Normal People (Sally Rooney)

quarta-feira, 1 de abril de 2020


«Normal People», de Sally Rooney, é uma daquelas histórias simples mas que na sua simplicidade nos traz uma imensidão de aprendizagens ou, melhor ainda, uma reciclagem de assuntos aprendidos, muitas vezes, à força de muito sofrimento.

Creio que ninguém esquece o primeiro amor, seja lá o que isso signifique de amar aos 14, aos 17, aos 22 ou aos 32 anos de idade. Parece que o amor, tal como a gente, vai crescendo, vai-se complicando de forma gradual, vai atenuando inseguranças, alimentando outro género de medos, vai girando na mesma intensidade dos corações perdidos, que se encontram, que se perdem outra vez. Por aí vai, um caminho sinuoso com um único destino: a certeza de um amparo, a certeza de que gostem de nós como somos, normais. E tudo o que é normal, tem o seu grau de anormalidade. Quem for amado nessa proporção, encontrou o destino.

Em «Normal People» conhecemos a história de Marianne e de Connell. O único ponto em comum de ambos é a mesma escola que frequentam. A mãe de Connell trabalha na casa de Marianne e é nos espaços de tempo em que jovem vai buscar a mãe de carro, que se cruza com Marianne e as conversas vão nascendo, aumentando de interesse, até ao momento em que um sentimento maior do que as diferenças dos seus mundos, lhes explode nas mãos.

Poderia ser apenas, e só, mais uma história de amor. Com muitos clichés à mistura. A verdade é que sim, esta é uma história de amor mas a forma como a autora desenvolve esses esperados clichés faz toda a diferença no trajeto deste casal que, ao longo de vários anos, se afasta para sempre, mas sempre, se voltarem a cruzar. Destino? O tal destino?

Nunca saberemos e isto porque em assuntos de amor, a tendência humana a controlar nunca resulta. Em assuntos de amor só mesmo o destino é que grita a hora de chegada e a hora de partida. Saber deixar ir é prenúncio das verdadeiras histórias de amor.

Marianne parece saber isso melhor do que ninguém.

Uma leitura muito interessante, recomendo.




Seja feliz,

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