Party?

segunda-feira, 31 de agosto de 2015


O Amante Ingénuo e Sentimental (John le Carré)

domingo, 30 de agosto de 2015


Levei imenso tempo a ler este livro de John le Carré. O primeiro livro que li do autor e, muito honestamente, não penso começar a leitura de outro muito em breve. Ou alguma vez sequer...
Foi uma verdadeira desilusão.
Primeiro, penso que a minha escolha não foi a melhor porque, pelo que pude observar, o tema deste livro foge dramaticamente dos usuais do autor pelo que, esperançada estava eu numa coisa e deparei-me com outra totalmente diferente.
Com o quê, perguntam vocês?
Pois. Na verdade, nem sei bem responder com o que me deparei.
Estamos perante um livro confuso, e tal não se deve a uma genialidade de escrita que ultrapasse barreiras - nada disso - simplesmente se fica a vaguear, muitas vezes, numa incompreensão, dada as passagens abruptas deste amante ingénuo e sentimental, de um campo para o outro, entre as suas dúvidas espirituais e a sua vida, tão concreta entre número e percentagens.
Envolvido num drama em nada pequeno, vive entre as suas dúvidas existenciais a par com um casal dúbio, e sinistro, de nome Shamus e Helen. É através da relação de Cassidy, o amante ingénuo e sentimental, e este casal, que o enredo se desenvolve de uma forma, muitas vezes, alucinante e quase esquizofrénica. Talvez seja uma forma de espelhar o quanto as dúvidas existenciais, os medos e anseios, podem destruir as bases que regem a vida, afinal, tão simples...
Ficaram apenas impressões. Exatamente como os quadros do impressionismo, um pontinho de compreensão aqui e acolá.
Não gostei. Não recomendo.
E não tenciono voltar, tão cedo, aos livros de John le Carré.
 
Boas leituras!

É o espelho

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

 

* Sempre Vivemos no Castelo * (Shirley Jackson)

sábado, 22 de agosto de 2015



Shirley Jackson nasceu em 1916 e é considerada uma das mais influentes escritoras norte-americanas. Herdeira da grande tradição do género gótico americano, iniciada com Edgar Allan Poe, teve uma vida curta - tal como Flannery O'Connor, outra das grandes escritoras da sua geração -, mas foi uma autora prolífera. 
Até ao ano de 2010 a obra de Shirley Jackson estava ainda inédita em Portugal.
 



Este livro narra a história da extravagante família Blackwood e da Mary Katherine, personagem inesquecível, que dá vida aos objetos, convive com eles em deambulações verdadeiramente mágicas, enterra tesouros pelo terreno da casa e passeia com o seu fiel amigo, o gato Jonas.
A história começa com Mary Katherine, ou Merricat, a ir ao mercado na aldeia, como uma das tarefas mais custosas, enfrentando as pessoas como quem enfrenta verdadeiras batalhas, verdadeiros demónios.
Em casa, vive com a irmã Constance e o seu tio Julian. Toda a restante família está morta.
Ela vive em perfeita harmonia com a irmã, o tio e o seu querido gato Jonas. Entre os passeios pela enseada, a construção de passagens secretas pelo quintal, novos segredos enterrados ou os cozinhados maravilhosos da irmã, tudo faz sentido na vida fechada daquela família de sobreviventes.
O segredo que os hostiliza, fora das paredes da grande casa, que enaltece a curiosidade dos vizinhos, cujos olhares Constance foge e Merricat protege, mantêm-se num lume brando durante toda a leitura, e também não vou ser eu a contar-vos.
O que poderá justificar um silêncio e isolamento tais que obriga três pessoas a refugiarem-se numa casa, sem contacto com o mundo lá fora?
Uma família outrora tão respeitada e, agora, entregue a si mesmo numa solidão apenas cobiçada pela curiosidade dos vizinhos que não entendem. E que segredam. E que maldizem. E que lançam pragas.
Para Merricat, no entanto, tudo parece estar na ordem dos dias perfeitos.
Sonhadora, acredita no poder de palavras mágicas para afastar o mal que as pessoas carregam nas costas, nas mãos e em todo o lado, porque são demónios que estragam a ordem das coisas:
 
