O meu irmão bem me
avisou. Avisou-me que estava perante um livro com a força suficiente para mudar
a mente, para mudar perspectivas, para alterar disposições, para contorcer o
estômago no momento de leitura, e muito para lá dele.
Que livro. Mas que
livro. Dou comigo nestas exclamações que a minha mente vai fazendo
e os meus dedos, escravos humildes, escrevem numa subordinação nítida e sem
qualquer hesitação. Que livro. Mas que livro!

Há uma actualidade
dolorosa no livro, já há pouco o referia. Independentemente de não estarmos sujeitos
a um condicionamento biológico e psicológico, não sermos catalogados por castas,
entre outros aspectos, trilhamos um perigoso caminho em que a moralidade –
extinta, ou muito dúbia, nesta obra de Huxley – é cada vez mais posta em causa.
O amor, esse, deixou de ser individual. Deixou de ter direitos. É uma questão
de evolução, não sejamos patetas e falemos em poliamor. Corações grandes. Mas
nessas questões, como em tantas outras, dou comigo a pensar no adágio que a
minha avó tanto dizia “muito e bem, não
há quem”. Mas quem sou eu? Fico-me pelas reticências…
E há o sofrimento,
também. Por muitos condicionamentos e pela idealização de uma felicidade
máxima, há o sofrimento. Ele existe, apesar de tudo. Soma. Um pouco de soma
resolve esse sofrimento intrometido e impertinente, que amolece corações e tira
razões.
Um cigarro, um copo de
vinho, as drogas que começam levemente até pesar no corpo que, cansado, já não
se levantará da mesma maneira. São somas e mais somas no mundo que nos
acompanha, nessa força dos dias que se vai enfrentando. E não vale a pena tapar
o sol com a peneira.
Depois, bem, depois há
sempre aqueles cujo admirável mundo novo não os surpreende, antes os faz
arrepender. Antes os faz sentir selvagens, num mundo desconhecido e desprovido
do mais importante, em que a mente trabalha por si mesma, sem botões no lugar
do coração.
“O ser diferente
condena a uma fatal solidão”
(Aldous Huxley)
“I´m only one voice in a million, but you aint taking that from me...”
Natasha Bedingfield "Strip Me"
Natasha Bedingfield "Strip Me"
1 comentário:
Obrigado pelo comentário no blog. Sou uma pessoa de opinião e não um critico, sinceramente nem sei como criticar. :). Já vi aqui alguns livros em que as suas palavras me deram entusiasmo para quando os avistar comprar e sentir.
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