Sem rodeios lhe digo que não gostei de ler este livro. Este é um daqueles clássicos casos em que o tema é interessante, o enredo promissor mas o resultado infeliz.
A história é centrada em Guylain Vignolles, um homem solteiro, solitário, conhecido pelas leituras que faz em voz alta nas suas viagens de comboio, todas as manhãs, enquanto se dirige a um trabalho que o repugna. A Coisa é o nome que atribui à máquina com a qual tem de trabalhar e que se dedica, nada mais nada menos, à destruição de livros. Como uma espécie de reivindicação, o homem arranca algumas folhas de livros aleatórios e lê, sem preâmbulos, a todas as pessoas do comboio. A manhã de cada dia.
Um dos aspectos que mais me desagradou passa precisamente pela mudança radical de trajetória do livro. O tema principal, na minha opinião, é totalmente desviado. Permita-me a comparação à mudança de linha de comboio sem se dar conta. Quando dá por si, está bem longo do ponto inicial.
Um dia Guylian Vignolles encontra uma pen drive perdida num dos assentos do comboio. Ao chegar a casa, percebe que tem em sua posse o diário de uma jovem mulher. Lembra-se de lhe ter falado na mudança drástica de trajetória de tema? Pois bem, a culpa é dessa pen. A culpa talvez seja dessa mulher que lhe fez perder o norte, para o encontrar mais tarde nas leituras partilhadas no comboio.
Quando me debrucei sobre esta leitura, ao alegarem esse amor aos livros, pensei que estaria de facto centrada na leitura de um personagem atormentado que via no amor aos livros a sua espécie de redenção. Caro leitor, não se iluda. Este livro não passa pela temática dos livros (talvez metaforicamente), muito menos ao amor pela literatura como a certeza de não estarmos sós. Não. Este é um romance, delineado pobremente, que nos desvia, nos desorienta para, no fim, nos depararmos apenas e só com mais um final feliz de um homem e de uma mulher que (também precariamente) se apaixonam.
Se é um leitor exigente, vai zangar-se um bocadinho.
Acontece, não me dirá?
Seja feliz,
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