As pessoas felizes lêem e bebem café (A. Martin-Lugand)

sábado, 7 de junho de 2014

Este livro anda por aí. Todos falam nele. Tive o azar de o ler. E a felicidade de ser emprestado.
Confesso que não tenho o hábito de correr às livrarias e comprar as últimas tendências só porque falam muito bem de um ou outro livro. Costumo dizer que os livros têm de me chamar primeiro. Só depois, é que decido levar para casa o contemplado.
«As pessoas felizes lêem e bebem café» é escrito por Agnès Martin-Lugand, psicóloga clínica, e é uma pequena história sobre a morte, a perda, o amor e aquilo que, supostamente, deveria ser a nossa jornada de encontro aquilo que consideramos ser a suprema felicidade na vida.
Confesso que não gostei da escrita nem da forma como o enredo é conduzido, desde o início (demasiado abrupto) ao fim.
 
Neste livro o leitor vai encontrar diálogos do género:
 
"- Félix - murmurei.
- Está tudo bem?
- Não sei onde eles estão, percebes? Não consigo ir vê-los.
- E quem queres tu ver? Não percebo nada. Onde estás? Porque choras?
- Quero ver o Colin e a Clara.
- Estás... no cemitério?
- Estou." (p.38)
 
Sublinhe-se que desde as primeiras páginas o leitor sabe logo que Colin e Clara morreram num acidente. Se os queria ver, estavam onde? Suspiro.
Como diálogos destes, podem encontrar muitos mais.
Não me alongando neste tipo de coisinhas, há um ponto muito mais importante para mim: o tema da morte e a forma como a autora o aborda. Sendo uma psicóloga clínica a escrever este livro, penso que há uma quase insensibilidade na forma como tal tema é aqui abordado pela personagem Diane.
Quando o amor da nossa vida morre, quando o nosso filho morre, o nosso mundo morre também. Morre tudo. A vida dá uma volta tão tremendamente cruel, que quando tentamos novamente vislumbrar o mundo, todas as suas formas não passam de meras abstracções que requerem estratégias, mecanismos novos para se entrar mais uma vez, com muita... cautela.
Com tudo isto o que eu quero aqui referir e sublinhar é que perder alguém é muito doloroso, dói tanto que se torna físico. E requer tempo. E tempo. A autora tenta passar essa ideia mas não passa disso mesmo, uma tentativa muito falhada.
O início do livro parece um furacão, com a morte do seu marido e da filha, esse tal mundo a desabar. De um momento para o outro, não me peçam para contar toda a história, esta Diane consegue quase de um dia para o outro, preocupar-se em depilar as pernas e pôr perfume entre os seios para, citando: "vestir-se para seduzir". Estamos a falar de uma passagem em que praticamente na véspera, a personagem chora desesperadamente por perder a aliança que a unia ao marido.
Vejamos, estes comportamentos também integram a dor da perda, a ilusão e a necessidade de um começar de novo, quase desesperado. Mas então, o que falta aqui? Muitas mais páginas, muito mais conteúdo louvável, bem escrito e consistência a estas personagens. Algo que demonstre realmente o que é sofrer a morte de alguém, perpetuado no tempo, e a capacidade de nos reconstruirmos por dentro e por fora. Essa tal procura da felicidade. Felicidade sustentada em alicerces com sentido.
Parece que estamos perante um livro que teve de ser escrito com muita pressa para chegar a algum lugar e, obviamente, o destino foi ... infeliz.
 
Sublinho também que esta é a minha mera opinião.
Não recomento e deixo o alerta aos mais cautelosos para não comprarem ;)
 
Boas leituras!
 
 
Ao som de: Angels and Airwaves "Do it for me now"

2 comentários:

Narciso Bernardo disse...

O conselho infelizmente já vem tarde, já comprei e já chorei o dinheirinho que gastei :-(

Denise disse...

Tenho imensa pena!

É um livro verdadeiramente lamentável...

Obrigada pela visita :)

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