The best we could do (Thi Bui)

terça-feira, 28 de abril de 2020


Seriam inúmeras as definições que poderíamos encontrar para definir a «família». Do dicionário, destaco esta, em específico:

"Conjunto de todos os parentes de uma pessoa e, principalmente, dos que moram com ela."
É que, para mim, família é casa. «Casa» torna-se o sinónimo único de uma palavra que se ramifica nos dias rotineiros (e tão cheios) de quem vive numa casa partilhada. De quem partilha a memória de ter visto os primeiros passos daquele bebé, mais tarde, o primeiro dente. O irmão mais velho que nasce. O avô que morre. A mãe que, mesmo cansada, espalha o sorriso que tranquiliza.

Thi Bui, nesta que é uma autobiografia, desenha e escreve na perfeição o verdadeiro significado da palavra «família» que, associada a essa ideia de casa que conforta, nos transporta também para a ideia de alicerce. Se uma casa jamais poderia ser construída pelo telhado, também a família jamais poderia ser construída por nada que não seja o amor de quem ali vive. O afeto como alicerce, como a memória que perdura, independentemente dos maus momentos que a vida, tão prontamente, nos ensina que sempre haverá. Resta aprender a dar a esses momentos novos significados, aprender, perdoar e crescer para lá dos traços da infância, sempre mais marcados que todos os outros.

Este livro começa no momento em que a jovem Thi Bui dá à luz o seu primeiro filho. A entrada na maternidade, que nunca se prepara na plenitude, acaba por a afogar numa nostalgia quente do amor da sua mãe, agora melhor compreendido. Totalmente compreendido, agora.

É a partir dessa nostalgia e do receio esperado de ter um bebé nos braços, que as reminiscências sobre a sua família tomam lugar. Esta é a sua história, a história de uma família vietnamita e todas as aventuras e desventuras a que se sujeitou por um lugar ao sol. Desde abandonar a sua terra, partir para os Estados Unidos, viver de perto a guerra, a fome e o desespero, são apenas alguns dos marcos que o leitor visitará.

Há uma constatação do verbo chorar neste livro. É uma constatação, até para os corações mais seguros, que chorar é verbo que se aplica e mistura por parte do leitor, na história de Thi. É impossível, repito, mesmo que tenha um coração mais seguro, não chorar perante crianças que viveram (e infelizmente um cenário que ainda hoje se vive) a fome de perto, o medo incessante e o desespero da separação.

E tal como a manhã precisa da noite para ganhar forma, também será através do desespero desta família e, na mesma medida, a força intrínseca de um casal em superar tudo pelo bem-estar dos filhos, que a luz da esperança surge no momento em que fechamos o livro.

É um livro emocionalmente (e historicamente) carregado e que, paralelamente, nos liberta do fardo de quem ousou refletir sobre a dor para, naquele momento desejado, sentir a esperança de que também as coisas más passarão. A História sangrenta que viveram. As guerras. As dores.

É verdade quando lemos que este livro tem o poder de nos partir o coração e, ao mesmo tempo, curá-lo. Essa cura é feita de esperança e dores transformadas.

Belíssimo, para ler e reler.


Conjunto de todos os parentes de uma pessoa, e, principalmente, dos que moram com ela.

"família", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/fam%C3%ADlia [consultado em 28-04-2020]

Conjunto de todos os parentes de uma pessoa, e, principalmente, dos que moram com ela.

"família", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/fam%C3%ADlia [consultado em 28-04-2020].
Conjunto de todos os parentes de uma pessoa, e, principalmente, dos que moram com ela.

"família", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/fam%C3%ADlia [consultado em 28-0
Seja feliz,

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