Ressaca literária

quarta-feira, 27 de março de 2019


 
Carol Shields deixou-me numa profunda ressaca literária.
O ano é ainda uma pequena semente, mal ganhou raiz, e ainda assim, «A Memória das Pedras» é já um dos melhores livros deste ano. Ou o melhor, quase que arrisco.
Carol Shields escreve em modo beleza o tempo todo. É sensível, direta quando tem de ser, incisiva na dor, como só a dor sabe ser. Escreve um livro que é um poema, um tratado, um ensaio, uma história perpétua, capaz de se repetir, assim, na vida da gente. De toda a gente.
 
Ler este livro é, permitam-me a redundância, levar com uma saraivada de pedras na cabeça. E que bom que assim é.
Em breve conto-lhe tudo.
 
 
Leia. Leia já.
Confie em mim e vá a correr.




Seja feliz,

Sobre fotografia

segunda-feira, 25 de março de 2019


"Ao contrário do que geralmente se crê, a virtude primordial do fotógrafo não é a rapidez, mas a paciência. Se a tecnologia aumentou as probabilidades de captar o «momento decisivo», as luzes, ângulos, medidas, aparelhagem, temperaturas, tudo isso requer ainda uma atenção paciente e minuciosa. A composição da pose, o arranjo de um modelo, a busca de harmonia entre cores e volumes, a escolha de um local, nunca são obra do acaso ou inspiração, mas o resultado de longos e monótonos preparos. E se de facto o talento e a experiência ajudam, por si só não bastam."

J. Rentes de Carvalho, em «A Sétima Onda»
 
Seja feliz e uma feliz semana,

O dia em que perdemos a cabeça (Javier Castillo)

quinta-feira, 21 de março de 2019


Volta e meia todos nós precisamos de uma história feita de adrenalina, um thriller, um suspense que nos preencha os dias, que nos agite a curiosidade. Para tal requisito, optei pela leitura do tão aclamado livro de Javier Castillo: «O dia em que perdemos a cabeça», editado pela Suma de Letras.
 
Tudo começa quando no dia 24 de Dezembro de 2013, um homem surge nu nas ruas segurando nas mãos a cabeça decapitada de uma mulher. Desde logo, a curiosidade é vendida e paga a pronto pagamento. Confesse leitor, não quer descobrir o que aconteceu? Eu quis. E li. Até ao fim.
 
A investigação deste assombroso caso ficará ao cargo do Dr. Jenkins, psicólogo e diretor do centro psiquiátrico daquela cidade, bem como Stella Hyden, uma jovem agente do FBI, ainda pouco experiente.
 
Ao longo do livro, o leitor terá a oportunidade de, vertiginosamente, acompanhar um caso que parece não ter fim. O suposto assassino, de um penetrante olhar azul, nada diz e tudo parece continuar a acontecer pelas artes mais sombrias e inexplicáveis. Há mortes que continuam a surgir. O homem continua preso, as perguntas continuam a nascer desenfreadamente. Quem é ele? O que fez? Quais os motivos por detrás de tudo isto?
 
Os motivos são muitos. E todos, todos, parecem estar envolvidos. Ligados pelo destino.
 
«O dia em que perdemos a cabeça» poderia ser dividido em duas partes, em termos de reações impostas ao leitor: até aproximadamente à  página 250, o leitor dedicar-se-á freneticamente à leitura, sem parar, na tentativa prepotente de descobrir, primeiro que todos, o que raio se passa ali. Contudo, após ultrapassar aquelas páginas, outro aspeto curioso nos é comprado: a incredulidade.
 
É precisamente neste ponto que vou parar, para o provocar. Javier Castillo teceu uma história irrepreensível capaz de nos comprar a curiosidade ao longo de quase todo o livro. Porém, ultrapassadas ali as tais 250 páginas, goza com a nossa cara. Goza, pois. E isto não tem de ser necessariamente mau.
 
O desenvolvimento deste caso fará com que o leitor coincida os pensamentos com muitas das personagens, todas elas, sem exceção, fragilizadas. Serão várias as temáticas que lhe provocarão essa tal incredulidade. Era isto? perguntar-se-á. Apenas isto? Com base em quê?
 
Não lhe contarei mais porque a boa novidade é que hoje falamos de uma história inacabada. Haverá continuação (salvo erro o título será «O dia em que perdemos o amor») e, estou certa e esperançosa, de que Javier Castillo nos saciará, de vez, a curiosidade e, astutamente, apagará a nossa incredulidade perante uma história vertiginosa, com muitas pontas soltas que se desejam firmes, num nó bem apertado.
Assim seja.
 
Vá descobrir também.
Venha, depois, contar-me tudo. 
 
