Estante de Serviço #2

quarta-feira, 1 de junho de 2016



Angústia Existencial
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Siddhartha
Hermann Hesse
 
Qualquer pessoa que já tenha estado na beira de um penhasco lhe dirá que, juntamente com o medo de cair, existe uma emoção igualmente forte e inteiramente contraditória: a pulsão de saltar. Saber que nada o impede de dar esse salto, o salto para a possibilidade - a perceção de que tem livre arbítrio total, o poder infinito de criar e de destruir - enche-o de horror e de receio. É esse horror, de acordo com Soren Kierkegaard, que está na origem da angústia existencial.
Se tiver a pouca sorte de ter sido atingido por este problema debilitante, está com uma necessidade urgente de uma atualização espiritual. Precisa de reduzir as possibilidades, renunciar ao mundo e juntar-se, pelo menos durante algum tempo, aos ascetas. Precisa de Siddhartha.

Siddhartha, o jovem filho de um brâmane fictício na Índia antiga, transmite alegria a toda a gente - menos a si mesmo. Vivendo uma existência aparentemente idílica, rodeado por uma família que o ama, parece estar destinado a coisas grandiosas. Mas, apesar das sua riqueza material e espiritual, o jovem Siddhartha sente que lhe falta qualquer coisa.
E assim, tal como era prática comum entre os jovens na Índia antiga, parte numa demanda espiritual. Primeiro, junta-se aos Samanas, um grupo de ascetas autoflageladores que negavam a carne e procuravam a iluminação através da renúncia. Totalmente flagelado, mas ainda insatisfeito, encontra Gautama, o Buda, que lhe ensina o caminho em oito partes que ilumina a via para o fim do sofrimento. Não satisfeito apenas com este conhecimento, e desejando atingir o seu objetivo através da sua própria compreensão, conhece Vasudeva, um barqueiro com uma luz interior surpreendente, que parece satisfeito com a sua vida simples. Mas também isto não consegue satisfazê-lo. Mesmo depois de viver uma vida sensual e feliz durante muitos anos com a linda Kamala, ainda falta qualquer coisa a Siddharta. Durante algum tempo considera a morte por afogamento. Mas então lembra-se do surpreendentemente feliz barqueiro Vasudeva e percebe que tem de estudar o rio.
Aí descobre ensinamentos que duram uma vida inteira - incluindo o verdadeiro ciclo da vida e da morte, e o que significa fazer parte de uma unidade intemporal. E desde esse dia ele irradia uma compreensão transcendente, autoconhecimento e iluminação. De todo o mundo vêm pessoas ter com ele em busca de sabedoria e de paz. Pessoas como o leitor.


Li Siddhartha era ainda uma adolescente. Um livro que me deslumbrou, não apenas pela fase de desenvolvimento em que me encontrava, mas sim pela obra magnífica que é. Considero reler um dias destes e recomendo amplamente a toda a gente.
Por aí, quem já leu?
Boas leituras. Terapêuticas.
 
 

2 comentários:

Carlos Faria disse...

Li, gostei mas não entranhei os ensinamentos de Sihddarta, por isso me esqueci de muito do seu conteúdo do livro, lembro-me que pela mesma época li Os Jardins de Luz, de Malouf, e apesar de menos conhecido e sem Nobel me marcou muito mais.

Denise disse...

Preciso de reler porque sinto o mesmo, há muita coisa que não absorvi. Não sei se por ser adolescente ou se pelo quê...
Quanto ao livro que o Carlos fala, há muito que ando de "olho" nele. Falam-me maravilhas.

Boas leituras! :)

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