Citação

terça-feira, 26 de março de 2013











 
"A desconfiança é a mãe da segurança."
 
(Madeleine Scudéry)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

O Homem que Plantava Árvores (Jean Giono)

segunda-feira, 18 de março de 2013


 
Eu compro-te um daqueles chapéus bonitos para usares, de Verão ou de Inverno, e podemos partir quando quiseres para um lugar onde não há porquês nem motivos para ficar, ou partir.
Há simplesmente um lugar. Despovoado. Sem nada. Apenas povoado pelo vazio de quem ficou. De quem achou a sua presença valiosa demais para tamanha solidão.
Eu compro-te um daqueles chapéus bonitos, e vou contigo. Acompanho-te por esse campo desnutrido onde sonhas plantar vida, só porque sim. Porque o coração vazio pede. Os corações vazios exigem um trabalho que acalme a dor que os afoga.
Eu compro-te um daqueles chapéus bonitos, e vou contigo.
Vamos plantar árvores, vamos plantar vida por aí.
Vamos criar um sonho.
Vamos encher o coração com alguma coisa.
 
Um livro pequeno com a simplicidade de uma mensagem que se perpetua na mente e no coração.
Por isso, um pequeno grande livro.
 
Ao som de: The Lumineers "Ho Hey"
 
 
www.wook.pt: Inspirado em acontecimentos verdadeiros, traduzido em diversas línguas e largamente difundido pelo mundo inteiro, O Homem Que Plantava Árvores é uma história inesquecível sobre o poder que o ser humano tem de influenciar o mundo à sua volta.
Narra a vida de um homem e o seu esforço solitário, constante e paciente, para fazer do sítio onde vive um lugar especial.
Com as suas próprias mãos e uma generosidade sem limites, desconsiderando o tamanho dos obstáculos, faz, do nada, surgir uma floresta inteira - com um ecossistema rico e sustentável.
É um livro admirável que nos mostra como um homem humilde e insignificante aos olhos da sociedade, a viver longe do mundo e usando apenas os seus próprios meios, consegue reflorestar sozinho uma das regiões mais inóspitas e áridas de França.


A História Secreta (Donna Tartt)

domingo, 17 de março de 2013


Estávamos no ano de 2009 e eu percorria atentamente as estantes dos livros da Bertrand de Almada, quando me deparei com o livro da Donna Tartt. Primeiro, gostei imediatamente da capa e depois, a história envolveu-me imediatamente.
«Tenho de o levar comigo», pensei. Curiosamente, a trilogia da Pearl S. Buck acabou por vencer e o livro acabou por ficar lá perdido.
O tempo foi passando mas o estranho é que várias vezes me lembrava dele e em todas as ocasiões em que o voltava a procurar, não o encontrava. E o tempo continuou a passar.
Nas últimas semanas deparei-me a ler sobre a vida da autora e pensei «Bem, hoje vou comprar este livro!», e foi mesmo. Trouxe-o para casa e comecei a ler na hora.
É um livro intrigante. Começando pela aventura que foi até o ter, e até finalmente o ler, continuo a afirmar que o livro é muito intrigante, sombrio, tenebroso.
Tudo se resume ao remorso assente no acto de se matar alguém. Todo um processo desde a ideia concebida, ao acto em si e o depois. E esse depois, o lidar com todas as camadas de ideias, suposições, sentimentos, aí sim, é um depois longo demais, e jamais possível de se conceber mesmo nas mentes mais prodigiosas.
As ideias criadas, a vida desenhada até então começa a desmoronar lentamente, como um castelo de cartas em frente aos olhos e na impotência das mãos culpadas, com um sangue invisível mas presente. Doloroso. Escorregadio.
Creio que a crítica positiva que contorna esta obra assenta precisamente no peso da moralidade, na noção afincada do «certo» e do «errado» e até onde um coração atormentado nos pode levar. Ao limite. Ao fundo. À escuridão de uma história secreta.

“O remorso é a indigestão da alma”
(Pierre Véron)
 
Valeu a pena esperar e Ler(-te) neste momento.
Recomendo.
 
 
www.wook.pt Um romance que é já um clássico da literatura americana.
Uma história densa, perturbadora e arrepiante que combina a densidade psicológica das personagens e o vigor poético de um texto clássico com uma trama complexa e um ritmo alucinante.

O Apocalipse dos Trabalhadores (Valter Hugo Mãe)

sábado, 16 de março de 2013


Valter Hugo Mãe é para mim um dos melhores escritores da língua portuguesa. Ao ler “O Apocalipse dos Trabalhadores” não só redobro a minha opinião face à beleza do seu trabalho, como fico imensamente encantada com a história simples de Maria da Graça e a sua amiga Quitéria. Simples nos contornos, complexa no desejo que as persegue: o de alcançar a cobiçada felicidade.
Estamos perante personagens distintas entre si mas cujo desejo as torna irremediavelmente iguais: trabalhadores, colados a uma rotina há muito instalada, cujo único sonho que ainda persiste caracteriza-se por vislumbres fugidios de uma felicidade cobiçada, entre as horas desses dias cansados.
É assim uma história do caminho que se sonha de encontro a algo que não se encontra. Há uma luta diária nessa procura, nessa busca, envolvendo uma bolsa de sentimentos, escolhidos à sorte, e ao sabor de cada dia, em consonância com o bater de um coração também cansado.
Há um ambiente cinzento aqui. Se pudesse escolher a tonalidade deste livro escolheria o cinzento, sem qualquer dúvida. Há cinzento nos corações de Maria da Graça, da amiga e de outros que a circundam.  
Mas há igualmente uma esperança, seja cinzenta ou não, há uma esperança no coração de cada personagem e na busca de felicidade envolvida numa rotina instalada pela dureza da vida. Seja lá que esperança for, termine ela onde terminar, existe a esperança de morrer por ela.
Morrer por amor.

