Spoilers
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Rui Zink, no prefácio ao livro, refere como tema central a felicidade. E eu não poderia concordar mais.
Acredito que a leitura dos «Maias» na minha adolescência tenha, efetivamente, afastado a minha curiosidade pelo autor pois, recordo, vivamente, as tardes de tédio que apanhei em torno das descrições acesas e detalhadas do autor.
No entanto, a idade traz coisas que não podemos prever.
Hoje, a leitura deste senhor é um privilégio e tanto.
Este livro é muito mais do que a separação da cidade e da serra, valorizando esta última de assolapada paixão. O tema é, assim, a felicidade plena que se procura avidamente, sem encontrar. Eu diria, portanto, que este belo livro de Eça de Queirós é o retrato perfeito da busca de um homem indeciso, por si mesmo, cujos ventos da mudança o levarão a encontrar essa almejada felicidade no lugar mais inesperado possível. A serra. Os campos. O lado, outrora, sombrio, sem qualquer esperança de civilização.
É que para Jacinto, a Civilização tem nome de cidade, sendo lá o motor de todas as coisas. O coração de todas as coisas. A razão de ser de todas as coisas. E mais alguma que, eventualmente, venha a surgir. Na cidade, a cada dia, novas coisas nascem e numa atenção minuciosa, nada ele pode perder em prol de um desenvolvimento que se pretende eficaz. Certeiro.
Não posso deixar de referir o quanto esta personagem, na fase de encantamento pela cidade, me recordou Hans Castorp de Thomas Mann. A boa disposição contagiante. Há um fascínio que não cansa, de tão maravilhado que está, sempre, com as inovações da cidade, jamais passíveis de poderem ser comparadas com o campo.
É Zé Fernandes, amigo do peito, quem narra esta história em volta de um Jacinto que, de tão encantando pelas maravilhas da Civilização, depressa cai num torpor em que nada, por mais surpreendente que possa parecer, lhe desperta o mínimo interesse. A cidade era, afinal, a mais pura das ilusões.
Quis o destino que após uma inundação em Tormes, levando à necessária transladação do corpo do seu avô, Jacinto rumasse até à serra, na companhia do amigo do peito Zé Fernandes, observador atento e personagem que nos brinda com os mais peculiares traços de caráter daquele jovem.
Pois bem, caros leitores.
Esta é a grande viragem no livro de Eça.
Se Jacinto já estava fatigado dos prazeres infecundos da cidade, pouco ele se encantou com as dificuldades que viria a conhecer ao longo daquela que foi uma verdadeira jornada até encontrar, finalmente, porto seguro nas serras de ar puro, e que lhe viriam a proporcionar aprendizagens contínuas sobres os segredos das suas terras.
Se no início o coração difícil de Jacinto não estremeceu perante as maravilhas da serra, continuando a ceder a pequenos caprichos, no fim, Zé Fernandes pôde contemplar um homem cuja "alma se simplificava" encontrando o equilíbrio que lhe permitiria vir a ser "indecentemente feliz."
É Zé Fernandes, amigo do peito, quem narra esta história em volta de um Jacinto que, de tão encantando pelas maravilhas da Civilização, depressa cai num torpor em que nada, por mais surpreendente que possa parecer, lhe desperta o mínimo interesse. A cidade era, afinal, a mais pura das ilusões.
Quis o destino que após uma inundação em Tormes, levando à necessária transladação do corpo do seu avô, Jacinto rumasse até à serra, na companhia do amigo do peito Zé Fernandes, observador atento e personagem que nos brinda com os mais peculiares traços de caráter daquele jovem.
Pois bem, caros leitores.
Esta é a grande viragem no livro de Eça.
Se Jacinto já estava fatigado dos prazeres infecundos da cidade, pouco ele se encantou com as dificuldades que viria a conhecer ao longo daquela que foi uma verdadeira jornada até encontrar, finalmente, porto seguro nas serras de ar puro, e que lhe viriam a proporcionar aprendizagens contínuas sobres os segredos das suas terras.
Se no início o coração difícil de Jacinto não estremeceu perante as maravilhas da serra, continuando a ceder a pequenos caprichos, no fim, Zé Fernandes pôde contemplar um homem cuja "alma se simplificava" encontrando o equilíbrio que lhe permitiria vir a ser "indecentemente feliz."
Um livro belíssimo sobre a importância da felicidade e em como, tantas vezes, se encontra, tão somente, debaixo de uma pedra.
Adorei!
Adorei!
Está concluída a primeira etapa deste meu desafio do Ler(-te) em Português.
Venham mais!
5 comentários:
A Cidade e as Serras e a Relíquia são dos meus livros favoritos do Eça não esquecendo evidentemente Os Maias.
Um abraço.
Pois suspeitava que ia gostar muito deste, mas como já lhe disse, há mais que são muito interessantes dele.
Olá Francisco!
A minha experiência com Eça de Queirós começou um pouco atribulada mas, anos depois, tudo indica que terminará muito bem! :)
Boas leituras!
Carlos!
É verdade. Disse e com toda a razão.
Tenho a certeza que este desafio contará com mais livros deste autor tão obrigatório na nossa cultura literária :)
Boas leituras!
Era impossível não gostares :)
Beatriz,
É precisamente o que vou dizer à pessoa que, eventualmente, eu encontrar e que o esteja a ler.
É impossível não se gostar! :)
Beijinhos e boas leituras
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