Prosa que solta frases como se fossem pedaços de nada. Um nada solto, que parece ausente da história, mas afinal, está lá presente, e faz parte de tudo. De um todo muito todo, muito colado a um passado que não volta, mas atrapalha tudo o que vem dali para a frente. Para uma mulher que tem nome de cor. Um nome que também é uma cor. Violeta.
E esta é a história torcida e distorcida de Violeta, depois de um acidente de carro.
Dessa perspetiva amachucada da vida.
Um retornar contínuo ao passado, mas que agora exige porque, ao que parece, o futuro está comprometido.
“(…) ninguém corrige o passado porque não há nada para corrigir, a vida é independente da vontade que a anima (…)” (p.272)
Um livro que deprime.
Mas um livro que se torna inesquecível, talvez, por isso mesmo. Pelo peso das palavras soltas, indiferentes, que dançam à toa e se vão encontrar lá à frente em revelações que magoam, e chocam.
Pela matreirice da vida. Dos dias. Das revelações.
Não vou contar mais nada porque Dulce Maria Cardoso merece ser lida de uma ponta à outra.
De frente para trás.
De trás para a frente.
E tudo fará sentido, mesmo assim.
“(…) não há nada que o silêncio não mate.”
Muito bom!
Boas leituras.
Ao som de “Bon Iver – I Can’t Make You Love Me”
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