"Eu estava a pensar em Charles. Podia transformá-lo numa mosca e deixá-lo cair numa teia de aranha e vê-lo a emaranhar-se e indefeso e a debater-se, fechado no corpo de uma mosca zumbidora e moribunda; podia desejar que ele morresse até ele morrer. Podia atá-lo a uma árvore e deixá-lo ali até ele ser absorvido pelo tronco e a casca da árvore lhe crescer por cima da boca." (p.129)
E Charles chegou, com os seus passos pesados para estragar a ordem perfeita da casa. Das coisas. E ela sabe que não pode continuar assim. Nem ela. Nem Constance. Nem o tio Julian.
A casa tem de voltar a ser como era. No seu silêncio. Na sua ordem.
 
 
"Sempre Vivemos no Castelo é uma memorável dramatização da agorafobia levada ao extremo" (Rogério Casanova, revista Ler)
 
Levada a um extremo impossível de medir. O mundo, as pessoas, são aqui percecionadas de um modo tão assustador que a casa, mesmo aos bocados, será sempre o lugar que não desilude.
Será o lugar que acolhe, que esconde e que protege. Onde só, e apenas só, Merricat pode ser "tão feliz".


Um livro que recomendo com as duas mãos!


Modelito da fotografia: Mirtilo, o gato leitor ;)

O emigrante perde sempre

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Texto de J. Rentes de Carvalho 
Retirado do Blogue "Tempo Contado"
(infelizmente já encerrado por falta de disponibilidade do autor)

 
"O emigrante perde sempre. Pode ter sido intensa a esperança com que partiu, grande a sua vontade de vencer, digna de respeito a perseverança com que fez frente às dificuldades, admirável o que alcançou. Podem, aqueles entre quem vive, reconhecer-lhe valia, chamá-lo um dos seus, passar por alto o que lhe encontram de exótico ou diferente. Pode ele sentir-se salvo, realizado, sabe o que aprendeu, julga os outros por si, mas no regresso não vai encontrar entusiasmo nem boas-vindas.
Às vezes pequenas, subtis, nalgumas ocasiões inesperadamente grosseiras, desdenhosas, da menina do balcão ao guarda-republicano, do burocrata ao empregado do café, do taxista à enfermeira, mesmo de amigos e conhecidos não vai faltar quem lhe aponte erros e diferenças. Olhe que não se diz assim! Então não sabe o que é uma francesinha? Disso já cá não há! Tivemos o multibanco antes do estrangeiro!
De nada lhe servirá esforçar-se, insistir, dar prova de que pertence: o ninho rejeita-o. Mas a ninguém  dará conta da sua tristeza e desespero: afivela a máscara do sorriso, finge boa vontade, cegueira, entra no coro, diz que sim, realmente: cá é que é, cá é que temos o solzinho, as praias, a boa comida."
 
Gostei imenso deste texto. Basta ser de quem é.
Nada tenho contra os emigrantes, nem tão pouco é essa a intenção do texto. Pelo contrário.
É antes evidenciada a mágoa pelos que vão e retornam, sabendo que nada, jamais, será como antes.
 
Boas leituras.

You're in love

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

 
 
"Tal como às vezes digo que, em vez da felicidade, eu acredito na harmonia, penso que o amor é o encontro da harmonia com o outro."
José Saramago
 
 
Tanta harmonia, que até pode cegar...
Parto-me a rir com estes desenhos da Sarah Andersen!
 
Boas leituras. Bons momentos.

Simple Kind Of Life

terça-feira, 18 de agosto de 2015

 
Retirado Pinterest
 

O mistério das malas femininas

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

 
 
Aconteceu-me ontem. Aconteceu-me hoje. E vai acontecer amanhã!
Tens a certeza que está ali. Mas... , surpresa! não está!
 
Irritante.
E o mistério permanece.

