Sementes nos pés

quarta-feira, 29 de maio de 2019

 
 
Seja feliz,

O sonho de viver numa estante de livros

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Quando a minha gata desaparece, eu sei sempre onde a vou encontrar: na estante dos livros. Eu sei, é um clichê as fotografias com gatinhos mas, queiram desculpar-me, não consigo ignorar gatinhos que sonham viver numa estante de livros. ❤
Gatos e sonhos partilhados.


Seja feliz,
 
 

Comfort Zone

segunda-feira, 20 de maio de 2019

 
 
Seja feliz, seja corajoso.

Orlando e o Tambor Mágico (Alexandra Lucas Coelho)

quarta-feira, 15 de maio de 2019


«Orlando e o Tambor Mágico» assinala o regresso da série «As Aventuras de Orlando» de Alexandra Lucas Coelho.
 
Orlando é um menino que não consegue dizer os «éles». O seu cabelo é idêntico do seu pai, nascido na Guiné, mas a sua cor é ruiva, como a mãe, dando-lhe essas características tão ímpares a um menino, por si só, já muito especial. Depois, voltamos a viver a repulsa de Orlando por Cláudia, a menina eternamente apaixonada por ele e que, a todo e qualquer custo que só o amor sustenta, tenta sempre captar-lhe a atenção.
 
Nesta aventura, Orlando visitará Guiné-Bissau com o seu pai, contudo, a Cláudia irá também com a sua mãe. Aquilo que parecia ser uma aventura tão boa, que fazia parar os relógios de tanta ansiedade pelo dia da partida, fica um pouco assombrada pela presença da menina. Orlando parece ficar tímido e sem jeito com a amorosidade daquela menina. Mas, na verdade, esse assunto pode esperar um pouco.
 
Neste segundo volume, Alexandra Lucas Coelho escreve-nos a história de um menino deslumbrado por um novo país, com cores tão diferentes, com um mar que parece abarcar tudo, com árvores que - imagine-se! - se transformam em tambores. E mais, esses tambores falam connosco, são mágicos!
 
Esta história nasce da inspiração da autora no seguimento da sua viagem a Guiné-Bissau, na altura do 25 de Abril. Mais do que uma aventura de um menino por outras terras, «Orlando e o Tambor Mágico» é um convite para pensarmos sobre a liberdade de cada um, a nossa própria liberdade, o amor que nos surge inesperado e o poder redentor da nossa gente. Nada mais indicado para este que é o Dia Internacional da Família.
 
 


Seja feliz,

As medidas da vida


Em The Charles Dickens Museum, Londres (tão bonito!)
Seja feliz,

Ler(-te) em Português | Maio

terça-feira, 14 de maio de 2019

 
Chegou o mês de Maio, repleto de calor, o convite a um Verão que não tarda. O ano parece voar e no que à literatura diz respeito, estou a ser brindada com grandes leituras, grandes livros.
O meu desafio pessoal «Ler(-te) em Português» deste mês será dedicado à leitura de Raul Brandão e o seu «Húmus».
 
 
Com o apoio,
 
Relógio D'Água
 
 
Seja feliz,

Iracema (José de Alencar) | Ler(-te) em Português #Abril

segunda-feira, 13 de maio de 2019

 
«Iracema», de José de Alencar, é considerada uma das mais notáveis histórias da literatura brasileira. Naquela época, o romance não foi recebido da melhor maneira, sobretudo, pela linguagem que o autor adotou na tentativa de se aproximar o mais possível ao vocabulário indígena. É, por isso, um livro que requer atenção redobrada na sua leitura e, particularmente, nos seus duplos sentidos, na possibilidade de vários leitores induzirem perceções completamente distintas entre si.
 
Citando: "Quando o romance foi lançado, um dos poucos intelectuais que manifestou juízo crítico totalmente favorável foi Machado de Assis." Este, sobre o livro de Alencar, referiu:
"(...) e o efeito que ele nos causa é exatamente o mesmo que o autor entende que se deve destinar ao poeta americano; tudo ali nos parece primitivo; a ingenuidade dos sentimentos, o pitoresco da linguagem, tudo, até a parte narrativa do livro, que nem parece obra de um poeta moderno, mas uma história de bardo indígena, contada aos irmãos, na porta da cabana, aos últimos raios de sol que se entristece."
«Iracema» conta-nos a história de amor entre a indígena Iracema e Martim, um guerreiro português. A história começa, precisamente, quando Martim se perde na floresta e é confrontado com Iracema que, assustada, lança uma flecha na sua direção. Ao pressentir que Martim não lhe queria fazer mal, a jovem arrepende-se e parte a flecha ao meio, um sinal de paz.
Começa, dessa forma simples e tão característica, uma história de amor. E uma verdadeira história de amor tem, sempre, empecilhos que a impedem de crescer, motivos que a prendem a um chão que desejam infecundo. Provavelmente não será assim nesta história.
 
