O meu desafio literário 2017

sábado, 31 de dezembro de 2016


Ter medo de livros é coisa que me assiste. Muitas vezes.
«Em Busca do Tempo Perdido» sempre foi um desses (peculiares) casos.
Pois que seja agora. Vamos ler Proust!
 
Desta vez ousei criar dois projetos porque há muito que tenho seis livros em específico a ganhar raízes na estante. Não me perguntem porquê que não os leio. Não sei. Passo por eles e penso "Amanhã?".
E desafiando-me a coisa funciona? Algo que me diz que sim.
A complexidade humana tem destas coisas (risos).
 
 
«Os Seis a Ler(-te)» irão aparecer por cá, de surpresa, ao longo do ano. 
 
 
Vamos ler.
Boas leituras!

Os Memoráveis de 2016

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Eis chegado o momento da retrospetiva literária.
Este ano são 15 os livros que se tornaram memoráveis:
 
 
 

Bons momentos e muitos, muitos livros.
 

Ler(-te) em Português de Dezembro


Comecei o meu desafio literário de 2016 com Eça de Queirós e fecho precisamente da mesma forma, desta vez, com a obra «A Relíquia».
Se me falavam da dimensão grotesca, digamos assim, da personagem principal - Teodorico - fiquei ainda mais perplexa depois desta leitura. Que. personagem. esta.
Confirma-se, mais uma vez, a crítica acutilante de Eça, desta feita à religião e à fé de um modo que não deixa de ser cómico, permitindo-nos, entre reflexões, uma ou outra gargalhada perante cenas verdadeiramente hilariantes.
Esta é, simplesmente, a história de um sobrinho que, sob a influência de um mau amigo, se centra em encontrar todas as formas para, subtilmente (ou não?), ficar com a herança da sua devota tia.
Serão muitas as peripécias que rondarão Teodorico e, caro leitor, não querendo desvendar demais sobre uma história que merece destaque em primeira mão, permita-me apenas dizer que nada correrá bem a um rapaz de coração pequeno, plantado em lugar errado e, sempre, por mais que se tente endireitar, jamais o conseguirá. Dualidade, diriam muitos.
 
Não poderia ter terminado este desafio literário a que me auto propus da melhor da maneira. Percebo agora que Eça de Queirós é sempre surpresa garantida, valendo cada minuto do nosso (sempre precioso) tempo.
 
Boas leituras!
 
 
Chega ao fim o desafio «Ler(-te) em Português»!
Agora, tenho a certeza que muitos mais clássicos portugueses aparecerão por aqui!
 
Boas leituras.
 
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Poderão ler mais informações sobre este desafio pessoal, aqui
 
Ler(-te) em Português de Janeiro, aqui
Ler(-te) em Português de Fevereiro, aqui 
Ler(-te) em Português de Março, aqui
Ler(-te) em Português de Abril, aqui
Ler(-te) em Português de Maio, aqui
Ler(-te) em Português de Junho, aqui
Ler(-te) em Português de Julho, aqui
Ler(-te) em Português de Agosto, aqui
Ler(-te) em Português de Setembro, aqui
Ler(-te) em Português de Outubro, aqui
Ler(-te) em Português de Novembro, aqui
 

Numa casca de noz (Ian McEwan)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016


O mais recente livro de Ian McEwan retrata uma história aparentemente muito banal nos dias que correm, contudo, a forma como nos chega, a forma como é narrada, marca pela diferença e permite, paralelamente, uma reflexão muito mais aprimorada sobre a temática da traição e a descrença no ser humano.
 
Esta é a história de uma mulher que, amante do cunhado, decide que quer matar o marido. Juntamente com o amante, arquitetam assim o plano perfeito para tal. Já diziam os mais antigos que crime perfeito é coisa que não existe e, no presente, não poderíamos estar mais de acordo.
 
Quem nos faz chegar todas as novidades deste casal tão obsceno é o bebé que a mulher carrega na barriga. E é esta a parte que pretendo frisar: o autor criou um narrador impossível de não nos apaixonarmos por ele a cada página que se vire. Um nascituro culto, inteligente, com uma audição para lá do sublime, consciente das amarguras humanas, consciente, acima de tudo, dos amores e desamores que comandam o mundo.
 
Ele quer garantir um lugar no mundo. Quer ser amado. Teme a ausência da atenção tão certa ainda antes de nascer e, honra seja feita ao autor, a forma como tudo é narrado ao longo de uma história tão fria e despojada de amor, permite ao leitor cair na mais profunda consciência e no confronto, tão hostil, com a mesquinhez que um ser humano é capaz.
 
