Existem distintas escolhas quanto à forma de se viver a vida. Teremos nós, de facto, algum poder nessa escolha? Pergunto antes, haverá de facto, tantas e distintas escolhas?
Ao ler-te na noite passada, senti um travo amargo no coração. Afinal de contas, esse viver ao sabor do vento não era tão linear assim, havia medo de um fim, havia o receio de não deixar uma raiz que pudesse perpetuar algo teu. Egoísmo? Necessidade de atenção?
Ao ler-te, essa sensação estranha, no coração, nos olhos, e até na boca, surge porque afinal, quem vive ao sabor do vento, na vida, não deveria igualmente ... morrer ao sabor do vento? Sem a preocupação de um amanhã?
Enquanto te lia, senti uma leveza engraçada pelos arredores que uma vida libertina pode ter, desprendida de sentimentos que se agarram como cola. Quando te fechei, oh livro, sensação mais contraditória. Afinal de contas, todos queremos imprimir uma marca no vento, é isso não é?
Sempre que voa, leva-nos com ele.
"Não está certo morreres tão novo. É preciso que vás, sabendo que deixas uma parte de ti. É isso a imortalidade.(...)"
Humanos. Narcisos. Para sempre.
Eis a sensação que me despertaste.
Voltei! Depois de um precioso momento de reflexão ;)
Ao som de: Feist (Let it die)
Sobre o livro: Jorge Malato, professor universitário passou mais de vinte anos a lamentar-se por não ter casado com uma aluna sua, Camila. Mas, a verdade é que Jorge nunca decidiu abdicar da sua liberdade para constituir família. Solteiro por opção, a vida deste professor assenta numa grande vontade de decidir o seu destino sem a interferência de alguém. Para isso vai conquistando várias mulheres, solteiras e casadas, onde o sexo é a base da relação, não havendo lugar para compromisso. Ao Sabor do Vento é um romance que reflecte sobre a relação a dois e o sentido da existência.
1 comentário:
Tu sabes que eu acredito que " a vida é a infância da imortalidade", como diz o Goethe, embora não me debruce muito nessa temática, por ser difícil de explicar,e de entender. Mas, é certo que faz determinadas massas encontrarem um sentido eficaz para as suas vidas.
A imortalidade que é uma espécie de vida que os homens criam na memória ao longo dos tempos, é sim, um caso, podemos dizer, que vem escrito no código genético de qualquer ser vivo. Perpetuar laços: quer seja em matéria, quer em pensamento. O pensamento cabe-nos a nós, por enquanto (:P). E o pensamento, onde guardamos categoricamente tudo o que os nossos sentidos nos comunicaram ao longo da vida, esse cria,constrói vidas dentro de nós, que se não as formos transmitindo nos nossos comportamentos, se vão perdendo connosco ao longo dos tempos...(nao sei se isto fez muito sentido, mas saiu-me tudinho de uma vez, logo dps de ter lido a tua reflexão.)
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