Ver(-te)#2

sábado, 30 de agosto de 2014

Voltei ao Ver(-te), o espaço da metamorfose dos livros em fotografias.
Por muito que se tente, por muitas palavras inventadas, há sempre alguma coisa que fica por dizer, descoberta na rebeldia de uma imagem (aparentemente) indiferente.


«A Cor Púrpura»
 de Alice Walker, vejo(-te) assim:

 
 
"Consegues imaginá-los, Celie? Porque, para mim, era como se estivesse a ver gente negra pela primeira vez. E Celie, parece uma coisa fantástica. Porque o negro é tão negro que tolda os nossos olhos, e existe um brilho que parece vir da lua, a sério, por ser tão luminoso, mas a pele brilha também ao sol." (p.126)
 
 

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domingo, 24 de agosto de 2014

 
 
  
 
 
 
 
  

O Segredo do Meu Marido (Liane Moriarty)

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Comprei este livro num daqueles momentos em que precisava de um livro leve, leve em calorias intelectuais, para ler aqui e agora, numa tarde, sem grandes esforços. E pronto.
Não podia estar mais errada. Bem, pelo menos estava certa numa coisa. Ao pegarem neste livro, tenham a certeza que não vão descansar enquanto não o terminarem. É absolutamente viciante, intrigante, conduzido com uma mestria tal que deixa qualquer leitor (e aqui, entenda-se, até o menos convencido inicialmente) rendido sem grandes batalhas.
Aqui nem se põe em causa a qualidade da escrita, porque o enredo em si supera tudo, bem como a temática que vem a lume: o poder de um segredo.
Tudo começa pela descoberta de uma carta para ser lida após a morte do marido de Cecelia. No entanto, Cecelia encontra a carta com o marido ainda vivo, abrindo-se desde logo um dilema moral: o que fazer? Desrespeitar a vontade do marido, abrindo e descobrindo a verdade ou não abrindo e convivendo, sabe-se lá até quando, com a dúvida do peso, ou não, de todo um segredo contido em folhas de papel.
Só aqui, o segredo em si, leva o leitor a esfolhear desenfreadamente o livro para tentar perceber, e acompanhar, a jornada de Cecelia e as suas intenções, as suas ações e receios morais. Abrir ou não abrir. Considerar ou não, as vontades de um marido um tanto ou quanto desorganizado em assuntos, supostamente, tão importantes. Tão capazes de mudar cursos de vida. Tão irremediavelmente fortes nessa corrente de despertar tempos antigos e encruzilhadas que foram iniciadas lá longe, mas com desfechos no aqui e agora.
Tudo se centra, assim, nesse segredo e como uma raiz de árvore, ele vai-se alastrando por dentro de cada um desses personagens, cada um destruído por si só, mas cada dia um pouco mais. Com o célebre "e se...?" 
É essa a grande questão que adorna este livro. Os segredos são gavetas que não se querem abertas, por vezes. Mas ...mesmo fechadas, fazem das suas. Eis a questão.
Ficamos em qual dos lados: em abrir ou fechar os segredos que nos assolam a alma?
 
Em cada um dos lados, existem consequências devastadoras...
 
Este livro é mais um daqueles casos que me obrigam a encarar os preconceitos perante os meus julgamentos fáceis sobre este ou aquele livro.
Aparentemente leve, este é um livro com uma temática surpreendente.
 
A reter.
 
 
Boas leituras!
 

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Depois de tu partires (Maggie O' Farrell)

domingo, 10 de agosto de 2014


 
Um livro muito bom, este.
Já escrevi sobre Maggie O'Farrell e reafirmo aqui o seu talento. A sua escrita tem qualquer coisa que me faz pegar nos seus livros mais do que uma vez, como agora.
Esta é a história de Alice, uma jovem viúva, que decide viajar até Edimburgo para visitar as irmãs, mas que pouco depois de desembarcar vê algo que jamais deveria ter visto, abalando drasticamente a já sua frágil estrutura psicológica. Momentos depois, Alice encontra-se numa cama de hospital, em coma.
É nesse ponto que todo o livro se desenvolve, numa névoa de recordações e saudades de Alice, misturadas com a dor de quem perdeu o que tinha, e descobriu o que não sabia.
Com um talento irrepreensível, Maggie O'Farrell vai conduzindo o leitor numa história de perda, de descoberta, entre o passado e o presente de uma família com muitos recantos escondidos.
De um modo verdadeiramente envolvente, descobrimos segredos impulsionados pelo silêncio e forjados pelas mentiras, que acabam por não resistir à força do destino, à força daquilo que tem de ser.
 
