Dois Irmãos (Milton Hatoum)

terça-feira, 12 de dezembro de 2017


Milton Hatoum é um dos mais conceituados autores contemporâneos do Brasil. Nasceu em Manaus, em 1952, e é precisamente nessa cidade que tudo acontece na história de «Dois Irmãos».
 
O autor conta-nos a história de dois irmãos gémeos e toda a sua jornada de vida, quase do início ao fim. A animosidade entre os dois, iniciada por um amor comum a Lívia, só tende a crescer e a prosperar nesse terreno rico que é o ódio. É precisamente essa animosidade que marca e conduz a relação dos dois, pela vida fora.
 
O livro de Milton Hatoum, a partir de uma saga familiar inesquecível, traz a lume vários temas que, numa primeira passagem, poderiam passar despercebidos ao leitor. É que se inicialmente acreditamos que é a relação entre os irmãos o ponto basilar de toda a narrativa, acabaremos por repensar.
 
Após um acidente aparatoso entre os irmãos, Yaqub e Omar, em que este último esfaqueia a face do outro, temos um rio amazonas de atitudes mal arquitetadas por um pai e uma mãe que não o deveriam ter sido.
Desse acidente, os pais decidem enviar Yaqub, o vitimizado, para o Líbano. O afastamento do irmão, pensaram eles, afastaria igualmente a raiva distorcida que cada um tecia. Obviamente, o fogo do ódio, anos volvidos e após o reencontro, assegurou a quem quisesse ver, a sua força e disponibilidade para continuar a arder sem fim.
 
Vamos esquecer também a ideia generalizada do bom e do mau irmão. Seja ele gémeo ou não, acredito que as famílias em geral vivam com o dilema entre o bom e o mau irmão e que cada um deles, na imagem refletida dos próprios pais, viva em função disso mesmo.
 
Omar sempre fora o protegido pela mãe, enquanto Yaqub aprendeu na sua própria solidão e amor aos livros, a criar o seu próprio trajeto. A questão que reside é: de que modo pode o amor incondicional, ou a sua aparente ausência, determinar o futuro de cada um?
 
Acredite quando lhe digo que o futuro, não só dos irmãos, como de toda a família, será determinado por amores mal colocados, anseios não realizados e, acima de tudo, pela teia opressiva que todas as famílias oferecem.
 
O desejo distorcido de pefeição à luz de quem os criou no escuro da dúvida, sublinhou um ódio que, como suspeitamos desde logo, ardeu até não poder mais.
 
Recomendo vivamente e, com toda a certeza, lerei tudo de Milton Haboum.
Muito, muito bom.
 
 
Uma leitura com o estimado apoio:
 
 
 
Sejam felizes,

4 comentários:

Carlos Faria disse...

Nunca tinha ouvido falar do escritor e pelo nome não o associaria ao Brasil. Manaus é uma cidade que me desperta curiosidade, mas parece-me que o livro está pouco ambientado a essa terra. O tema pareceu-me bem interessante, vou anotar para próximas aquisições

Denise disse...

Olá Carlos!

Manaus acaba também por se integrar na história, sim. A dinâmica familiar e a relação dos irmãos tem, ainda assim, a prioridade maior.
Recomendo vivamente, é um livro muito bonito.

teresa dias disse...

Olá Denise!
Adoro ler sagas familiares. Vou procurar nas livrarias.
Passei para te desejar um SANTO NATAL e um MAGNÍFICO 2018.
Que a vida te presentei com saúde, amor, alegria e felicidade.
Beijo.

Denise disse...

Obrigada pelo carinho Teresa!

Desejos de continuação de uma feliz quadra natalícia!
2018 repleto de livros!

Beijinho

CopyRight © | Theme Designed By Hello Manhattan