Falamos de amor à boca cheia. Cheia de rebuçados, açúcar a cair aos bocados pelos cantos, caramelo e chocolate, por vezes. São tantos os ingredientes, todos doces, mas tantos, e é exactamente nessa quantidade, na importância do quantificar que reside tudo. O importante é poder olhar para os dedos lambuzados e pegajosos do doce e contar, contar muito, o quanto temos, o quanto amor temos. Olha! Tanto caramelo, tanto açúcar e tanto chocolate por essa noite fora.
Vivemos no mundo de cubinhos e, infelizmente, não são cubinhos mágicos. São, só e apenas, cubinhos. Cubinhos grandes, aglomerados, quantificáveis, onde se vão colocando as medalhas dos feitos conseguidos pela força dos dias teimosos, que depois de espremidos, como fazemos com os limões, não conseguimos perceber bem o que acabámos de contar.
Acordamos já a correr, saltamos desse cubinho, não mágico, na procura de mais coisas para quantificar e asfixiar o relógio, roer as unhas e quantificar mais, até à hora de dormir. Conseguir uma promoção, sim, conseguir um elogio de alguém que não diz «bom dia», mas quantificar isso numa folha importante sim, e correr mais um bocadinho.
E a noite surge, num manto rápido, com propensão a uma grande e violenta má disposição, de quem não conseguiu quantificar o suficiente.
Quantificar. Determinar a quantidade de. Parece que nada é verdadeiramente suficiente e, por isso mesmo, continuamos a correr desesperadamente mesmo por baixo do manto negro a que o dia já se rendeu. O relógio será generoso, certamente!
Entramos na cozinha e existem cubinhos mágicos no armários, que ajudam a condimentar um jantar. Mas no outro cubinho, no nosso cubinho, esse aglomerado de cubinhos que criámos à nossa volta, onde vivemos tão escondidos e centrados, não há um verdadeiro cubinho mágico que faça soprar essa estranha necessidade de … quantificar.
Falamos de amor à boca cheia. Falamos de amor à boca cheia. Cheia de rebuçados, açúcar a cair aos bocados pelos cantos, caramelo e chocolate, por vezes. São tantos os ingredientes, todos doces, mas tantos, e é exactamente nessa quantidade, na importância do quantificar que reside tudo…
O Principezinho é da minha opinião, estou certa, quando digo que não podemos cativar ninguém pelo número de doces que temos nas mãos. Cativa antes por aquilo que és, e não por aquilo que pensas ter. Sim, apenas pensas. No mesmo momento que tens, podes, no seguinte, deixar de ter.
A tua essência nasce contigo e só precisas de preparar o teu coração e depois de cativares, seres responsável por esse amor que cresce à medida da força da tua respiração, da tua crença, da tua entrega.
Da simplicidade.
Dedicado a quem abraça árvores.
Ao som de: Imogen Heap «Hide and Seek»
2 comentários:
Eu abraço! Cativaste-me!
:) Miss u! *
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