 
Recomendo vivamente todos os seus livros.
 
Boas leituras!
 
 
www.wook.pt: Alice Raikes dirige-se à estação de King’s Cross onde irá apanhar o comboio que a levará até à Escócia para visitar a sua família. Horas mais tarde encontra-se em coma no hospital de Londres, após um acidente que se suspeita ter sido uma tentativa de suicídio. A partir daqui, Alice começa a reconstituir o passado que lhe trará respostas para o sucedido.

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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

 
 
 
 




A Irmã de Freud (Goce Smilevski)

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Um livro violento, sem o ser propriamente. Porque a violência não é forçosamente específica, mas quando existe, nebulosa ou não, é forçosamente sentida. «A Irmã de Freud» foi violentada de várias formas, do menos ao mais cruel, sendo o menos uma mera figura de estilo. Uma ironia, se quiserem.
Em 1938, numa Áustria ocupada pelo regime nazi, Sigmund Freud recebe um visto para fugir para Londres e, assim, escapar à ameaça de terror.
Na contracapa do livro também nos é possível saber que da lista de 16 pessoas que pretende levar consigo fazem parte todos, menos as suas quatro irmãs. Abandonando-as. À sua sorte. E que sorte essa.
O livro de Goce Smilevski é centrado na vida de Adolfine, uma das suas irmãs e naquela que foi a sua jornada, a sua vida, na sombra de um adorado, e estranho, irmão. Mas muito mais do que isso.
 
Neste livro conhecemos a vida cinzenta de uma mulher, cinzenta pelas sombras de várias pessoas cuja influência a marcou profundamente. Uma mãe severa que repetidamente relembra o seu nascimento como um castigo, um acidente que deveria, a todo o custo, ter sido evitado. Um irmão que guardou em si todos os seus sonhos, em papel de seda, intocáveis, que se alargam nos dias para perdurarem no coração. E, mais tarde,  para queimarem, porque extinguem à força da mágoa de quem engana, com ou sem intenção.
Ficaria o vazio. Ou o abismo. Que de tanto o olhar, olhou para ela também. Já assim dizia Nietzsche.
Quanto ao amor, também Adolfine amou muito. Mas ao lado. Amou bem, mas ao lado. Quando digo que amou bem, é porque amou com o que tinha, sem artimanhas de espécie alguma, mas igualmente sem retorno que igualasse a dimensão do que pretendia ao dar de si mesma. Ao dar de si, esperava dar ao mundo algo seu também. O desejo de vir a ser mãe acabou por se desmoronar. Por ser esquecido. Como tudo o que a sua vida representou. Num mundo de amnésias forçadas, quartos fechados, páginas viradas. Com pessoas lá dentro.
 
Dessas pessoas, a negrito, foi escrevendo e vivendo sob as teorias de um irmão que amou, com uma ternura e sensibilidade que é impossível apurar nos livros deste, sempre cru e frio. Um dos pormenores que mais me impressionou.
 
"Ia entrando na morte e assegurava a mim mesma que a morte não é senão o esquecimento. Ia entrando na morte e pensava que um ser humano não é senão aquilo de que se recorda." (p.329)
 
 
 
 
Ao som de: K's Choice "Everything for free"

"Where I go, what I'll become or who I am or what I'll be
I'll never know, but I am sure that I'll get everything for free"

 

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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

 
 
 
 
 

Esta está muito engraçada ;)
 
 
 
 
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