Parem todos os relógios (Nuno Amado)

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019


Com «Parem todos os relógios», Nuno Amado foi Finalista do Prémio Leya. 
Em 2012 li o seu primeiro livro, «À espera da Moby Dick». Lembro-me de ter gostado muito da forma bonita, e verdadeira, como descreveu o luto. Assim, tal como é, sem grandes (e possíveis) subterfúgios. 

O presente livro não tem um ponto de comparação entre o primeiro que li. Isso não tem de ser bom nem mau. São livros totalmente distintos, pese embora, a delicadeza do autor e da sua escrita. Falamos de uma escrita limpa, quase ternurenta. A voz de Nuno Amado é extremamente empática e isso nem sempre é fácil de atingir enquanto escritor. Sobretudo quando escreve uma mulher.

Helena é a personagem principal de «Parem todos os relógios». Esta é uma história de uma mulher que nunca havia amado, professora, tia dedicada, solteirona como tanto gostam de indicar. Um dia, porém, Helena apaixona-se. A vida mudará para sempre e dentro dessa história de amor, como bonecas russas, outras surgirão, pela força do tempo e do legado que os amores são feitos.

Acredite, eu podia escrever muito sobre este livro, contudo, não sinto necessidade de o fazer. Escrevo para lhe contar que nunca um título de um livro fez tanto sentido. Haverá forma mais bonita do que escrever um amor que nos nasce do nada? Parem todos os relógios, disse ela. Parem tudo já. Parem tudo agora. Há um amor a nascer e nestas coisas o tempo não pode, não deve, nunca deveria impor-se na pressa dos ponteiros.

É um bonito livro, apesar de considerar alguns desenvolvimentos um bocadinho inusitados, e desnecessários, como a aventura inesperada de Helena que larga tudo para, no confronto com criminosos italianos, fazer prevalecer esse amor que há pouco lhe falei.

Limando essas arestas, compreensíveis para o decorrer da história na luz do objetivo do autor, este livro torna-se pertinente, sobretudo, pela mensagem que se deveria repetir até à exaustão : o amor é a força de todas as coisas possíveis e impossíveis.

Este é um livro sobre mulheres, família, legados que nos ficam, aventuras de uma vida. Este é um livro que resume todas estas coisas para se subtrair numa só: o amor. O amor em todas as vertentes e a coragem que sempre agrega ao felizardo que o vive. A coragem de viver uma aventura chamada vida e para que assim seja, é forçosamente necessário que parem todos os relógios, como quem reclama o agora, e só o agora.



Seja feliz,

2 comentários:

Raquel disse...

Pelo título parecia-me um livro "lamechas". Pela tua descrição parece ser muito mais que isso!
Mais um para a minha wishlist :)
Beijinhos e boas leituras

Denise disse...

Tem umas partes lamechas, sim. Mas penso que o saldo final, na minha perspectiva, é mais do que isso. Aquela máxima de que vale a pena viver aquilo que a vida nos reserva de bom, mesmo que seja por um tempo muito limitado. :)
Beijoooooooooooos!

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