O Sul seguido de Bene (Adelaida García Morales)

sábado, 13 de maio de 2017

«O Sul seguido de Bene» de Adelaida García Morales, lançado em Portugal pela Relógio d'Água Editores, reúne duas pequenas novelas, «O Sul» e «Bene».
Em ambas as novelas a ausência de um alguém prevalece. Sabemos de antemão como a ausência se sente no peso de uma saudade vitalícia, palpável, que faz adoecer.
 
Na primeira novela, «O Sul», a ausência de um pai e, do outro lado, a filha que, pelo silêncio dos seus gestos aflitos, lhe roga presença, apoio, validação.
Esta novela é tão linda. A simplicidade da escrita conta-nos como só o amor deve ser. Simples, tão genuíno que se transforma numa dor calma, resignada de quem sabe amar tudo, independentemente do (quase) nada que lhe destinam.
Deixem-me repetir o quanto esta novela é belíssima, por tudo. A ausência do pai, a filha que aprenderá a reconsiderar cada gesto ao lado de um homem, que com segredos no nome, acabou por lhe ensinar a amar da maneira mais bonita.
Essa maneira de amar é, sem sombra de qualquer dúvida, nada esperar em troca.
 
Em «Bene», no mesmo registo de ausências bem demarcadas, vive-se uma atmosfera quase fantástica sobre uma mulher, uma menina e o seu irmão, Santiago.
Desde o medo atroz em perder os lugares conquistados, de irmã capaz e bondosa, aos amores doentios e desajustados, esta novela de Morales assume um caminho diferente, inesperado, a merecer a atenção pelo confronto com a morte, com a dor, com a incapacidade de se saber lidar com o que não poderemos ter, jamais.
 
 
 
Sobre «O Sul» Ángel Fernández-Santos disse: "O Sul é uma das narrativas de amor mais originais na sua poderosa simplicidade".
 
Faça um favor a si mesmo e não deixe de o ler.
 
 
 
Muito grata à Relógio d'Água Editores por um livro que se tornou vitalício.
 
 
Ao som de:
Bon Iver

2 comentários:

Beatriz disse...

Olá, Denise :)
Estou curiosa com esta escritora, absolutamente desconhecida para mim.
E também com Szerb.

Comecei a leitura de "Eu confesso", de Cabré. Já havia lido um livro seu, que, embora tenha gostado não me tinha deslumbrado. Estou muito no início, pág 138 de 730, mas está muito bem encaminhado.
Li "Rebecca" e gostei muito, aquela falta de confiança paralisante e depois a resiliência. Acho os contos bastante diferentes, muito mais crus.

(Tenho estado ausente forçadamente, devido a problemas de saúde. Primeiro "alheios" e depois meus.)
Beijinho.

Denise disse...

Beatriz! :)

A tua leitura atual foi a minha auto prenda de aniversário! Ainda não o li mas tenho tantas expectativas sobre ele.
«Rebecca» é um grande livro, gosto muito de Daphne Du Maurier. Esse livro em específico esteve envolvido em grande polémica. Supostamente a autora teria sido acusada de plágio (salvo erro de uma autora brasileira), nunca confirmado.
«A Pousada da Jamaica» é igualmente bonito e a dar enfâse, novamente, a uma mulher repleta de indecisões e fragilidades.
Um grande beijinho e as rápidas melhoras! :)

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