Esperei meses por este livro. Encomendei, e voltei a esperar mais uns dias. E ele veio ensinar-me uma verdade que já conhecia.
O amor é um acidente.
Eu diria, antes, um acidente fatal. Daqueles em que, quando menos esperas, te espetam por uma ravina abaixo, vais tu, vai carro, e junto levas o som do estardalhaço dos vidros que se partem, do metal que choca entre si, e depois tu, que te partes todo.
Este livro de Ismail Kadaré é muito mais do que uma história de amor. E as verdadeiras histórias de amor, como alguém disse um dia, são aquelas que acabam mal.
A mestria da história está, precisamente, no cruzamento que o autor faz entre o amor complicado da bela jovem e do misterioso político, e na sua forma de atacar a política vigente e o conflito que envolveram a Albânia, a Sérvia e a província de Kosovo, em pleno foco da Guerra dos Balcãs.
Gostei particularmente desse apontar de dedo com base num acidente tão peculiar, cujas investigações assentam, sobretudo, no último momento em que o motorista, pelo retrovisor pôde ver o casal numa tentativa, incompreensivelmente frustrada, de se beijar.
E depois, as investigações que ninguém pediu.
E as respostas que nunca iriam chegar.
Porque o amor é história fechada.
Não pode ser lida.
Muito menos, contada.
Boas leituras.
www.wook.pt: Um acidente: um táxi sai da estrada e mergulha numa ravina. Do acidente resultam dois mortos, um homem e uma mulher, um óbvio casal de amantes: quanto ao motorista, que sobrevive, mostra-se incapaz de explicar a causa do acidente. Parece que a causa estará relacionada com o que ele viu, ou julgou ver, no espelho retrovisor. Mas não consegue explicar o que viu exactamente, nem dizer quem eram os dois passageiros, aonde iam e porquê, e por que razão, neles, tudo parecia indecifrável. Uma história de amor pode parecer a coisa mais banal do mundo, mas pode também mostrar-se inextrincável. Milhões de indivíduos vivem diariamente a experiência do amor e, ainda assim, nada permite explicar-lhe o enigma - nisso residirá o seu poder. À antiquíssima questão «O amor existe, de facto, ou não passa de uma ilusão?», faz-se aqui eco de uma outra: «Se existe, pode ser contado?» Nesta obra magistral, Ismail Kadaré tenta narrar o inarrável: uma história de amor ou uma história de assassínio, ou outra ainda que as encobre como uma máscara? Até ao fim, a pergunta não pára de obcecar o leitor.
4 comentários:
Bem, Denise, depois de te ler a ti, fiquei com uma vontade louca de ler Kadaré...
Obrigada.
Olá Teresa
Obrigada!
Acho que não te vais arrepender. Kadaré é "qualquer coisa"!
Boas leituras
Olá Denise,
Não conhecia este livro. Parece muito interessante.
Fiquei curiosa.
Beijinhos e boas leituras
Olá Isaura!
Muito interessante. E diferente.
Vale a pena.
Beijinhos e boas leituras
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