Por esse confronto, pela limpeza da escrita e pela forma como atinge pontos verdadeiramente cruciais à inteligência emocional de cada um, eu recomendo amplamente este pequeno livro.
Pequeno como um bebé, grande como uma promessa.
 
Boas leituras!

A Improbabilidade do Amor (Hannah Rothschild)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016


Este livro foi uma verdadeira surpresa. Digo isto porque, na verdade, as minhas expectativas eram nulas. Confesso, até, algum ceticismo aquando da leitura e explico porquê:
 
"Para quem anseia por uma irresistível mistura de arte e intriga ao jeito de O PINTASSILGO, de DONNA TARTT, este romance vai saciar-vos completamente."
Library Journal
 
Não aprecio quando fazem este tipo de comparações. Eu admiro, a roçar o patológico, o trabalho da Donna Tartt pelo que, conseguem compreender, o meu ar de intriga perante este livro de Hannah Rothchild. (risos)
 
 
A verdade é que, na minha opinião, este livro não se pode comparar ao género ímpar da Donna Tartt, no entanto, estamos também perante um livro muito bonito e que aborda temáticas singulares, interligando tanta coisa ao mesmo tempo que não posso, de todo, deixar de o recomendar.
 
O livro de Hannah Rothschild fala de amor, fala de arte e fala da improbabilidade que cada pessoa tem dentro de si mesma. Eu pelo menos perceciono dessa forma. Cada pessoa, tal como uma obra de arte, pode despertar em si mesma, e pelos outros, o melhor ou o pior de si mesma. A autora faz isso, aliando o poder da arte, bem como o seu mundo obscuro e outros que tais, de uma forma exemplar.
 
Não vou contar tudo porque a história que a autora pretende desvendar, cheia de mistério até ao fim, merece ser descoberta em primeira mão. Asseguro-vos, sim, que vale a pena as pouco mais de 500 páginas para tal. Há cultura, há História e encantamento, asseguro.
 
«A Improbabilidade do Amor» é muito mais do que um quadro perdido numa loja de antiguidades que, por mera coincidência, foi parar às mãos de Annie. É a história paralela do mundo mágico da arte e o quanto, se quisermos, pode ser transferida à nossa vida, acreditando e tal como citado acima: "dando provas."
 
Gostei e recomendo.
Boas leituras.


Rir!

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

 
 
Rir é viver profundamente.
Milan Kundera

 

Espírito Natalício

domingo, 18 de dezembro de 2016

 
:)



Sítios inesperados

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

 


 
"- Uma das coisas boas de nos apaixonarmos - comentou Larissa - é que ficamos abertos e vulneráveis; acabamos em sítios inesperados."
 
In "A Improbabilidade do Amor" | Hannah Rothschild

A Indignação

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

 
Os pensamentos profundos, e altamente indignados, do meu Principezinho de 3 anos.

 

Um, ninguém e cem mil (Luigi Pirandello)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Este livro é absolutamente espetacular. Tenho de começar, desde logo, a dizer as melhores coisas de Luigi Pirandello e deste «Um, ninguém e cem mil», ainda antes de me debruçar sobre a história propriamente dita. Que livro espetacular e singular.
Dos melhores livros que li este ano, sem sombra de qualquer dúvida.
 
Por exemplo, eu acho uma determinada pessoa burra como um cepo. Limitada. Estúpida. Arrogante e com o coração plantado no lado errado. Por outro lado, essa mesma pessoa considera-se a melhor do mundo, com tudo no sítio, psicológica e fisicamente.
Conseguem entender onde quero chegar? Parece básico, não?
 
Mas a questão da consciência, da perceção do outro, individual e social, imposta por Pirandello, neste livro, assume tal dimensão, quase paranoica (ou mesmo?), que o leitor quase resvala também no risco de assumir uma nova personalidade, diria, a dar para o esquizoide (risos).
 
Este livro, desculpem o meu entusiasmo e risco de exaltações repetidas, é genial nesse sentido (e muitos outros). A perceção, e a irrelevância que o autor incute na consciência afinal, é tão magistralmente evidenciada que é impossível não nos rendermos e, quase, nos ajoelharmos perante um dos melhores livros do mundo.
 
Um homem, depois de contemplar o seu nariz e perceber, através da perceção da própria mulher, que aquele pende um pouco para a direita, cai numa reflexão profunda sobre os olhares dos outros quanto à sua própria pessoa sendo, então e afinal, não apenas uma pessoa, mas um ninguém ou cem mil, face às inúmeras perceções de quem consigo cruza.
 