Amor & C.ª (Julian Barnes)

domingo, 16 de agosto de 2015


Voltar a Julian Barnes é algo que faço, sempre, com expectativas muito elevadas uma vez que é um autor que rapidamente assumiu um lugar cimeiro nos meus autores conceituados.
Mais uma vez, não me desiludiu. Porém, devo dizer, que pela primeira vez, pensei dar-vos uma opinião bem contrária aquela que estou prestes a tecer.
 
Este «Amor e Cª», e talvez o título seja previsível, centra-se num triângulo amoroso e, confesso, que só por aí me criou algumas reservas, no início. A minha ideia do livro era totalmente diferente.
A escrita, dirigida ao leitor, apesar de por vezes cómica, não me estava a agradar por sentir as personagens um tanto idiotas e ocas, no entanto, dando uma oportunidade e avançando na leitura, somos surpreendidos pela mensagem real que Julian Barnes pretende com este Amor. E com a Companhia.
 
Que o amor pode, rapidamente, se transformar numa perigosa armadilha, não é novidade para ninguém. Pelo menos, não deveria ser. E também que, mesmo não sendo novidade para ninguém, todos acabam por lá cair.
Porque querem. Porque, no fundo, é o desejo de todos. Cair. Cair louca e profundamente numa armadilha, quase mortal, e derradeiramente atirarem-se. Atirarem-se, ainda mais, a um precipício que, paradoxalmente, os salvará das agruras dessa vida tão cinzenta, tão vazia, tão oh!, ingrata, injusta, monótona, sem esse amor, sem essa companhia, sem esse abraço, sem essas palavras quentes que aquecem a alma e deixam o corpo numa ronha de manhã de Sábado.
 
Tudo muda. O sentido da vida muda. Tudo se transforma, até os sentidos ganham uma nova dimensão. Chega a ser ridiculamente comovedor, para quem vê de fora.
E quem vê de fora, parece auspiciar o mesmo. Uma nova dimensão. Uma companhia. Uma oportunidade de redenção.
 
"Apaixonei-me por ele naquele momento, apaixonei-me por ele porque. É uma espécie de necessidade social (...)" [p.74]

Stuart. Oliver. Gillian.
Eis as três personagens que dão vida a uma história que poderia, perfeitamente, ilustrar a vida de qualquer um. Feliz ou infelizmente.  
Felizmente porque seria sinal de amor.
Infelizmente porque seria sinal de companhia.
 
E é precisamente este o ponto que gostaria de realçar quanto a esta minha leitura.
O amor é dos sentimentos mais desejados, não há dúvida. Amar e ser amado, na mesma medida, ou mais, não interessa. Mas ser amado. Amar. Encontrar a pessoa, seguir uma nova jornada, encaminhados por essa companhia, certa, destinada.
 
Mas e se, na verdade, existir outra companhia?
 
 
E se, na verdade, aquilo que se considerou o início de uma jornada tão acertada foi, afinal, a previsão de uma companhia alheia, um futuro prestes a desenhar-se... para outra pessoa?
Não faço questão de adiantar-vos nada da história, pois poderão achar demasiadamente previsível, e poderão igualmente sair (positivamente) surpreendidos com esta, eu diria, lição de Julian Barnes.
 
As perspetivas colocadas em cima da mesa, sobre os relacionamentos, sobre os amores e desamores e, sobretudo, os receios e as dificuldades das decisões, depois de tomadas, são exemplarmente edificadas exigindo reflexões profundas, bem depois de fecharmos o livro.
 
"A previsibilidade. Cortejar, Conquistar, Cansar, Acabar-Tudo. O mesmo enredozinho sinistro. Sinistro, mas nem por isso menos propenso a criar habituação. Após cada falhanço, a procura de mais outro falhanço. Façam mas é um mundo novo!" [p.146]

Nada é assunto novo, neste livro. No entanto, a forma como as questões são retiradas e postas a lume, para reflexão, surpreendem e amadurecem ainda mais um tema para sempre verde.
Verde porque jamais haverá alguém capaz de entender as leis do coração.
Feliz ou infelizmente.
Felizmente porque há muita coisa que justifica o enaltecer desse amor.
Infelizmente porque há muita coisa que justifica a maratona de quem não quer saber, sai a correr, e não volta.
Nunca mais.


