A Casa das Belas Adormecidas (Yasunari Kawabata)

segunda-feira, 3 de setembro de 2018


«A Casa das Belas Adormecidas», do prémio Nobel Yasunari Kawabata, é um pequeno livro que homenageia a vida em confronto direto com a sexualidade e a morte.
 
"Uma meditação poética sobre a sexualidade e a morte."
Financial Times
 
Eguchi, um homem de sessenta e sete anos vê-se confrontado com o fim dos seus dias pela incapacidade que vai sentindo, gradualmente, num corpo agora desobediente. Em conversa com um amigo, conhecerá a Casa das Belas Adormecidas: uma casa em que homens mais velhos, apelidados de «inativos», passam a noite com uma jovem mulher adormecida. Por muito rebuliço de vozes, ou até gritos, abanões e contemplações, aquelas jovens não acordam. É um sono de morte. É um corpo companheiro, numa noite solitária, com um velho perdido em si mesmo.
 
Será na contemplação das jovens adormecidas que Eguchi, igualmente perdido em si mesmo, mergulha nas recordações do seu passado. Relembra mulheres de outrora, romances breves mas inesquecíveis, amores mais maduros, desamores que magoaram, o amor da esposa e das suas três filhas.
 
Numa deambulação comprada à lei de soníferos, este homem mais velho empurra o leitor para um confronto que, todos nós, receamos: o fim dos dias, o corpo envelhecido, a vida que escapa, a morte que a acompanha.
 
O livro de Yasunari Kawabata é uma reflexão cuidada, de enorme sensibilidade, sobre o poder da vida, a sexualidade como garantia, o medo da morte. É nesse confronto de temas todos eles interligados, que o nosso personagem vai refletindo e admitindo um tempo que já não volta. Como será? Como será viver no limite dos dias, na incapacidade de gerar vidas, de se sentir uma mera soma de dias iguais?
 
São questões como estas a que também o leitor se sentirá compelido a responder.
Um romance em que a sexualidade é uma porta aberta e segura de quem pode gerar a vida. Um romance em que a vida é uma soma de amores possuídos, corpos jovens e sãos. Um romance em que o simples cheiro de leite materno nos assegura o início de tudo, da esperança e enfim, do derradeiro fim.
 
Recomendo com ambas as mãos.
 
 
 
Boas leituras e um feliz Setembro,

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