Confissões (Kanae Minato)

terça-feira, 16 de agosto de 2016
















Uma surpresa muito agradável, este livro de Kanae Minato.
Mas primeiro, tenho de partilhar convosco o momento em que o Mirtilo, o meu gato, delira com o livro e cisma em prosperar na foto. Não contente, arregala o olhito para ficar com ainda mais estilo:
 












Brincadeiras à parte, este livro prende, de facto, qualquer um.
Foi Theodore Roosevelt quem um dia disse "Educar uma pessoa no intelecto, mas não na moral, é educar uma ameaça à sociedade."
 
«Confissões» de Kanae Minato é um livro que levanta a cortina para o tema da parentalidade enquanto fator predominante da violência juvenil. Leram bem.
São muitos os artigos na área da Psicologia que defendem a prática de uma parentalidade positiva, no entanto, muitos acabam por não saber ao certo do que se trata, focando-se mais no «positivo», e menos na «psicologia» e, quiçá, misturando tudo num reforço desajustado. Esse mesmo reforço desajustado termina naquilo que chamamos de «papás multibanco» que à falta do tempo de qualidade, compensam com os tais bens materiais que aparentam iludir a criança. Aparentam.
O quadro das relações familiares tem vindo, de facto, a escurecer dramaticamente. Os resultados, obviamente, não poderiam ser melhores.
 
Kanae Minato com uma história que envolve o assassinato de uma criança de 4 anos perpetrado por dois adolescentes, enfatiza sublimemente a gravidade das relações humanas, o amor deslocado e o quanto a parentalidade distorcida - e entenda-se aqui as diversas formas que esta pode tomar - tolhe a oportunidade de se crescer com os alicerces corretos.
 
O livro, narrado sob as perspetivas das diferentes personagens, vai permitir um enfoque mais aprofundado da temática, reforçando os aspetos que aqui invoco sobre os jovens, os pais, a parentalidade e os comportamentos inconsequentes de filhos mimados que parecem não ter adquirido competências pessoais e sociais que lhes permitam introduzir o simples conceito do «Não». Da contrariedade. O problema geral reside aí.
 
O leitor assistirá à ideia geral de que se alguém disser não a uma criança/jovem nos dias de hoje, ocorrerá uma espécie de intolerância emocional. Chamemos-lhe assim, para sermos mais brandos e não me acusarem de extremismos.
 
Ao abordar dois conceitos distintos de parentalidade - uma mãe protetora e a uma mãe ausente - a autora revela os efeitos disso mesmo nos dois adolescentes que, numa aproximação improvável, decidem matar uma menina, filha da sua professora. Só porque sim. Porque um menino precisa de atenção e reconhecimento. O outro, precisa de acreditar que não é um fracassado.
 
Numa jornada de destinos cruzados, de planos meticulosos, engendrados pela astúcia dos que lhe roubaram o sentido da vida, presenciamos as agruras de um castigo que se pretende demorado.
Dizem os estudos que as aprendizagens efetivas, para o serem de facto, requerem hábito e método. Acrescentemos a todo o processo, o tempo. E para quem já nada tem a perder, como a Professora Moriguchi, tempo é um mero pormenor.
 
Pela temática que encerra, «Confissões» de Kanae Minato, é um livro obrigatório. O olhar sobre a problemática da parentalidade interligada à violência cada vez mais gritante dos jovens como chamadas inconsequentes de atenção, força o leitor a uma reflexão sobre um assunto de tamanha relevância.
 
Boas leituras.


 
Obrigada à Penguin Random House por esta fantástica oferta.

 
 

2 comentários:

Su disse...

Olá, Denise,

Adorei a tua opinião :D deixou-me ainda mais curiosa com este livro. Parece uma temática bem pesada, mas sem dúvida importante...

beijinhos e boas leituras

Denise disse...

Olá Su!

Obrigada :) Gostei muito do livro, vale mesmo a pena pelo tema que encerra.
Espero que gostes!

Beijinhos e muitas leituras

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