Passamos os dias, que são enormes quando somos pequeninos e minúsculos quando somos grandes, a encontrar um saco de boxe. Uma procura incessante de um saco de boxe que possa preencher a dor da culpa, do ressentimento, do arrependimento, da mágoa, da saudade do que fomos e jamais seremos.
Sempre um saco de boxe, que apesar de estúpido, tem um ar amigo. Confortável e querido.
Há sempre um. Em cada um de nós, há um saco de boxe: alguém que sustenta as nossas culpas e se torna raiz forte da nossa fúria, do nosso impasse ... a razão para tudo. Tudo de mal.
Uma necessidade que dói. Necessidade de arrancar os pulmões e respirar fora do corpo!
E tu, que colocas tudo isso numa caixa de Pandora, e eu abro porque te pertenço.
O que fazer quando o nosso saco de boxe partilha o sangue, essa corrente estranha que nos torna tão especiais entre um pequeno grupo, bem, o que fazer nessa situação?
Quero matar-te? Conseguirei eu matar-te? Não.
Por isso mesmo, mato-me a mim.
Para sempre o vencedor. E o saco de boxe lá ficará, a pender para um dos lados. Como tudo na vida.
Num dia de chuva. E hoje não gosto dela. Detesto-a.
Ao som de: How to save a life (The Fray)
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