Os memoráveis de 2019

terça-feira, 31 de dezembro de 2019



Tenho andado desaparecida nesta corrente de festas. 2019 foi um ano cheio, feliz. Cheio também de grandes livros. Pela primeira vez, tive dificuldade em conseguir reunir os meus clássicos dez memoráveis. Mas cá estão eles.

Um bem haja, a si, que me segue ao longo desta jornada que já vai longa. E que bom que assim é.


Bom 2020!
Seja feliz, sempre.

Parem todos os relógios (Nuno Amado)

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019


Com «Parem todos os relógios», Nuno Amado foi Finalista do Prémio Leya. 
Em 2012 li o seu primeiro livro, «À espera da Moby Dick». Lembro-me de ter gostado muito da forma bonita, e verdadeira, como descreveu o luto. Assim, tal como é, sem grandes (e possíveis) subterfúgios. 

O presente livro não tem um ponto de comparação entre o primeiro que li. Isso não tem de ser bom nem mau. São livros totalmente distintos, pese embora, a delicadeza do autor e da sua escrita. Falamos de uma escrita limpa, quase ternurenta. A voz de Nuno Amado é extremamente empática e isso nem sempre é fácil de atingir enquanto escritor. Sobretudo quando escreve uma mulher.

Helena é a personagem principal de «Parem todos os relógios». Esta é uma história de uma mulher que nunca havia amado, professora, tia dedicada, solteirona como tanto gostam de indicar. Um dia, porém, Helena apaixona-se. A vida mudará para sempre e dentro dessa história de amor, como bonecas russas, outras surgirão, pela força do tempo e do legado que os amores são feitos.

Acredite, eu podia escrever muito sobre este livro, contudo, não sinto necessidade de o fazer. Escrevo para lhe contar que nunca um título de um livro fez tanto sentido. Haverá forma mais bonita do que escrever um amor que nos nasce do nada? Parem todos os relógios, disse ela. Parem tudo já. Parem tudo agora. Há um amor a nascer e nestas coisas o tempo não pode, não deve, nunca deveria impor-se na pressa dos ponteiros.

É um bonito livro, apesar de considerar alguns desenvolvimentos um bocadinho inusitados, e desnecessários, como a aventura inesperada de Helena que larga tudo para, no confronto com criminosos italianos, fazer prevalecer esse amor que há pouco lhe falei.

Limando essas arestas, compreensíveis para o decorrer da história na luz do objetivo do autor, este livro torna-se pertinente, sobretudo, pela mensagem que se deveria repetir até à exaustão : o amor é a força de todas as coisas possíveis e impossíveis.

Este é um livro sobre mulheres, família, legados que nos ficam, aventuras de uma vida. Este é um livro que resume todas estas coisas para se subtrair numa só: o amor. O amor em todas as vertentes e a coragem que sempre agrega ao felizardo que o vive. A coragem de viver uma aventura chamada vida e para que assim seja, é forçosamente necessário que parem todos os relógios, como quem reclama o agora, e só o agora.



Seja feliz,

Fantasias de uma Mulher (Siri Hustvedt)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019


O título não engana. Siri Hustvedt, em «Fantasias de uma mulher», tece uma história em torno de uma jovem mulher, de 19 anos, Lily Dahl. Esta mulher vive o sonho de se tornar atriz e nesse entretanto, trabalha num café para ganhar dinheiro e sustentar o caminho que a levará à tão esperada fama. Sem correr o risco de lhe contar mais do que a conta, acredite, Lily não chegará lá, chegará a um lugar muito mais importante.

As fantasias são ventos que passam, muitas vezes, pelos dias cansados e monótonos. A vida de Lily é pautada pelos ritmos e horários rígidos do café, e os ensaios, à noite. Vive no andar de cima do Café Ideal e será após a chegada de um estranho pintor, que a sua vida ganhará um descontrolo que jamais imaginaria.

Passa as noites à janela enquanto vislumbra, do outro lado da rua, a janela do hotel onde o pintor se instalou e onde este se concentra, quase dramaticamente, na pintura dos seus quadros.

O esboço desta história está descrito mas Siri escreveu muito mais do que uma jovem mulher apaixonada por um pintor,  14 anos mais velho.

Há muito simbolismo nesta obra. Na minha opinião, o sangue é um deles. Serão várias as vezes que o leitor será confrontado com o sangue, símbolo da vida e do afeto. Creio que foi este pormenor que me fez gostar, particularmente, desta história.

Mais do que a fantasia de se tornar atriz, Lily, no confronto com as peculiares pessoas que frequentam o café, as suas histórias misturadas com a sua, criam-lhe a ânsia de viver acima de qualquer coisa. Encontra, então, o amor como resposta, caminho que lhe permite, agora, enxergar medos, anseios e fraquezas sobre a perspetiva de quem ousou, primeiramente, encontrar-se a si mesma.

Um livro de amor próprio, de questionamento e, por fim, de redenção.
Apesar de não ser o meu livro preferido (continua a ser, sem dúvida, «O Mundo Ardente»), a combinação do amor e da arte, como referência conhecida da autora,  fazem dele um livro merecedor.



Seja feliz,
 

Agora, sim!

terça-feira, 3 de dezembro de 2019



Agora, sim. Chegou o mês do Natal!
Gosto tanto! 

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