Homens imprudentemente poéticos (Valter Hugo Mãe)

quinta-feira, 10 de novembro de 2016


Precisei de tempo para, depois de ler este livro, refletir sobre ele, voltar a ele e, só depois, decidir-me a escrever meia dúzia de palavras.
Não há muito a dizer.
 
A escrita de Valter Hugo Mãe parece uma criança, tendo ele Mãe no próprio nome para me convencer ainda mais do que digo, pois esta criança cresce desmedidamente a cada livro que nasce. Há poesia e uma ímpar beleza em tudo o que faz. Se vai ler um livro de VHM saberá, com toda a certeza, que se deslumbrará pela sensibilidade de uma escrita que não encontra, assim, como quem procura debaixo de uma pedra. Numa floresta por aí.
 
Curiosamente, tudo aqui acontece numa floresta no Japão que vê em si mesma a inimizade de dois vizinhos (um artesão e um oleiro) que, sem saberem muito bem os motivos, a alimentam com fogos de vista. Nada mais tendo à mão, alimentam o vazio da saudade pela certeza da intriga e do mal em medida certa.
 
O que une então estas duas pessoas é tão, simplesmente, um amor desmedido. Não entre eles, não. Mas pelas suas mulheres distintas. E pelo reflexo que a saudade alheia lhes comove, lhes zanga e revolve ainda mais a incapacidade de agir.
 
Se tentasse definir eu diria que o novo livro de Valter Hugo Mãe é um vislumbre de mecanismo de defesa dos que amam demais. Como disse, uma mera tentativa.
 
Não deixe de ler. E tente você mesmo.
Boas leituras.
 

2 comentários:

Carlos Faria disse...

Sim, concordo com o lirismo da prosa e das ideias na obra de VHM, não li o anterior romance dele por pensar que me seria deprimente, mas estou interessado no conteúdo deste, mais agora depois deste post.

Denise disse...

Olá Carlos :)

Há sempre uma grande probabilidade de nos confrontarmos com essa profundidade e tristeza nas obras de VHM. Mas o melhor é que nunca nos defrauda quando decidimos arriscar. Espero que goste!

Ótimas leituras

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