Arco-íris (Banana Yoshimoto)

quarta-feira, 3 de março de 2021

 

No dicionário, «arco-íris» é definido como: "Fenómeno atmosférico luminoso, em forma de arco, apresentando as sete cores do espectro solar, e determinado pela refracção e reflexão dos raios solares sobre as nuvens."

Na vida da jovem Eiko, «Arco-íris» significa, maioritariamente, o restaurante onde trabalha e onde é feliz pelo que faz. Sente que é esse o seu grande sonho, trabalhar num restaurante, e se para muitos olhos o seu sonho pudesse ser míope, a ela pouco interessava. É no «Arco-íris» que é feliz.

Após a morte da sua mãe e da avó, Eiko sente que a solidão a empurra de encontro à necessidade de conhecer novas realidades, de se encher um pouco do vazio que a sua vida se tem vindo a transformar. Dessa forma, parte para o Taiti , onde deseja conhecer em profundidade a grande influência do restaurante onde trabalha. O dono do restaurante é um apaixonado  pelo Taiti tendo daí extraído a essência do seu próprio restaurante.

Será na viagem de Eiko que conheceremos em maior pormenor os reais motivos daquela viagem e toda uma vida que ficou lá atrás, por acabar de se escrever e o medo, incluído, do final dessa mesma história, tão sua. E tão cheia de um amor intrometido.

É sempre bom relembrar a delicadeza da escrita de Banana Yoshimoto que em muito pouco, diz tudo sobre isto de viver, de amar e de sonhar. Parecem coisas tão pequenas, em frases que nos rasgam a atenção e nos dividem entre a história da própria Eiko e, sem querer, a nossa própria.

É um livro enternecedor sobre uma jovem mulher que sente estar na hora de crescer. É a história de uma menina mulher que, pela primeira vez, ousa viver para lá das regras impostas. Há moralidade, há respeito mas há, acima de tudo, o amor avassalador que acaba por ir contra a corrente das coisas (supostamente) bem feitas.

Com temas universais como a procura de um sentido, o amor, o medo e a rebeldia, a autora escreve uma história sobre recomeços e o desejo de viver num sentido mais amplo, mais fincado. Se o arco-íris representava para Eiko o lugar onde podia ser feliz, a trabalhar, também o tempo lhe foi mostrando um duplo sentido daquela palavra, um sentido que lhe escondia a promessa de uma felicidade por desbravar:

 🌈

"No meu futuro, a verdade faria o seu caminho por sua conta e risco. (...) Num ápice as coisas haviam mudado de um modo surpreendente, mas agora tinha um arco-íris em frente aos meus olhos.
Isto é um sinal do destino. Um sinal demasiado belo para ser verdade. Fixo na memória este panorama e depois não olharei para mais nada, deixarei que as coisas sigam o seu curso, pensei, quase a rezar. Enquanto isso, de olhar fito no céu, observava aquele pequeno arco-íris que brilhava imóvel."

Os raios solares começam, então, a brilhar sobre as nuvens. 


Boas leituras, seja feliz.

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