Os Sofrimentos do Jovem Werther (Goethe)

sexta-feira, 29 de julho de 2011

O amor é...

O amor é tão delicado que até as mais doces palavras se tornam pequenas e insignificantes para transmitirem aquilo que um coração transtornado, e aflito, guarda ansiosamente em si.
O amor é saudade.
O amor é tortura.
É o gelo de uma boca que queima pela ausência de outra.
É a valsa que espera por esvoaçar numa ampla sala.
É o nó de uma garganta que não deixa dizer o que sente, porque não pode.
É saudade. É tempo corrido ao contrário, feito de sorrisos desfeitos, tão longe e tão perto.
O amor é tudo e é nada.
Um dia, angústia.
Um dia, asfixia.
Um somatório de dias cansados.
Um beijo.

Bastou isto para o jovem Werther. Um beijo, uma certeza.
De tudo e nada, de tantas palavras possíveis, o amor caminha de mãos dadas com a certeza.
Basta uma certeza.
Todas as tormentas, todo o resto que acompanha essa sua sinfonia, tantas vezes de dor, não importa... basta uma certeza.

"...Por alguns segundos, Lotte pressentiu o terrível desígnio que Werther concebera. Ficou transtornada. Apertou-lhe as mãos, e ele premiu as dela contra o peito. Em dado momento, inclinou-se sobre Werther, com uma emoção dolorosa, e as faces ardentes de ambos tocaram-se. O mundo inteiro deixou de existir. Werther enlaçou-a com os braços, apertou-a contra o coração e cobriu de beijos furiosos os seus lábios trémulos e balbuciantes."

Para sempre.


Ensaio sobre a Cegueira (José Saramago)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Eu sou uma puta, o sexo é o meu modo de subsistência. Escolhido por mim. Gosto de coisas fáceis e pouco exigentes. Fiquei cega, um manto branco rondou os meus olhos, como o esperma que me salta diariamente para a boca.
Agora vejo tão bem! Tenho sido a Maria de Paulo Coelho, tenho sido os míseros 11 minutos de uns cabrões quaisquer…

Sou um velho cheio de amargura. O passado esconde coisas que agora, uma cegueira branca me faz ver tão intensamente.
Eu sou um médico dedicado ao trabalho. Um manto branco cercou-me os olhos, incompreensivelmente…


São muitas as vezes em que de olhos fechados, tudo vemos.
A vida parece sempre difícil, incompreensível, porque vemos aquilo que parece ser demais, tanta coisa! Tantos e árduos caminhos...
 Apagam-se os olhos e, afinal, éramos tão afortunados!

Nota: Um dos livros da minha vida. José Saramago, eternamente adorado.


Herman (Lars Saabye Christensen)


Enquanto a folha da árvore percorre o meu esófago, nada muda.
O mundo continua assustador e veloz, como a queda de cada cabelo. Incompreensível como os pequenos cabelos que terminam em pontos de interrogação. Eles estão colados no meu caderno, mas para quê? Voltarão a ser o que eram? E eu? Voltarei a ser o mesmo?
A minha cabeça brilha, como a neve que vejo da janela.
O avô conta-me histórias, o pai sonha comigo a subir a grua.
Eu quero correr. Somente, correr.
E é isso, sim. Qual peruca! Qual misericórdia!
A diferença? Todos nós somos partículas de diferença, que juntas, como os ingredientes de um bolo, resultarão em algo similar...
Ninguém se poderá rir da minha diferença, ou da sua. Todos nós temos uma. Caro senhor, só por aí, seremos sempre iguais.

Sim, meu querido Panten, bebe mais uma cerveja.
Pai, subiremos na grua!
Agora, vou correr pelas ruas. Sem cabelo. Só porque sim.

Herman

Ao som de: Coldplay - Talk

Nota: Um livro sobre a infância e o peso de nos sentirmos diferentes. Recomendo vivamente.


Orgulho e Preconceito (Jane Austen)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O orgulho abraça-me naquela manhã, transformando futuros beijos em eternos cubos de gelo, igualmente abraçados a um coração recheado de preconceito.
Caminho com o meu livro. Nele sustento histórias de encantar, onde agarro cada noite, com medo de cair na manhã seguinte. A cada palavra, a casa frase, respiro um pouco de sonho. Um sonho que me ergue a cada manhã, sustenta durante o dia e me faz adormecer, à noite.
Mr Darcy... Mr Darcy...
O pesadelo de qualquer história de encantar. A certeza de estar certa. Mr Darcy... Mr Darcy...
O orgulho abraçou-me naquela manhã, cansado e forte. Nas minhas histórias de encantar, neste meu orgulho e preconceito, cada palavra, cada frase, cada sonho, eram certos. A certeza de estar certa.
Mr Darcy ... Mr Darcy...
A leveza do sonho das histórias de encantar, afinal, - sei agora - só existe quando o coração se ergue daquele abraço cansado e forte. Essa leveza despeja o preconceito para lá das águas de um rio e aí, livre, deixa-se prender.

Com amor,
Elizabeth

Ao som de: ... nada.
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