Recomendo!
Boas leituras

A melhor!

sábado, 15 de agosto de 2015

Não costumo falar de séries por aqui.
No entanto, há uns dias questionavam-me sobre séries e muito honestamente, apesar de seguir várias, apenas uma merece verdadeiro destaque.
 
Para mim, pois está claro!


 
Das melhores séries de sempre.
 
 
Deixo-vos a promo da Season 1, relembrando que a série já vai para a Season 11
 

E vai uma (senhora) música!

 

O Som e a Fúria (William Faulkner)

segunda-feira, 10 de agosto de 2015


Este livro provocou-me dois sentimentos contraditórios.
O primeiro foi o espanto em aguardar dois anos para me decidir a retirá-lo da estante. O segundo, a tristeza em, finalmente, o ter lido. Eu disse que eram sentimentos contraditórios.
Um clássico incontornável da literatura, este «O Som e a Fúria» é sobretudo invocado pela sua difícil leitura e por ser a menina dos olhos do seu autor, William Faulkner. Ele que referiu ter sido o livro que mais sofrimento lhe causou, tendo levado anos a ser escrito e acabado.
É um livro tão inesquecível que pelo facto de já o conhecer, tão triste fico ao saber-me deste lado e e prever os afortunados que por aí andam que ainda poderão vir a sentir a ansiedade, a dúvida, a incerteza enquanto leitor para, depois, numa derradeira viragem, tudo acabar numa serenidade que só uma obra magistral como esta pode dar.
 
Dividido em quatro partes, narradas por diferentes pessoas, o leitor entra de olhos vendados na vida de um casal e dos seus quatro filhos. Um enredo familiar negro, triste e pesado.  
 
Pela voz de Benjy, com um atraso no seu desenvolvimento, apenas se expressa pelo choro constante que aborrece. E enerva. Só Caddy, a irmã, o ama de verdade, e também só ela tem o dom de o acalmar.
Entramos assim numa espiral de dúvidas, em que não há qualquer respeito temporal no discurso de Benjy, navegando pelas memórias familiares, pelos acontecimentos que vão surgindo pela corrente dos seus próprios pensamentos. O leitor, então, terá de ir tateando e descobrindo por si mesmo, numa névoa ainda muito cerrada, os acontecimentos de uma tragédia que se adivinha...
 
Segue-se um discurso mais coerente, mais nem por isso mais claro, de Quentin. Precisamente na véspera do seu suicídio. Neurótico e depressivo, este jovem vive de dentro para fora, entregue a uma dor que só ele conhece. Parece agora ao leitor que a névoa se vai dissipando permitindo conhecer um pouco mais desta família obscura. O discurso mais fluente de Quentin ajuda a enquadrar mais e melhor os Compson num quadro cuja cor há muito foi extinta.
O amor a Caddy, por muitos incompreendido. "Sabes o que é ter uma irmã, sabes?" A desonra. O bom nome de uma família. O orgulho ferido. Fui eu, Pai. Não fui. Fui eu.
E as dúvidas permanecem.
 
É o irmão Jason quem assume a terceira parte do livro. Num discurso agora totalmente possível de compreensão, esta personagem irascível, racista e ambiciosa, descreve aquilo que falta para, finalmente, a visão das coisas clarear de uma vez só.
Jason assume uma família que não quis para si. Caddy, a irmã que ("uma vez puta, para sempre puta") manchou a imagem da família mortalmente, matando o pai de desgosto. Ela trouxe ao mundo a sobrinha que agora tem de criar, em boa parte ao respeito, que mais não seja forçado, pela mãe, vivendo amargurado e oprimido pela raiva de uma vida roubada pelo destino de outros.
 
