Apaixonados (Daphne Du Maurier)

terça-feira, 17 de abril de 2018


«Apaixonados» é o primeiro livro escrito pela autora Daphne Du Maurier, mais tarde celebremente conhecida pelo romance «Rebecca», adaptado ao cinema em 1941, por Hitchcook (que recomendo).
 
No presente, conheceremos Janet e Thomas Coombe, um jovem e apaixonado casal a iniciar a sua vida conjunta com tudo o que tal acarreta: uma nova casa, um jardim, a vida doméstica exemplar, o homem que regressa do trabalho, todos os dias, ainda mais enamorado de sua esposa e os filhos que chegam.
 
A história de Daphne Du Maurier enfatiza, largamente, o poder e a importância da família. O elo, o laço, seja de sangue ou nem tanto, que perdura durante gerações e gerações.
 
Uma história sobre o mar, sobre mulheres e homens apaixonados por causas, por pessoas, pela vida e pelo sentir tudo à flor da pele. Foi a rebeldia de Janet, a sempre conhecida menina que corria para o mar, a dar início a uma cadeia de gerações infindáveis, todas elas com um ponto comum: o desejo de amar e viver a vida na primeira pessoa.
 
A relação prioritária, e até assustadora, com o seu filho Joseph, mostrando uma clara preferência parental, adensa-se e continua, mais tarde, no amor exacerbado e singular de Joseph pelo filho Christopher, rapaz sensível que passaria a vida a lutar pela admiração do seu pai. Até à morte.
 
Entre tantas personagens de uma geração familiar que parece não ter fim, a autora aponta temas para sempre atuais. Falamos da necessidade de conquistar quem nos amou e gerou, de continuar os passos que seriam tomados pelos pais, a conquista de uma admiração como garantia de uma felicidade merecida.
 
Com uma escrita (ainda) menos trabalhada mas com a promessa do que viria a ser com «Rebecca», Daphne Du Maurier, com o seu primeiro livro, criou um conjunto de personagens singulares, sombrias e livres. Personagens essas que continuariam a firmar-se na sua restante obra.
 
Boas leituras e sejam felizes,

9 comentários:

Carlos Faria disse...

Esta não li, ma Rebecca sim e desejo voltar ainda à escritora, que é uma mestre no suspense sem comprometer o tempo de contar toda uma história pelo meio sem cansar

Denise disse...

Sim, Carlos. Sinto o mesmo em relação à autora :)
Ainda tenho "O Outro Eu" na estante para ler, já me disseram coisas boas sobre ele.
Vamos ler!

Boas leituras

Bárbara Ferreira disse...

Este nunca li, e desconhecia! Li Rebecca, My Cousin Rachel (que adorei!) e The Birds and Other Stories. Tenho mais dois da autora por ler - Jamaica Inn e The Frenchman's Creek. Sem dúvida cria ambientes de suspense com mestria.

Beatriz disse...

:)

Este que referes nunca li. Li "Rebecca" e "O Outro Eu". Em espera tenho "A Sorrir também se Vence".
Até agora, preferi os contos porque os acho mais crus. Veremos se mudo de opinião quando ler mais romances seus.
Os contos a que me refiro foram editados pela Relógio D'Água, dessa colecção fazem parte várias escritoras de quem gosto bastante: Lispector, Woolf, Wharton, Hélia Correia, e, particularmente, duas pouco faladas e um pouco esquecidas: Dorothy Parker e Katherine Mansfield (a quem V. Woolf invejava o talento).

Denise, que maravilha foi ler "A Sibila"! Tão bom.
Agora leio o V volume do meu querido Tchékhov :)

Beijinhos e bom domingo.

Denise disse...

Beatriz! :)

Foi o primeiro da autora e consegues perceber a escrita ainda pouco "trabalhada", digamos assim, mas por outro lado percebes também o que virá, com o exemplo de «Rebecca». Tenho dela ainda para ler «Mary Anne» que, salvo erro, foi inspirado na sua avó (e também «O Outro Eu»). Adora ler a biografia desta mulher. Conheces alguma boa referência a esse nível? Foi acusada de plágio aquando da edição da «Rebecca» e teve uma vida, aparentemente, muito cheia.
Fico tão contente que tenhas gostado! Aquele ambiente nunca se esquece, não é? :)
De Katherine Mansfield adorava ler o «Garden-Party».
Tu com Tchékhov e eu, finalmente, com Dostoiesvki! (a gostar imenso).

Beijinho e boa semana!

Denise disse...

Olá Bárbara!

Falam-me muito no "A minha prima Rachel", agora adaptado ao cinema, não é?
Gostei muito de "A Pousada da Jamaica", com uma personagem fantástica mas que nos deixa num limbo estranho, provocando sempre aquelas questões: "eu faria o mesmo?". Depois vais entender :)

Beijinhos (adoro o teu instagram!) :)

Beatriz disse...

Existem imensas biografias, no entanto, a única que tenho na minha lista de compras é "Daphne du Maurier", escrita por Margaret Forster. Coincidentemente, foi mencionada neste artigo do Guardian há pouco:

https://www.theguardian.com/books/2018/feb/23/olivia-laing-on-daphne-du-mauriers-rebecca-80-years-on

As biografias estão sempre muito dependentes da visão de quem as escreve (10 pontos para mim pela brilhante conclusão!), o que à partida torna difícil a escolha, pessoalmente evito as muito romanceadas e açucaradas.
Embora não a tenha lido, pareceu-me terra a terra, pelo acesso que teve a cartas de família e de amigos.

Existem 2 livros de contos de Mansfield:
http://relogiodagua.pt/produto/contos-de-katherine-mansfield/
Tenho este que inclui os contos de "The Garden Party" e também de de "A viagem Indiscreta". Tenho uma edição inglesa dos contos completos, mas mantém-se paciente na estante há que tempos.

http://relogiodagua.pt/produto/o-garden-party/

Li esta ano uma biografia de Lord Byron, não creio que seja a melhor, mas para quem apenas sabia o básico, achei interessante. Sabia da excentricidade da sua vida, da amizade com Percy Shelley e Mary Shelley. Além do mais, é da autoria de uma escritora irlandesa que me agrada, embora de quem ainda tenha lido muito pouco.
"Byron e o amor", de Edna O'Brien.
Denise, que maluquice de vida! :))

Beijinhos e Feliz Dia do Livro!

Denise disse...

Obrigada pelas preciosas recomendações, Beatriz!
Vou pesquisar tudo, tudo! :) Quero muito ler uma boa biografia dela.
(E o novo dos diários da Virginia Woolf, da Relógio d'Água? Ai...)

Beijinho e MUITOS livros

Bárbara Ferreira disse...

Muito obrigada, Denise! :) acho que esse foi adaptado recentemente sim, mas confesso que não vi. Há também uma adaptação mais antiga, mas não teve de longe o alcance de "Rebecca". Recomendo imenso o livro, de qualquer maneira - foi o meu preferido até à data!
Quanto ao plágio do Rebecca - estou curiosamente a ler agora "A Sucessora" :)
Beijinhos!

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