O Perfume - História de um Assassino (Patrick Süskind)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

As meninas guardam flores entre os cadernos na certeza de que, assim, o seu perfume perpetuará nas folhas imaculadas.
Os amantes percorrem as zonas desconhecidas dos corpos pelo convite do seu perfume, imortalizado na sua mente, no seu coração.
Poderão os dias arrastar-se a anos. As ruas mudarem. As cores das montras alterarem. Os passos ficarem mais lentos, as memórias atenuarem, mas se o vento trouxer esse perfume, guardado carinhosamente num pescoço que, outrora, quis encantar, tudo pára e regride.
Os dias retrocedem. As ruas voltam a ter a mesma cor. As montras ganham aquele brilho e roubam sorrisos fáceis. Os passos pequenos e cansados são agora transformados numa veloz corrida de encontro a um tempo perfumado, de memórias felizes. Nesse pescoço, nesse recanto onde tudo era tão protegido, em que te amei e memorizei.
A ingratidão de um relógio é cortante como o gelo de um cínico Inverno. Corre e leva com ele a bagagem amealhada, duramente conquistada pelos anos.
O que dizer de ti, Grenouille, capaz de matar?
O que dizer de mim, Grenouille, capaz de te amar?
Dizem que apenas morremos no coração de alguém. E no meu, estás vivo.
Se como eu, incapaz de ser notada, me banhaste nesse perfume perfeito, por ti feito, como poderia eu, jamais, negar-me a esse doce egoísmo de te amar?

Dedicado ao expoente máximo do amor: a loucura.
Texto inspirado numa possível apaixonada de Grenouille, também ela nascida sem qualquer cheiro.


Ao som de: “O Perfume – A História de Um Assassino” (Banda Sonora)

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