Por último, Dilsey, a empregada negra que tudo viu começar naquela casa onde o mal impera, deseja - mesmo que inconscientemente - ver igualmente tudo acabar.
 
Se há palavra que caracterize as personagens centrais deste livro, essa palavra é egoísmo. Todos eles giram em torno de si mesmo, nos seus queixumes e dores.
E depois, temos Caddy, ausente e presente em toda a história.
É o amor e o ódio a esta mulher. O som e a fúria que provoca em tudo o que toca e agita em seu redor.

 
Apesar da dificuldade de leitura que, no meu caso, com o prefácio de António Lobo Antunes, me permitiu desde logo uma maior facilidade na mesma, considero estar perante um dos melhores livros que já li. 
Pelo enigma, pela densidade psicológica e física de cada personagem, pelo clima que se sente constantemente árido e frio, pelo drama e, obviamente, pela escrita magistral que ondula e nos leva mesmo sem saber bem para onde, mas que nos leva.
No fim, há a certeza da compensação de ir sem questionar.
 
Magistral!

Horrível sanidade

domingo, 9 de agosto de 2015

Dude! Chill out...

quinta-feira, 6 de agosto de 2015


Zangados ficamos assim.
ASK ME WHY! 'CAUSE I'M ANGRY!!!
(Ruben, olha só o que eu encontrei!)
 
 
Podem sempre...
 
 
 
Com o quê?
Com um bom livro, pois claro! 

O Poder dos introvertidos

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Tenho uma admiração incalculável por esta senhora, Susan Cain.
A investigação que levou a cabo sobre a introversão, ao longo de sete anos, enfatiza a importância destas pessoas no mundo e, sobretudo, o sublinhado a negrito contra o preconceito quase inconsciente a que se assiste perante estas pessoas na sociedade.
Hoje, porque sim, resolvi partilhar aqui esta conferência que já vi e revi vezes sem conta.
Numa pequena mala, como metáfora dos tesouros que todos trazemos escondidos em nós mesmos, a autora vem munida de inúmeros ... livros.
Acreditem. São 19 minutos que valem muitos mais!
 
Sejam felizes!


 
 
O livro: "Silêncio" | Susan Cain
 

Água Viva (Clarice Lispector)

domingo, 2 de agosto de 2015

 
No último livro que li, Miguel Sousa Tavares conquistou-me ao dizer que um livro, para o ser, deve conter personagens e, acima de tudo, uma história. Sem uma história, não há nada de verdadeiramente real num livro. Sem história nada se encontra.
Curiosamente, em seguida o livro com que me deparo é o de Clarice Lispector, cujas palavras tentam decifrar, moldar ou materializar coisas. Pinturas. Paisagens. Ou muito mais do que isso.
Convicta da necessidade de uma história concreta, não acreditei muito nas intenções deste livro e, um pouco inerte, fui lendo.
Comecei, então, a ver. E a perceber.
Neste livro, a ausência de história acaba por, mesmo sem querer, ser uma história.
Poderão as incertezas e os apelos a um amor, aparentemente distante, serem mais fortes do que qualquer coisa nesta vida? Penso que não.
 
"Escrevo-te porque não me entendo."
 
E muitas outras coisas haveriam de existir, sem existir. Sem serem, de facto, compreendidas, materializadas. Apenas vividas num torpor de quem assim quer continuar: viva, apesar da obscuridade em que se encontra. Apesar dos abismos. De portas sempre trancadas, jamais solícitas ao grito de quem desespera, do lado de lá.
 
"Não sei sobre o que estou escrevendo: sou obscura para mim mesma."
 
Numa ausência de história, Clarice Lispector projeta sentimentos. Vários. Vendidos a peso.
Peso dos dias. Das horas. Dos minutos contados.
Quem se atrever, que mergulhe.
Nessa água viva.
 
Há sempre um nome.
E mesmo na ausência de uma história, quem souber, encontrará o fio à meada.
No fim, tudo fará sentido, numa escrita assustadoramente arrebatadora.


 
Boas leituras.
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