 
Com o apoio:
 
 

Seja feliz,

A Sétima Onda (J. Rentes de Carvalho)

quarta-feira, 20 de março de 2019


"Nas praias, em Portugal, mesmo quando o mar está manso, ouve-se por vezes gente aflita a gritar, a quem se aproxima da água, para que tenha cautela com a sétima onda.
Mais alta do que as outras, mais lenta, ela espalha suavemente a espuma, para de súbito, traiçoeira, escavar na areia um abismo e engolir os corpos, que nunca devolve.
Diz-se que os espíritos das vítimas ficam presos na rebentação, condenados à pena eterna de rever sete vezes o passado a cada sétima onda."
 
«A Sétima Onda», o livro mais recente de J. Rentes de Carvalho, é um livro que invoca a memória. Em primeiro lugar, em primeira e única instância, este é um livro feito de memórias. É um rebuscar do passado que nunca se tornou como tal, uma mancha misturada entre presentes que, tal como a onda, o empurra para um futuro por definir. Como todos os futuros.
 
Se depois de dias de chuva intensa, decidir caminhar um pouco pela floresta, encontrará uma série de pequenas poças de água cristalina, que brilha ao longe. Nunca lhe aconteceu? Ao chegar um pouco mais perto dessa poça de água, verá o seu reflexo, ali, intacto, fiel, que não revela segredos. Agora, pegue num pequeno galho de árvore e toque na água. A lama escondida no fundo virá ao cima. A água outrora cristalina, disfarçada, já não brilhará. É assim com os segredos, é assim tantas vezes com a memória dos nossos dias.
 
Esta é a história de Bob Márquez, um fotógrafo argentino. Se até então a vida lhe corria pacata, sossegada, com alguma desordem amantizada com a paz dos seus dias, tudo muda quando lhe chega por carta o convite de casamento da sua ex-mulher, Martha.
 
Martha é a sua poça de água em dias de chuva, e será depois desse convite que Bob se sentirá impelido a pegar no tal galho de árvore e remexer um passado que nunca superou na totalidade. É um entrar constante nessa sétima onda, que lhe crava nos pés um abismo cada vez maior.
 
O leitor, ao longo desta sétima onda, entrará com o nosso fotógrafo numa espiral de recordações, amigos que perduram para lá do tempo, amizades suspeitas, um contexto político que muito nos diz e toca, a nós portugueses, e a tantas outras histórias secretas que vai desejar conhecer.
 
Mais do que uma história em que predomina a memória, este é um livro que invoca, igualmente, o amor na sua imperfeição. Um amor imprevisto, como todos eles, atado por laços, de cada lado, muito frágeis. Inesperados.
 
"Tínhamos sinceramente apalavrado o casamento, como se o selo, o sim tivessem mágica bastante para derrubar muros. Não somente os nossos próprios, mas os que vinham de trás, construídos por outros. Dizendo-me eu que bastaria querer, esperar, dar tempo, e a felicidade deixaria de ser o lampejo que por vezes entrevíamos, para se tornar duradoura."

J. Rentes de Carvalho mostra-nos muito daquilo que é suposto viver, aquando a leitura desta sua «Sétima Onda». É esse constante ir e voltar, esquecer e lembrar, afundar e emergir. A vida feita como mar: que oscila, que leva, mas que também traz. Reside a dúvida: o que fazer das nossas memórias? Não tocar na poça de água, não remexer nos fantasmas do passado ou, sem medo, afundar-se na previsível lama que lhe tolda a verdade?
 
 
Para pensar.
É Rentes de Carvalho e basta.
Obrigatório, como sempre.
 
 
Vá ler.
 
Seja feliz,
 

É o João Tordo que regressa

terça-feira, 19 de março de 2019


Hoje nas livrarias.
Corra!

 
Um livro:
 
 
 
