
Memento Mori. «Lembra-te que vais morrer». É a frase que dá título ao livro e que acompanha toda a história que Muriel Spark esculpiu numa que é, para mim, audaz reflexão sobre a velhice e os receios que vêm atados a esta fase da vida.
O que considerei mais interessante centra-se nas personagens, todas elas idosas, os seus interessantes diálogos, os seus receios, o apego ao dinheiro como forma de salvação e garantia de aproximação daqueles que amam, e o medo inevitável de morrer.
Grande parte da história decorre em torno de Dame Lettie mas também com um grupo de idosos numa casa de repouso, e é nesse contexto que conhecemos os seus receios, bem como os seus hábitos. Confortáveis hábitos que lhe permitem viver os dias mais serenamente. Entre ler o a necrologia e a astrologia, as idosas reclamam a forma como são tratadas, relembrando e misturando passado e presente.
Mais do que uma reflexão sobre a velhice, sobre o fim da vida, Muriel Spark, analisa sob o ponto de vista de um grupo peculiar de personagens, as fragilidades humanas, o arrependimento e essa necessidade vigente de alterar os dias que passaram ou, sob a forma de um sonho dormente, comprar um dia mais na certeza de que se faria algo melhor. Algo diferente. Algo inesperado, quem sabe.
Recomendo. A escrita de Muriel Spark mais que mordaz, prima pela frontalidade, deixando o leitor curioso, acelerando-o para o fim de uma boa história, em que reflexões sobre a vida, a morte e o refúgio da literatura, lá bem escondida, podem ser encontradas de uma forma muito interessante.
Boas leituras!
1 comentário:
Onde tu compraste? estou procurando e não acho em português! Obrigada.
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