Os Adeuses (Juan Carlos Onetti)

sábado, 1 de abril de 2017


Li este livro em Dezembro do ano passado. Até então nunca escrevera sobre ele e acredito que a razão seja, precisamente, pela nebulosidade que ele encerra em si mesmo.
A história de um desportista no culminar da sua carreira, um sanatório, pessoas, comentários e duas mulheres. Misture tudo e ponha à prova a sua capacidade de discernimento, de compreensão mas, acima de tudo, essa capacidade de isenção perante o que se vê como prova e dado adquirido. Se viste aquilo, é porque é assim. Tenho a certeza. Será mesmo?
Na verdade, pode ser tudo menos aquilo.
Esta novela, envolvendo essa personagem peculiar, um vaivém de correspondência que incendeia a curiosidade alheia, prova de uma forma absolutamente genial, a vulnerabilidade de que todos somos feitos. Há uma necessidade visceral de acreditar em tudo aquilo que é real para nós: a nossa realidade torna-se legítima, logo, é assumida para todos como tal.
Parece simples demais, mas o livro de Onetti acaba por nos dar um ponto de reflexão muito interessante: é que na vida nada é estanque, nem absoluto. E o mais importante de tudo, num livro tão pequeno, é essa capacidade de abarcar em nós o sentimento profundo de que, muitas vezes, a vida não nos vai trazer as respostas pelas quais tanto ansiamos.
 
Desafio-o a ler e a conhecer um pouco mais de uma história que vale cada minuto do seu tempo.
Boas leituras!

2 comentários:

Beatriz disse...

Olá, Denise :)

Pelo que referes, e pelo único livro que li, deduzo que a escrita de Onetti está impregnada de névoa. Li "A vida Breve" e senti o mesmo.
Um livro onde realidade e ficção se confundem numa narrativa dolorosa e lúgubre.

Uma frase que retive: "O mal não está em a vida nos prometer coisas que nunca nos dará; o mal é que as dá durante muito tempo e depois deixar de dar".

Beijinho e bom domingo.

Denise disse...

:)
Gostei imenso e pretendo voltar.
Um beijinho Beatriz!

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