      ❤
Seja feliz,

Aparição (Vergílio Ferreira) | Ler(-te) em Português #Março

domingo, 17 de março de 2019


Terminada a releitura de «Aparição» de Vergílio Ferreira, senti-me empurrada para algumas conclusões um pouco drásticas. Penso que estamos perante um livro feito de fome. Mas não nos adiantemos. 
Esta é a história de Alberto Soares, um professor de liceu, destacado para dar aulas em Évora. No dia anterior à sua viagem, será surpreendido pela morte repentina de seu pai. Era o momento de conversas soltas, abraços de quem chega, saudades que se restabelecem, novos diálogos que começam. Depois, o silêncio da surpresa. O som, tão oco, de um corpo, o do seu pai, que inerte se entrega à mesa do jantar.
Esse é o momento em que a nossa personagem principal compra um número infinito de questões. De que matéria somos feitos? Ser, ter, estar, é tudo o mesmo? O que nos define realmente? Tenho um pé, sim, mas sou também esse pé que me segue o caminho. Em que ficamos? Como contornar o vazio da morte pela efusão do estar vivo?
Um livro filosófico, diriam. Mas não nos adiantemos.
Chegado a Évora, conhecerá a família enlaçada com a sua, auxiliando-o na sua chegada, o início das aulas que desponta. A adaptação que se espera. São e serão dias monótonos, vazios, dispersos como a sua alma, que de tão inquieta, pede silêncio como quem se esconde, para não encarar novas questões, respostas que se encontram para, novamente, se perderem em si mesmas. De que vale estar vivo? Qual é, então, o propósito? O pai continuará vivo. Mas está morto. Ainda assim, vivo e quente na memória aflita de quem o relembra, dia a dia. Noite após noite.
De repente, Sofia, que surge como lufadas de ar fresco num Alentejo quente, e que sufoca. Torna-se uma aluna improvisada, sem jeito para nada, ou com jeito para tudo. Ela é uma das três filhas daquela família. Ela é natureza revoltada, que vive porque sim, que se inflama na mesma medida que se apaga. Assim é Sofia: o emaranhado pesado em que Alberto se verá rendido. E essa rendição surge envolta em novas questões, medos, anseios. Fosse ele como Tomás, seu irmão, a quem lhe basta estar vivo e sintonizado nas pequenas coisas da vida: o ar fresco da manhã, os animais do campo, os filhos que lhe nascem com pressa. 
Um livro feito de fome. É a fome de quem não se encontra, de quem por momentos se nega a aceitar a vida. Um algo mais que não parece chegar. Uma música certa, um piano, mãos de criança como esperança vã de um amanhã diferente. Quem sabe?
«Aparição», de Vergílio Ferreira,  um livro repleto de filosofia, sim, mas é também e sobretudo um livro urgente dos esfomeados de vida. Dos perdidos. Dos que ainda ousam procurar. Os que sonham pela redenção. Seja através de si, dos outros, da música, das galinhas, da morte, por fim. 


Este é o livro que lhe pede o espelho lá de casa. O mais sombrio. O mais escondido. O que o surpreenderá com a aparição de si mesmo. O segredo é a distância, a pulsão e a determinação de o encontrar e, por fim, o encarar.

Deambular é o verbo que se exige quando se escreve sobre Vergílio Ferreira. Talvez, só talvez, precisemos todos um pouco de deambular, de parar e pensar sobre essa aparição, de nós mesmos, dos outros, de um mundo que bate ritmado lá fora. Como quem chama por nós. 



Seja feliz,

O Monstro das Cores vai à Escola (Anna Llenas)

quarta-feira, 13 de março de 2019

 
O primeiro dia de escola é um dos maiores desafios de uma criança. A maioria concordará. É o dia em que tudo se transforma, um mundo novo de coisas, meninos e meninas que se vão conhecer, os possíveis melhores amigos escolhidos a dedo, e quem sabe, para todo o sempre.
O primeiro dia de escola nunca é fácil. São muitas as emoções a que o coração se vê sujeito. Será a professora simpática? Será rabugenta? O que irá ela ensinar no primeiro dia? Muitas letras, muitos números, compreender os lugares exatos onde vivem as vírgulas, os pontos finais e também as reticências.
Há todo um mundo para descobrir nesse primeiro dia, o primeiro de muitos que se seguirão. É sobre isso mesmo que a autora Anna Llenas, com o seu «O Monstro das Cores vai à Escola», nos escreve e alerta. Aqui a criança perceberá, acima de tudo, que não está sozinha. Há um mundo a descobrir, um mundo novo, e todos nós sabemos como as mudanças podem ser assustadoras. Mas acalmem os corações: nem tudo é mau e é precisamente esta a cor que se pretende bem demarcada nesta história, e se me permitem, sublinhada a negrito: por mais difíceis que sejam as mudanças, por mais aterradora que seja a ideia de começar a aprender coisas novas, há todo um mundo paralelo de surpresas que farão crescer o coração das crianças, a esperança de um amanhã diferente, de muitas aventuras, e essas, sempre vividas de mão dada com aquele amigo especial, aquele amigo que está lá para o que der e vier.
 
 
 
Uma bonita história que é, também, um recurso fundamental para todas as mães e pais que vivem, ansiosos, o momento de entrada dos filhos na escola.
 

Com o apoio:



Seja feliz,

O livro como casa

segunda-feira, 11 de março de 2019


Seja feliz,

Gaveta de Filmes

 
Sobre este stand up, apenas uma palavra: obrigatório.
Vá ver, já. Não perca um segundo.
 


Seja feliz e boa semana,

A ler J. Rentes de Carvalho

quinta-feira, 7 de março de 2019

 
"Nas praias, em Portugal, mesmo quando o mar está manso, ouve-se por vezes gente aflita a gritar, a quem se aproxima da água, para que tenha cautela com a sétima onda.
Mais alta do que as outras, mais lenta, ela espalha suavemente a espuma, para de súbito, traiçoeira, escavar na areia um abismo e engolir os corpos, que nunca devolve.
Diz-se que os espíritos das vítimas ficam presos na rebentação, condenados à pena eterna de rever sete vezes o passado a cada sétima onda."
 
