Uma mulher estendida na cama.
Ao lado, o cilindro azul que a respira.
O bebé cresce. E a mãe morre, lentamente.
Se procuram um livro leve, fujam a correr desta definição de amor. De tão pesada, só pode estar certa.
Uma mãe entra em coma. Morre por causa do bebé que começa a crescer-lhe na barriga. Uma semente de alegria que se transforma numa bomba contra o tempo.
Mas ela já nem sabe.
Morte cerebral. Disseram eles.
E ele, a braços com uma nova vida feita de ausência. Almofadas com um cheiro que não irá voltar. Lugares que vincaram recordações que não se apagam pela marca do tempo. Saudades que perduram para lá da ditadura de uma realidade que lhe foi imposta.
O amor.
Ele envelheceu, naquele dia, a sua vida inteira.
O amor.
Tentou defini-lo. Nesse dia. E nos que se seguiram a um luto vivo e mudo.
Será loucura?
Será silêncio?
Ou morte?
"(...) Olha, apenas, o vazio de onde surgias. Ainda espera. Que a morte esmoreça e se apague."
(p.259)
Um livro, simultaneamente, belo e triste.
Invoca o amor e a saudade numa mistura cruel de tão ironicamente vivos, em contacto com a morte, tão morta. Tão estúpida.
A escrita de Jorge Reis-Sá é uma feliz descoberta.
Boas leituras.
Ao som de: Lucia "Silence"
2 comentários:
Obrigado, Denise, pela leitura. Honra-me muito.
Jorge
Obrigada eu!
Gostei muito desta «Definição do Amor».
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