Hoje falo-vos do
livro de JP Delaney, «A Rapariga de Antes», uma história que tem alcançado uma
onda gigante de sucesso, muita curiosidade e, acima de tudo, muitos leitores
que se lhe tornaram fiéis.
JP
Delaney, numa obra que levou 10 anos a ser construída, narra a história de três
personagens principais, unidas por um ponto determinante: a enorme fragilidade
emocional.
Há uma casa
minimalista que parece encantar e concorrer contra todos os sonhos que não a
assumam como sua. A casa é diferente, espaçosa, arejada e repleta da mais alta
tecnologia.
O responsável é
Edward, arquiteto de renome e que na casa vê uma forma nova de viver,
controlada, sem desperdícios de qualquer ordem. A casa está
disponível para arrendamento e é dessa
premissa que teremos, então, uma teia de acontecimentos vertiginosos, sem
aparente fim à vida.
Emma,
fragilizada após um assalto, deseja a casa.
Jane,
depois de ter um nado morto, deseja a casa.
Ambas, em
espaços temporais distintos, desejarão a casa. E ficarão com ela, mediante
candidatura e cabal cumprimento das mais inusitadas regras: não há livros,
desprendimento dos seus objetos pessoais, entre outras que por muito irreais
que pudessem ser, para fazer parte daquela casa, seria um pequeno inconveniente
a suportar.
E elas
suportaram, de coração já previamente partido, julgando a dor de um prisma
diferente, de quem já não é novato nessas andanças de adversidades constantes.
O amor por
Edward, o pai do lugar sereno que encontram, acaba por revelar tudo o que o
leitor quer saber. Acredite, vai querer saber.
Não se trata de
uma história de amor disfuncional, mas podia ser.
Não se trata de mulheres
vulneráveis, submissas a um aparente sociopata, mas podia ser.
E se eu lhe disser que não é nada disso e é tudo isso, ao mesmo tempo?
Ao longo da leitura, o leitor terá a oportunidade de questionar, não só, quem foi a rapariga de antes, mas igualmente parar para pensar na fragilidade humana, no desejo de ser amado e cobiçado e, até que ponto, a necessidade de marcar uma posição - seja lá ela qual for - assina uma espécie de legitimidade para as condutas mais infundadas.
Recomendo esta leitura, não pela originalidade do tema, que a tem, mas sobretudo pela dinâmica das personagens envolvidas que, com uma aparente fragilidade, nos condiciona as certezas de leitor fazendo-nos, só muito mais tarde, recuperar o sentido de todas as coisas que envolveram a rapariga de antes e o que, com ela, veio depois.
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