1933 foi um mau ano (John Fante)

domingo, 9 de abril de 2017

Bukowski sempre disse o quanto Fante o havia influenciado. Disse inclusivamente que era o seu Deus, relembrando as visitas às bibliotecas e livrarias onde o desagrado sempre imperava até ao dia em que, finalmente, se cruzara com Fante e ali estacara, embrenhado na leitura daquele que viria a ser uma espécie de mentor.
 
Vai apetecer-lhe dizer uns quantos palavrões no passar de cada página, pela genialidade da escrita estupidamente simples, e que dessa simplicidade faz coisas tão brutais que apenas lhe restará a resignação à humilde condição de leitor voraz.

Vai conhecer o italiano Dominic Molise, um jovem de 18 anos, a terminar o liceu, e a desejar pôr em marcha o sonho de um dia se tornar uma estrela de baseball, com o seu Braço abençoado, mas confrontado diariamente com a realidade amarga da sua família, naquele que é o silêncio de uma mãe traída e um pai apenas dedicado ao trabalho duro das obras, e pouco rentável.

No contexto da Grande Crise Económica dos anos 30, a obra de John Fante, personificada neste Dominic Molise, vem mostrar o confronto entre sonhos que se tentam conquistar e o mundo, agreste como só ele sabe ser, a defraudar-nos cada um dos momentos pelos quais tanto ambicionamos.

Com momentos de escrita absolutamente espetaculares e personagens hilariantes (jamais esquecerei a avó Bettina), desafio o leitor a pegar neste livro imediatamente: mais do que uma história sobre um jovem que deseja alcançar os seus grandes sonhos, esta é também uma história de sobrevivência, de laços familiares e capacidade de superação num mundo virado do avesso.


O meu enorme obrigada à Penguin Random House pela simpatia e consideração para com os seus leitores.
 
 
 

3 comentários:

Beatriz disse...

Denise :)
Gosto muito de Fante. Até agora li o chamado Quarteto de Bandini e "Cheio de Vida".
Este ainda não li, mas foi comprado.
Estão a fazer um excelente trabalho ao editarem este escritor em Portugal.
Outros livros seus ainda são inéditos entre nós, esperemos que continuem o bom trabalho.
Há certos livros que prefiro ler a versão original, é o caso dos livros de Fante e de Bukowski.
Não por achar as traduções más, mas porque dificilmente as expressões usadas no original são bem "passadas" para a nosssa língua, em termos de impacto.

Espero que gostes tanto de "Nada" como eu gostei :) "A Ilha e os Demónios" está em espera.
Beijinho e boa semana.

Carlos Faria disse...

Bukowski e Fante, dois escritores que ainda me falta descobrir.

Denise disse...

Beatriz!
É sempre tão bom ver-te por cá :)
Olha, tenho o "Quarteto de Bandini" também à espera, falta-me apenas um livro para completar a coleção, mas depois de ter lido este, já não vou esperar muito mais.
As reminiscências a Bukowski são impossíveis de controlar. Adoro Bukowski, também já li um livro dele no original (não me recordo do título agora, penso que de contos...), mas os outros li em português. Ainda guardo na memória certas passagens (hilariantes!) vividas em «Correios».
Quanto à Exma. Carmen Laforet, já estou completamente agarrada (comprei este livro, e uns outros, naquela promoção de que me falaste :))
Boas leituras.
Beijinho


Olá Carlos
Espero que se aventure e que goste. Pessoalmente, sou fã de Bukowski e John Fante é outro candidato sério aos lugares cimeiros da minha consideração :)
John Updike, já leu? Gosto tanto. A série do «Coelho» é impossível de esquecer!
Beijinhos

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