Um dos exemplos dados pelo autor incide numa passagem em que uma das personagens recebe alguém na sua sala e, mais tarde, surge outro convidado. A necessidade de se livrar do primeiro impera não pelo trabalho de ter duas pessoas no mesmo espaço mas, antes, pela transformação do Eu em várias mediante os olhos ali expostos. O próprio personagem esmiuçava esses Eus, do género: eu como me vejo, o eu como ela me vê, o eu como ele me vê e o eu como acredito que ele me vê.
 
Porque, na verdade, nós somos uma espécie de matrioskas. Dentro escondemos segredos e facetas, tão diferentes umas das outras. E esses outros acabam, indelevelmente, por se transformarem em espelhos inoportunos. Cada um reflete pedaços de nós quando, nem sempre, seria suposto.
 
Às páginas tantas, os cem mil transformam-se em muitos mais e, caro leitor, ou mantém a sua serenidade ou correrá, mesmo, um enorme risco de se perder em si mesmo.
 
Um livro soberbo que nos provoca, forçosamente, inúmeras e ricas reflexões sobre o que fazemos, quem somos para nós, para os outros e, acima de tudo, a relevância que essas perceções assumem para a nossa (in)felicidade.
 
Comece já a ler.
Boas leituras.
 

Ler(-te) em Português de Dezembro

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Gostei tanto deste desafio a que me propus. Com ele li obras que tenho, quase a certeza, não iria ler de outra forma. Não me perguntem porquê. Sei, no entanto, que agora, estou felicíssima por estar muito mais envolvida na literatura portuguesa e não ficarei por aqui.
Desta forma e numa espécie de círculo, tal como comecei, irei encerrar este «Ler(-te) em Português» com Eça de Queirós, o autor incontornável por todos os motivos e mais alguns.
«A Relíquia» será a obra escolhida pois foram inúmeras as vezes que me falaram nela, cheia de bons comentários. Vamos ler!
 
Obrigada a todos os que acompanharam o desafio e foram comentando, especialmente, a querida Beatriz com as suas apreciadas e sempre pertinentes notas e o Carlos Faria do blogue Geocrusoe (visitem que vale a pena!).
 
Até já!

Convicções

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016


"Eu não preciso de me preocupar com a escola.
Ora essa. Então, porquê?
Porque vou ser rico como o Cristiano Ronaldo." 
 
Conversas superinteressantes com um menino de 8 anos.

 

O Barão de Lavos (Abel Botelho)

sábado, 3 de dezembro de 2016


Esta opinião já vem um pouco atrasada. O livro «O Barão de Lavos», de Abel Botelho, foi a minha escolha para o desafio do «Ler(-te) em Português do mês de Novembro e a verdade é que estamos perante um livro muito delicado. Eu diria, nada fácil.
 
Integrado na trilogia «Patologia Social», este livro retrata o tema da homossexualidade e a pedofilia tendo, inclusive, para alguns, o mérito de ser a primeira obra a retratar aqueles temas.
 
Talvez por esse motivo não seja um livro fácil de interiorizar. Pelo menos comigo não foi.
 
É a história de um homem, D. Sebastião, mais conhecido pelo Barão de Lavos, casado com a Baronesa Elvira que, desde que se conhece, tem uma queda nada subtil por rapazes jovens.
 
Nesse caminho conhece um rapaz de 15 anos Eugénio e estão assim as linhas criadas para imaginarem o que se seguirá. Contudo, temos o efeito surpresa de um Eugénio esperto e interesseiro que a par com a paixão assolapada a inconsciente do Barão, aproveita o à vontade daquele e as suas visitas regulares a casa para alimentar a paixão que despertará, também, à própria Elvira.
 
Que drama, diriam. Eu concordo.
 
Gostei particularmente do pormenor do autor em frisar o interesse da Elvira pela leitura de «Madame Bovary», pois mais do que a paixão homossexual, este livro exulta o adultério nas suas diferentes facetas e a dor, igualmente multifacetada, que imprime a cada um.
 
Quando o Barão descobre a traição do jovem e da sua própria mulher, jamais se conseguirá recompor. Mais amores estarão por surgir, no entanto, acreditem, que mal fadados também.
 
Uma história pesada, eu diria, mas que ainda assim não deixa de nos obrigar a refletir num conjunto de valores, que à data da publicação do livro, hoje em dia, continuam urgentes nesse sentido.
 
Por aí recomendo vivamente a leitura. Como experiência pessoal, nunca é fácil sermos confrontados com a mesquinhez de sentimentos que nos levam para tão longe do suposto...
 
Boas leituras.
 
 
E agora, venha o último desafio! :)

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