Ao lerem este livro vão deparar-se com a tristeza, com a indignação, com a raiva e com um amor pincelado a ódio da criada pela patroa. A criada de ... Virginia Woolf.
Ao longo dos dias marcados no diário de Nelly, vamos entrando na rotina cansada, e cada vez mais zangada, de uma criada que quer, desesperadamente, fazer parte de um mundo encantado. Um mundo de artistas, esses intelectuais, que pensam ser diferentes só porque escrevem livros, mas ela deseja lá entrar, mesmo que inconscientemente.
Porém, um dia, a raiva explode como a rolha de uma garrafa, e só deseja de lá sair. Cansada, nunca mais volta. Virginia e as suas doenças. Os livros. As letras. As injustiças. Nunca mais volta. Esse grupo de intelectuais que nada entendem! Fechados em si!
"Além disso, há a questão do quarto, um quarto só para ela pela primeira vez na vida!" (p.12)
Quanto à senhora ... dizia-me muitas vezes: "O que importa é ter dignidade, Nelly" (...) "como se ela me tivesse permitido tê-la, como se lhe importasse a dignidade dos que estavam à sua volta. (...) Mas no fim segui o seu conselho, vejam só, e livrei-me dela, e de que me mudassem de casa para outra como se fosse um objecto que tivessem comprado. (...) Tenho dignidade. (...) Quanto a ela... três semanas no fundo do rio, a flutuar corrente abaixo, inchada e deformada como uma dessas reses que se afogam nas enchentes, o nariz e os lóbulos das orelhas comidos pelos peixes, a roupa meio arrancada e meio apodrecida, foi essa a sua dignidade no fim." (p.13)
Nota: Virginia Woolf, depressiva, suicidou-se, atirando-se ao rio Ouse, em 1941.
Sinopse: Um fantástico livro baseado nos diários de Nelly Boxall, a criada de Virginia Woolf. Relatos de uma relação de anos, e desenhada a contornos muito difíceis. Recomendo vivamente.
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