O Céu é dos Violentos (Flannery O'Connor)

segunda-feira, 11 de abril de 2011


Grita. Grita bem alto. Continua.

Tenta. Só mais uma vez.
Continua. Corre por esse fogo que te consome, por dentro e por fora.
E grita.
Continua a gritar bem alto.
Eu estou aqui, do outro lado do fogo.
Tal como tu, Tarwater, para te salvar.

Eles correm em busca da salvação.
Cegos daquilo que só tu sabes.
Que nós sabemos.
Continua a correr, não páres. E grita.
Grita bem alto.
Até agora, só eu te consigo ouvir.

Ao som de: Paula Cole - Mississippi

Nota: Dos livros mais maravilhosamente perturbadores que já li.



Marina (Carlos Ruiz Záfon)

domingo, 10 de abril de 2011


Ao som de: Aqualung - "Brighter Than Sunshine"

O meu estômago soltou borboletas no dia em que te vi. Como poderia imaginar que elas, borboletas, seriam o botão a prender o meu e o teu casaco, de uma vez só?
Aquela tarde, aquele passeio, aquele mistério que começou por ser a tua casa, trouxe-me o sol dos teus cabelos, inundou-me o coração e depois, e depois, as borboletas mostraram um caminho do qual eu não vou querer sair!
Leva-me contigo. Na bicicleta, ou por caminhos que escondem coisas que só nós sabemos, mas leva-me contigo.
As ruas são simples. Os cheiros são conhecidos. As pessoas também.
Contigo, a cada passo, nascem borboletas em mim que me levam a querer percorrer mundos desconhecidos.
Não me deixes preso a este portão, e ao gato de olhar suspeito.
Leva-me contigo, Marina.
Leva-me contigo. Leva-me contigo por esse mundo de borboletas negras...

Com amor,
Óscar

Livro (José Luís Peixoto)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Fiquei com inveja do teu nome.
Fiquei a roer as unhas quando descobri. Gostava imenso de poder ser como tu, de ter essas formas e de ter essa capacidade.
Gostava de ir ao notário e que a minha complexidade fosse de uma plena autenticidade. Nem sei explicar o porquê de tamanha necessidade. Mas tu, só por existires ... está tudo dentro de ti, basta... tu sabes o que basta enquanto falamos um com o outro. Não há espaço para mentiras.
Oh Livro, "posso ler-te"? A tal piada com a qual tu te ris com o umbigo.
Na tua realidade há realidades. Dentro de ti posso ser aquilo que eu quero e entrar em mundos sentidos, e começo a perder a razão. Há sorrisos e chávenas de café. Há sofás confortáveis, com anos de tempos guardados, de segredos, de ponteiros parados, de beijos congelados pelo ferver do coração.
Prefiro perguntar-te isto, ao contrário dos outros:
Livro, ... posso viver-te?

Ao som de: Michelle Featherstone "Coffee & Cigarettes"
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