Hygge: ser feliz à dinamarquesa (Anna Skyggebjerg)

domingo, 5 de fevereiro de 2017


Podemos falar deste livro sob várias perspetivas. Podemos centrar-nos na Dinamarca e nos seus aspetos culturais que fazem deste país o mais feliz do mundo ou, através dos assuntos aqui discutidos, concentrarmos a nossa atenção para as prioridades e de que forma aquelas, podem ou não, estar a condicionar a nossa felicidade.
Fala-se muito do tempo, nos dias que correm. Eu diria mesmo que tempo é, agora, o luxo do século. Acredito que novas visões em torno de uma questão, aparentemente tão simples e pequena, podem fazer de facto toda a diferença.
 
"Falaremos sobre velas. Sobre comer um monte de doces com os filhos à sexta-feira. Sobre mantas confortáveis. Sobre o sítio onde bebemos a nossa tranquila chávena de café logo de manhã. Falaremos sobre estar sentados naquele quebra-mar com os pés a baloiçar, apesar do vento bastante frio que se faz sentir ao fim da tarde. (...) essa história condensa tudo o que nos torna mais felizes: encontrarmo-nos com amigos para comer e beber num ambiente de profunda informalidade e descontração que nos permite levar chinelos ou meias quentes quando vamos visitar alguém. «É o que nos faz felizes», diremos, e «há uma palavra que resume tudo isso na perfeição: HYGGE." P.10
 
Este trecho resume na perfeição todo o livro de Anna Skyggebjerg. São felizes pelo prazer e disciplina (porque há) de apreciar as pequenas boas coisas da vida.
Podemos sempre considerar este tipo de mensagem como algo natural e integrante da vida. A questão aqui, voltada para um país em questão, é a forma como o fazem, como um lema de vida que tem de ser seguido, é mesmo assim e pronto.
Acredito que existam muitos portugueses (oh! terra do fado!) que também se preocupem em apreciar o aroma de um bom café, as manhãs de domingo, comer doces, apreciar a companhia de amigos, ir a uma livraria, anotar coisas boas que nos vão acontecendo como prova inerente de pequenos milagres mas, acredito também, que existam pessoas de olhos vendados a quem sensações tão pequenas (mas grandes na sua importância) passem despercebidas pela pressa dos dias.
 
Também a autora faz um reparo a quem muito gosta de criticar, refletindo igualmente uma clareza muito interessante nesta análise:
 
"A OCDE fez uma pesquisa sobre a quantidade de tempo livre (incluindo sono) que as pessoas têm em 36 países. Os Dinamarqueses estão em primeiro lugar na lista, com 16,06 horas por dia. É uma vez e meia de tempo livre a mais do que o número dois da lista. Não admira que os Dinamarqueses sejam tão felizes: um equilíbrio entre trabalho e família é essencial para a felicidade.
Os próprios dinamarqueses admitem as boas condições, digamos assim, à felicidade. Mas penso que, pelo menos para mim, não seja bem esse o propósito desta edição bonita da ARENA. Mais do refletir sobre os costumes (maravilhosos!) deste país, cabe-nos a nós, portugueses, italianos ou espanhóis, virar os olhos para dentro, questionar as nossas reais prioridades e assumir o quanto, por vezes, as pequenas coisas da vida são, na verdade, aquelas que perduram.
A mim não me parece nada ridículo e refletir sobre estas temáticas assume-se de caráter urgente quando, do outro lado, há uma promessa de mais felicidade e valorização pessoal.
Sabe, arrisco-me a dizer, mas depende largamente de nós próprios.
 
Não posso deixar de frisar a pouca importância dada às tecnologias neste país, pelo menos no que a este livro diz respeito. Foram várias a vezes que li "(...) e desligue o telefone.".
Para ponderar. Não concorda? Se já o faz, ótimo. Mas ponderar sobre formas de sermos ainda mais felizes, julgo eu, será sempre um ótimo desafio.
 
Por último, uma das dicas referidas pela autora e que faço desde que me conheço, é o chamado «Diário de Gratidão». Anotar as pequenas boas coisas que lhe vão acontecendo, diariamente. Afinando o olhar, acredite, vai encontrar por mais ínfima que seja, uma coisa boa para relembrar. Não só lhe promove essa fantástica coisa que os psicólogos chamam de inteligência emocional, como também lhe permitirá estar mais sintonizado com o mundo lá fora, com a natureza e com as pessoas.
Eu agradeço por isso. E espero que você aí, faça o mesmo.
 

 
"O caminho mais simples para a felicidade é a gratidão."
 
 Agradeço à Penguin Random House pela (sempre!) simpática oferta.

 
Boas leituras 😊

 

2 comentários:

Su disse...

Olá, Denise,

Em suma, a felicidade também se prende com a nossa perspectiva durante o dia-a-dia ;D acho que devia oferecer esse livrinho a umas quantas pessoas que conheço (a sério!)...

bejinhos e que continuem as boas leituras!

Denise disse...

Obrigada, querida Su! :)

É isso mesmo. É isso mesmo!
(Também eu. Vou ponderar oferecer alguns... eheh).

Beijinho!

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