Um Sábado com os amigos (Andrea Camilleri)

quarta-feira, 21 de agosto de 2019



Andrea Camilleri nasceu em Porto Empedocle, na Sicília (Itália), em 1925. O autor, falecido recentemente (Julho, 2019) ficou celebremente conhecido com os seus romances policiais particularmente naqueles que acompanham a personagem Montalbano. Além dos seus livros, o autor dedicou grande parte da sua como professor, diretor de teatro e guionista.

Hoje não lhe vou falar de um livro policial mas quase o poderia ser. «Um sábado com os amigos» não é um sábado qualquer e, muito menos, um livro banal para aqueles que se possam iludir com a aparente simplicidade deste título. 

Da sinopse podemos ler o seguinte:
"Seis antigos amigos de escola, bem sucedidos na vida, encontram-se num habitual jantar de sábado à noite. Uma refeição à qual se associa um sétimo amigo que introduz uma inesperada dimensão. Um jantar do qual ninguém sai ileso."

Andrea Camilleri, em pouco mais de 100 páginas, escreve uma história sobre a amizade, os pontos comuns que a fazem nascer e, num último traço, sobre essa complexidade humana tão presente em cada um de nós.

Vejamos o significado de amizade, segundo o Dicionário:

"Relação de entendimento, concordância, afinidade (...)".
Afinidade é a palavra certa para definir aqueles pontos comuns que patrocinam toda e qualquer amizade. Os seis amigos parecem conhecer-se desde sempre, unidos pelas afinidades de todos, pelas suas diferenças, pela trajetória de vida com cada um deles na sombra do outro. 

São muitos os pontos comuns que ligam estas seis pessoas. E uma sétima que, com ela, traz um segredo a lume que todos, uns mais do que outros, desejariam apagar para sempre.

Andrea Camilleri oferece-nos uma história inicialmente conturbada. Imagine o leitor ser atirado ao mar sem saber nadar. O início desta história compara-se a essa sensação, de quem está perdido a tentar encontrar algumas pontas soltas. Na verdade, pontas soltas não faltam. Fica antes a vontade de encontrar o tal ponto comum que poderá resolver este (aparente) mistério.

Será só nas últimas páginas, em que o autor se dedica a contar-nos um pouco mais sobre cada um dos amigos, que o leitor sente ter encontrado novamente terra firme onde se apoiar. É nesse momento que percebemos realmente o quanto uma amizade carece de simetria, de pontos comuns que acalmam dores, igualmente, comuns.

Apesar de ser um livro pequeno, de leitura acessível, «um sábado com os amigos» é uma história bem construída sobre o poder da infância como preditor de futuros, da amizade como espelho e da vida que sempre arranja uma forma de saldar contas antigas.

Gostei muito!





Seja feliz, com muitos amigos.

Sem comentários:

CopyRight © | Theme Designed By Hello Manhattan