Acredito que li este livro no momento errado.
Talvez por ser demasiado triste, não sei.
Sei, no entanto, que independentemente do momento, certo ou errado, Julian Barnes continua a integrar o conjunto dos meus autores preferidos de sempre.
Em alguns momentos a leitura flui demasiadamente depressa, como balões que se enchem num sopro aflito. Noutros momentos, sobretudo na última parte do livro, somos confrontados com a crueza da vida, o seu último nível. Penso que aí tudo para numa densidade estranha de quem não entende o último e redentor nível de uma vida que termina.
É precisamente a última parte do livro a que mais me tocou. À escrita bonita de Julian Barnes, junta-se o sentimentalismo necessário e a verdade de quem vive uma real perda. Só com ingredientes de primeira qualidade, deste elevado nível, é que se pode evocar a verdadeira dor implicada na jornada que se vê findar daquele que tanto se amou.
"A dor mostra que não esquecemos; a dor realça o sabor da memória; a dor é uma prova de amor. «Se não interessasse, não interessava.»
Julian Barnes promete assim, com estes «Níveis da Vida», reflexões profundas, e sentidas, sobre o amor, a soma das partes de que aquele é feito, sobre balonismo, sobre a morte, o luto.
Sobre pequenos nadas que justificam um pouco de tudo na vida.
Recomendo, claro está.
3 comentários:
Nunca li Julian Barnes, mas ainda bem que que li este post pois neste momento por questões pessoais não me é conveniente ler obras tristes ou deprimentes.
Gostei de Flores.
Olá Carlos!
Julian Barnes é, de facto, um autor a considerar na estante de qualquer leitor.
Desejo-lhe uma viragem rápida do seu atual estado p/ bem melhor. Que a chegada do ano de 2016 seja fecunda em bons momentos e, particularmente, em ótimas leituras.
Recomendo John Updike e o seu inesquecível Coelho, ideal para descontrair (sem no entanto, se perder uma excelente oportunidade p/ refletir) um pouco com a vida conturbada e pouco ponderada daquele homem :)
Boas leituras e tudo de bom.
Eu não gostei.
Demasiados lugares comuns que pretendem passar-se por profundos.
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