A meio do caminho da verdadeira vida,
encontrávamo-nos rodeados por uma angustiante
melancolia, expressa por tantas
palavras tristes e deprimentes, no café da
juventude perdida.
GUY DEBORD
"(...) se Louki entrou no Condé pela primeira vez em Outubro, foi por ter rompido com uma parte da sua vida e querer COMEÇAR DE NOVO, como se lê nos romances." (p.17)
O livro de Patrick Modiano, de sensibilidade acrescida e repleto de personagens sofisticadas do ponto de vista psicológico, traz-nos uma história que de tão simples se torna, paradoxalmente, complexa pelos sentimentos que despoletam.
Louki, mulher que surge de um nada em nada vazio, parece capaz de mudar a perspetiva e a vida de todos por quem cruza. Nesse seu mistério de quem diz as palavras erradas mediadas pelo silêncio das corretas. Apenas para os mais atentos.
Uma mulher. Um café. E uma juventude perdida. Em si mesma, ou numa sociedade que terá já pouco para oferecer. Mas mais importante ainda, os meandros de cada um e aquilo que a si mesmo poderá oferecer.
É em Louki que toda essa jornada acelera, e todas as questões nascem como cogumelos em dias de chuva, assim, numa rapidez que estonteia e deseja respostas num aqui e agora, impossível de obter. Impossível. Pois como se pode pôr mão nos afetos de cada um, sem pedir licença para entrar?
"-Nunca compreendi por que razão...Quando amamos verdadeiramente alguém, importa aceitar a sua parte de mistério..." (p.104)
Mundo complicado esse, o teu, Louki. Mundo complicado esse, que engloba toda uma juventude perdida que entre dúvidas e respostas, aqui e além, caminham somente na certeza da dúvida.
Na dúvida de não se escreverem as mais belas histórias. Com fins improvisados à força de um sentir descontrolado, que salta para fora de si mesmo.
Nessa complexa simplicidade.
"Toda aquela claridade cintilava em mim como uma luz, viva, radiosa. E assim será, até ao fim." (p.110)
Patrick Modiano, escritor francês, laureado com o Prémio Nobel de Literatura 2014.
Primeira obra que desbravo.
Em nada insatisfeita.
Recomendo.
Boas leituras.
Ao som de: "Stereophonics - Mr Writer"
2 comentários:
Olá Denise,
Vim "espreitar" o teu cantinho.
Excelentes leituras.
Já comprei "O Pintassilgo" mas ainda não arranjei coragem para o ler. É enorme!
Vou aguardar por Janeiro para um início de ano "em grande".
Bjs.
Obrigada pela visita Teresa!
"O Pintassilgo" é de facto muito grande mas está a ser uma leitura que compensa em muito as quase 900 páginas! ;)
Beijinhos e boas leituras
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