J. Rentes de Carvalho | "A Sétima Onda
 
De volta ao meu monstro literário.
 
 
 
Seja feliz,

Gaveta de Filmes

quarta-feira, 6 de março de 2019


Sabe aqueles filmes de tão ridículos, mas tão ridículos, se tornam hilariantes?
É o caso deste. Dá para rir volta e meia mas, acima de tudo, para nos pasmar com tanta parvoíce junta. (risos)




Seja feliz,

Ler(-te) em Português | Março

terça-feira, 5 de março de 2019


O «Ler(-te) em Português» de Março será dedicado à releitura de "Aparição" de Vergílio Ferreira. Uma releitura que me faz voltar às aulas de Português, 19 anos depois. A Professora Graça sempre tão snobe, os papelinhos que circulavam, discretos, por baixo das mesas.


Seja feliz,

Atos Humanos (Han Kang)

domingo, 3 de março de 2019


Há quase uma atitude fatídica quando falamos em Han Kang. Quando escreveu «A Vegetariana», o sucesso foi imediato, foram muitas as opiniões escritas, muito se falou, muita tinta correu em torno de um livro que agitou muitas pessoas. Pela positiva. Foram raras as opiniões menos positivas perante a história de uma mulher submissa que, um dia, depois de um estranho sonho, deixou de comer carne. Mas hoje o assunto não é esse. Hoje não estamos aqui para falar sobre «A Vegetariana».

E esta minha introdução, arriscando a falar-lhe de um livro que não é o indicado, não é nada inocente.

Na maioria das críticas a que tive acesso sobre «Atos Humanos», da também Han Kang, verifiquei um ponto semelhante: a tendência de comparar o presente livro com «A Vegetariana». Essa comparação leva, aparentemente e fruto das minhas pesquisas, a avaliar o presente como "menos bom", "menos impactante", "menos", "menos" e "menos".

Eu não concordo. Hoje venho falar-lhe deste livro na sua individualidade, sem comparações com a anterior obra da autora até porque, na minha opinião, estão longe de se comparar naquilo que mais importa: a temática, o enredo, o contexto social e político.

Introduções à parte, «Atos Humanos» é um livro certeiro, cru, cruel, que lhe vai fazer revirar as entranhas, que lhe agitará a consciência, que o fará pensar no quanto a complexidade humana nos continua a surpreender. Aliado a isto, informo-lhe que a escrita de Han Kang é bonita e despretensiosa. Vai direta ao ponto sem esquecer a sensibilidade que, parece-me, a caracteriza. Eu digo, por isso, estarmos perante um bom livro. Os livros que apontam dedos e que, lendo como deve ser lido, nos toca na ferida com dedo afiado.

A história surge na sequência do Massacre de Gwangju, na Coreia do Sul, entre 18 a 27 de Maio de 1980. Esse foi o período em que as pessoas se revoltaram contra a ditadura de Chun Doo-hwan, arrasando as cidades, gritando pela falta de liberdade de expressão. Como consequência, muitas pessoas foram mortas, inclusivamente crianças e jovens. 

Este foi o arremesso da autora para nos escrever uma história chocante, com cenas vividas da maior crueldade, de seres humanos que foram tratados como lixo, violentados, abusados das formas mais impensáveis. Esta é uma história de dor, em que a autora, magistralmente, transforma um massacre humano em massacre literário. A capacidade com que nos faz chegar a dor das personagens, emerge do livro até nós. Faz-nos pensar. Os bons livros são, precisamente, aqueles que nos fazem pensar. Gostemos ou não.

Eis, depois, que surge outro motor que faz girar este livro de Han Kang: a amizade e o amor. É também a jornada do adolescente Dong-ho que, na busca desenfreada pelo seu amigo desaparecido, percorre os caminhos amargos de uma guerra, de posições vincadas por mãos de demónios de carne e osso. Entre a crueldade de uma posição social e política, prevalece ainda assim, a capacidade do ser humano em se reorganizar, em levantar a cabeça, em afogar as mágoas que não podem ser verbalizadas, e viver. Seja na saudade, na nostalgia ou no sonho. Mas viver depois da tempestade. O medo que virá, tantas vezes, mas ainda assim, o viver depois. O viver depois de tudo. A alma que ainda resta no corpo vivo do passado.

"Já alguma vez sentiu essa intensidade assustadora, professor, essa sensação de que passámos por uma espécie de alquimia, de que fomos purificados, de que nos tornámos completamente virtuosos? A luz desse momento, a pureza estonteante da consciência."

Recomendo. Sem reservas.

Seja feliz, 
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