Iracema é uma virgem consagrada a Tupã. A sua função religiosa, que requer a virgindade da jovem, consiste em dar aos guerreiros, em determinadas situações, o vinho de jurema - sendo ela a única pessoa capaz de o fazer e sabendo igualmente ser a única capaz desse feito -. O vinho de jurema é uma espécie de droga, que provoca alucinações.
 
Por questões de cultura e de mundos tão diferentes, a relação de Iracema com Martim jamais seria aceite pelo seu pai. Ainda assim, a jovem parte com o guerreiro, contra tudo e contra todos, e dessa relação nascerá Moacir.
 
Considerado uma espécie de lenda sobre a origem do Ceará, José de Alencar, transformou Iracema, com a sua história, numa representação de uma nova terra fecundada pelo povo português.
 
Nesta pequena história existe amor, traição, rivalidade, tudo num conjunto que nos remete para as histórias antigas, repletas de simbolismos escondidos, repletas de mensagens que nos passam bem à luz da nossa própria perceção, daquilo que consideramos fazer mais sentido com base na História que conhecemos.
 
Pese embora a dificuldade inerente à sua leitura, é um livro interessante, com um enorme reconhecimento pelas mais diversas razões, incluindo a linguagem e todo o simbolismo que nos traz.
Gostei da obra, apesar de não me ter arrebatado como desejaria. O seu peso cultural, a sua relevância como obra de culto, bem como o simbolismo patente a unir cultura brasileira e portuguesa, imprimem-lhe a necessidade de continuar a proliferar nas mãos de todos os leitores e cada um, à sua maneira, retirar de Iracema todas as histórias possíveis.
 
 
 
 
Seja feliz,
 
Com o apoio,
 

Ensina-me a voar sobre os telhados (João Tordo)

quinta-feira, 9 de maio de 2019


Voar sobre os telhados pode, num pensamento um tanto descuidado, levar-nos a pensar sobre o que será realmente necessário para alcançar essa proeza. Talvez voar sobre os telhados requeira um esvaziamento de nós mesmos para, mais leves, erguermos o corpo para lá do chão.

A questão que se impõe recai na curiosidade de saber o que deveríamos, então, tirar de nós mesmos para nos tornarmos mais leves. Eis que nos chega, sem pedir, um paradoxo: se aquilo que nos pesa é um vazio que não se explica, como poderemos então voar? Como tirar o peso de um vazio que sempre nos habitou e, pior, nos habituou?

Já disse algumas vezes que João Tordo escreve histórias que sabem a pouco. E não, isto não tem de ser necessariamente mau. Porque não é. Porque é, acredito, intencional. Um pouco que deve, que tem de ser preenchido pelo leitor que, desamparado, recebe uma história que também pode ser a dele. Há uma empatia profunda nas histórias do autor e é precisamente por esse caminho que o leitor, sempre desamparado, encontrará novas histórias em si mesmo.

Assim, neste que é o penúltimo livro escrito pelo autor, conheceremos uma história ramificada por dois personagens centrais, divididos no tempo, na personalidade e nos lugares. Entre Japão e Portugal, desfasado por mais de 100 anos entre si, a história torna-se nesse funil que, pasme-se, tão bem se pode comparar à vida e aos dias que a preenchem, vai afunilando numa história comum.

Tudo parece começar com o suicídio de um professor. O narrador, funcionário do liceu em questão e um alcoólico em longa recuperação, começará a liderar um grupo de professores consternado com a morte do colega. Será numa dessas reuniões de grupo que surgirá a peculiar personagem de nome Katsuro.

É a partir deste momento que Portugal e Japão se cruzam, através de duas personagens com um ponto bem preciso e comum: o tal vazio. Atravessado no tempo, o leitor conhecerá as dores de cada um, aparentemente tão distintas, certamente tão iguais.

Será a semelhança de uma dor, revertida em espelho, que unirá estes dois homens na busca, na procura, no encontro de si. E que caminho de reencontro, esse. A infância, a família, os traumas, as pequenas alegrias mas, sobretudo, os grandes arrependimentos, imprimem a negrito uma história de redenção pessoal.

Desafio-o a conhecer em pormenor a história destes dois homens, ladeados por personagens que nos provam que a solidão nem sempre é requisito para compreender o que vai mal em nós. Por vezes, é precisamente o contrário. É necessário um reflexo, um espelho e dois aprendizes que, em conjunto, aprendem essa arte de voar. Sobre a vida. Sobre os telhados.




Seja feliz,






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