«A vida em surdina», de David Lodge, traz-nos a história de Desmond, professor universitário reformado, na sequência da sua progressiva surdez. Esta será, assim, a história de um homem incapaz de reverter os sinais da sua limitação, inesperada na sua idade.
São muitas as vezes em que nos dizem que a surdez é cómica, a cegueira é trágica. É um pouco nesta base que seguem os desabafos deste (hilariante!) personagem.
Numa fase da sua vida em que acredita ainda ter muito para dar, vê-se resignado aos dias reformados comparativamente à vida profissional da sua mulher, cada vez mais promissora.
O confronto consigo mesmo é inevitável. Pensamentos deprimidos. A saudade de um tempo antigo. O confronto com o seu pai, também ele com problemas de surdez mas que, segundo Desmond, lhe são legítimos. Assim ditam os 80 anos e a validade de qualquer doença.
Será uma jovem estudante, na universidade onde lecionava e onde ainda se dirige várias vezes, que agitará os dias mornos de Desmond. Quando lhe propõe que seja o seu orientador na tese de doutoramento sobre as particularidades das notas de suicídio, o nosso personagem vê na proposta uma janela que se abre. Uma novidade que poderá agitar a vida pacata, monótona que agora vive.
O que não sabia ele é que a jovem estudante surge envolta em mistérios, mentiras gratuitas e curiosidades que viciam. Desmond ver-se-á envolvido numa teia próxima da novela das cinco, sem no entanto, ter o fim à vista.
«A vida em surdina», apesar de retratar um tema que à partida nos inspira compaixão e uma certa tristeza, é um livro verdadeiramente hilariante. Não consigo encontrar palavra que melhor o defina. Desmond é inesquecível pela agilidade do seu pensamento, que não para, dos seus desabafos, que nos fazem rir e a globalidade de questões que nos oferece para refletir. Falamos nas limitações físicas que tantas vezes fazemos questão de pensar que só acontecem aos outros e, depois, as limitações dos corações antigos: que têm vícios, lembranças, memórias que condicionam.
Dizem que é a vida em surdina.
Gostei muito, muito!
O que não sabia ele é que a jovem estudante surge envolta em mistérios, mentiras gratuitas e curiosidades que viciam. Desmond ver-se-á envolvido numa teia próxima da novela das cinco, sem no entanto, ter o fim à vista.
«A vida em surdina», apesar de retratar um tema que à partida nos inspira compaixão e uma certa tristeza, é um livro verdadeiramente hilariante. Não consigo encontrar palavra que melhor o defina. Desmond é inesquecível pela agilidade do seu pensamento, que não para, dos seus desabafos, que nos fazem rir e a globalidade de questões que nos oferece para refletir. Falamos nas limitações físicas que tantas vezes fazemos questão de pensar que só acontecem aos outros e, depois, as limitações dos corações antigos: que têm vícios, lembranças, memórias que condicionam.
Dizem que é a vida em surdina.
Gostei muito, muito!
Seja feliz,
2 comentários:
Recentemente li "Um homem em partes" de Lodge, onde neste caso o protagonista foi uma pessoa real: H. G. Wells, igualmente consegue passar muito humor para o papel, apesar de dar a conhecer muitas ideias ainda hoje chocantes do escritor de ficção científica, pelo que conheço bem o humor irónico e crítico de Lodge, este deve ir na mesma linha. Só espero que não seja tão extenso pois a partir de certa altura começa a cansar.
Se há coisa que este livro não faz, é cansar :)
É daqueles livros que nos inspiram pena por termos terminado.
Gostei muito!
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