Chame-lhe o que quiser, nessa tendência tão humana ao julgamento fácil. Pode ser isso tudo, pode não ser nada disso. Greta é uma mulher como tantas outras e, como tantas mais, vive na sombra de um passado que lhe moldou a forma de viver o presente e o futuro.
 
Não é minha intenção desbravar consigo mais pormenores desta história. Deve ler, como tantas vezes o digo, sem qualquer arnês. Aí, poderá julgar como eu fiz: com conhecimento de causa.
 
A história de Caroline Eriksson retrata um conjunto de mulheres frágeis emocionalmente e todo o resvalar, esperado, dessa mesma fragilidade. Obviamente, nessa fragilidade cabe um homem igualmente perturbado. Estão assim reunidas as condições mais tristes e lamentáveis na busca, tão irrisória, daquilo que julgam ser amor.
 
Dizem que amar se reveste da importância maior na vida de alguém. Caminhemos em direção a esse amor redentor que nos salvará dos demónios escondidos na gaveta, no armário, na casa inteira. Todas as mulheres desta história carregam essa ilusão esburacada.
Se há uma nota a retirar desta história é, indubitavelmente, o quanto a miséria emocional nos pode enterrar, dia após dia, em esperanças vãs de uma salvação por mãos de terceiros.
 
Ao som de: X Ambassadors
 
 
 
 
Esta leitura contou com o estimado apoio:
 
 

Emoções

sexta-feira, 2 de junho de 2017

 
 
;)



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