«De amor e de sombra», o segundo livro de Isabel Allende, retrata a história de um grande amor entre Irene e Francisco ladeado pelas sombras da ditatura chilena de Augusto Pinochet.
Irene foi criada com muitas condições, apesar de posteriormente o seu pai ter abandonado a mãe e ambas, de certa forma, à sua sorte. Já Francisco conheceu sempre a miséria e o estatuto que sempre desejou alcançar foi fruto de um árduo esforço.
Um mulher e um homem de esferas sociais completamente distintas que se apaixonam. Tudo isto poderia definir muitas outras histórias, contudo, Isabel Allende escreve uma história de amor intemporal de tão bonita, nessa sombra política encabeçada por Pinochet que, segundo pesquisas dos número oficiais, cerca de três mil pessoas foram assassinadas durante a sua governação.
A história deste livro marca esse tempo de ditadura através da escrita limpa, direta e tantas vezes incisiva de Allende. O simbolismo e o misticismo encontram-se, igualmente, lado a lado, nesta que é uma característica marcante da autora.
A história deste livro marca esse tempo de ditadura através da escrita limpa, direta e tantas vezes incisiva de Allende. O simbolismo e o misticismo encontram-se, igualmente, lado a lado, nesta que é uma característica marcante da autora.
Francisco estudou Psicologia mas não consegue trabalhar na área de forma sustentável. Acaba por concorrer a um trabalho de fotografia numa redação, local esse onde conheceu Irene. A amizade entre os dois cresceu depressa. Para Francisco, o amor explodiu-lhe na cara pela impossibilidade de se materializar: Irene está noiva desde adolescente.
Isabell Allende é exímia a escrever amores. A forma como o faz separa-nos facilmente da consciência pesada para nos focarmos, apenas e só, na alma dos personagens. Isso é muito bonito e nada fácil de ser feito.
Após um trabalho de investigação sobre a jovem Evangelina, tida pela povoação como uma Santa capaz de grandes milagres, a união de Francisco e Irene cresce ainda mais. A cena de amor entre os dois é, talvez, uma das mais bonitas que já li. Porque sim, caro leitor, o amor de ambos materializa-se, não o vou esconder e espero que não se importe com o atrevimento de quem já conta de mais. A descrição deste amor assemelha-se às frutas maduras, que de tanto terem esperado, caem rendidas aos pés da árvore. O tempo e a espera como certezas de um amor que tinha de crescer, forçosamente.
O leitor acompanhará as desafiantes aventuras deste casal em busca de uma dura verdade. Falo de verdades ocultas por um governo muito sombrio, capaz das maiores atrocidades.
«De amor e de sombra», mais do que uma linda história de amor, é também a história de um país, de um governo e, por fim, de sobrevivência.
Seja feliz,
2 comentários:
Uau! Adorei a opinião (como sempre)! Gosto imenso desta escritora e tu conseguiste passar para palavras exactamente aquilo que ela é!
Ainda não li este livro...fiquei com muita curiosidade.
Beijinhos e boas leituras
Obrigada Kel!
Esta autora é tão especial.
Dela li «A Casa dos Espíritos», «Paula» e o presente.
De todos, creio que «A Casa dos Espíritos» ainda se mantém firme na minha preferência :)
Beijinho e muitas leituras!
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