Tudo em ti é trágico. E tudo em mim, trágico é. Se tentar explicar cada um dos meus pensamentos, o psicanalista abordará esse termo «delírio», do qual eu vou fugir. Na realidade nada há, verdadeiramente, de real. Nessa falta de realidade, perco-me em ti. E tu em mim. Numa história por nós criada. Numa história por mim, finalmente, escrita. Por ti manobrada. Por mim narrada.
Numa desordem plena, cujo teu nome é gravado em mim para sempre, vezes e vezes sem conta.
Julio
Ao som de uma saudade que nada pede.
Nota: Juan José Millás é incapaz de nos deixar indiferentes.
Resumo: Era um fim de tarde de Abril e Julio regressava do psicanalista. O enamoramento de Laura é uma consequência quase imediata e as semanas passam a girar em torno daqueles encontros no parque, em que o diálogo assume uma forma difusa e promissora. Millás coloca as suas personagens num espaço psicológico labiríntico, num jogo de espelhos sem fim em que o latente e o manifesto, imaginação e acontecimento se permutam a cada momento. Iminente, a inversão súbita do jogo, pesa, suspensa, sobre o eu e o seu duplo, num movimento profundo entre o real e o fantástico e que irá culminar na sua forma última - a própria metamorfose. Juan José Millás pertence à mesma geração literária de Álvaro Pombo ou Javier Marías e como eles é um expoente da nova literatura espanhola. Este romance não só foi aclamado pela crítica como se tornou num dos maiores sucessos de vendas em Espanha, com mais de vinte edições. www.wook.pt
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