 

E essa esperança é azul.
 
 
Ao som de: Imagine Dragons "It's Time"
 
www.wook.pt: Maria da Graça - mulher-a-dias em Bragança esquecida do mundo - tem a ambição, não tão secreta como isso, de morrer de amor; e por isso sonha recorrentemente com a entrada no Paraíso, onde vai à procura do senhor Ferreira, seu antigo patrão, que, apesar de sovina e abusador, lhe falou de Goya, Rilke, Bergman ou Mozart como homens que impressionaram o próprio Deus. Mas às portas do céu acotovelam-se mercadores de souvenirs em brigas constantes e S. Pedro não faz mais do que a enxotar dali a cada visita. Tal como Maria da Graça, todas as personagens deste livro buscam o seu paraíso; e, aflitas com a esperança, ou esperança nenhuma, de um dia serem felizes, acham que a felicidade vale qualquer risco, nem que seja para as lançar alegremente no abismo. o apocalipse dos trabalhadores é um retrato do nosso tempo, feito da precariedade e dessa esperança difícil. Um retrato desenhado através de duas mulheres-a-dias, um reformado e um jovem ucraniano que reflectem sobre os caminhos sinuosos do engenho e da vontade humana num Portugal com cada vez mais imigrantes e sobre como isso parece perturbar a sociedade.
 

Madame Bovary (Gustave Flaubert)

domingo, 3 de março de 2013


Pensei muito antes de começar a escrever sobre este livro. A minha vontade é sempre a mesma. A minha vontade inicial é dizer, unicamente: “A Madame Bovary é uma estúpida!”.
Soa mal. Pois claro, soa um bocadinho mal. Mas é a minha vontade e estou a ter dificuldades em contrariar-me (risos).
Porquê essa derradeira declaração? Ora bem, estamos perante uma jovem mimada que após o casamento com Charles Bovary, um viúvo dotado de um coração bom, anseia pela felicidade conjugal e com todas a ilusões que só uma mente feminina tosca poderá desejar.
Envolta nesses desejos, nessas ilusões, encontra-se uma personalidade muito pequena, muito cinzenta, muito … insensata. Que em nada me satisfez. 
É impossível, e já noutras leituras assim o pude constatar, não comparar a obra de Flaubert à obra de Tolstoi, “Anna Karenina” e nesta última, sim, estamos perante uma mulher adúltera, estamos pois, mas há um je ne sais quoi de personalidade na Anna, apesar da moralidade dúbia. Há em Anna uma fortaleza de espírito que me agarrou, sem dúvida. Emma, Madame Bovary, é infantil, e o pior de tudo, não ama a filha como Anna Karenina, pelo menos, tentou demonstrar ao longo da sua adúltera vida.
O desfecho é dramático. Demais. E emerge outra questão que me dilacera o espírito: mas porquê que as pessoas boas acabam sempre por serem castigadas, de uma maneira ou de outra? Neste caso, é o próprio Charles, que se castiga a si mesmo. Num acto igualmente ridículo.
Flaubert, ao longo de seis anos trabalhou afincadamente em Madame Bovary, num marco notável da passagem do Romantismo ao Realismo na Literatura, contudo, como é possível verificar, não consegui apegar-me a este livro. As personagens são… cinzentas. Insensatas.
Serão realistas demais? (risos).


Não sei. Não sei. Mas voltarei a outros livros de Flaubert.

Anos Felizes (Louisa May Alcott)

sábado, 2 de março de 2013


Voltar às páginas de Louisa May Alcott e a estes “Anos Felizes” permitem voltar a esse fantástico tempo de infância, onde os dias parecem ser intermináveis, repletos das mais excitantes aventuras, e em que os sonhos são feitos de uma matéria resistente, persistente a qualquer adversidade.
De leitura extremamente acessível, sublinho mais do que isso, a beleza que se apoderou deste clássico e que ainda hoje persiste: a resiliência das jovens irmãs, a importância atribuída aos valores familiares, as desavenças típicas e rapidamente solucionadas e, sobretudo, a enorme capacidade de sonhar mesmo que o solo seja pouco fértil ao seu crescimento.
Indicado para leitores de idades mais "pequeninas", não deixo de acreditar que a “magia” que me envolveu naquela época, ainda persiste em “Mulhezinhas” e nestas páginas que continuam a registar as vidas das quatro irmãs em “Anos Felizes”.
Porque acredito que não há idade na literatura, recomendo estes livros em qualquer fase da vida. Desde que o espírito de cada um para lá os conduza.

 
 

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